Um relato de experiência do Ambulatório de Cuidados Paliativos da Universidade Católica de Pelotas/RS
Bianca Oliveira Seberino e Luísa Barin Menezes
Universidade Católica de Pelotas
Os cuidados paliativos, apesar das evidências científicas que demonstram a melhora da qualidade de vida dos pacientes, ainda requerem estratégias para uma implementação eficaz no sistema de saúde. Assim, a Resolução CNE/CES nº 3, de 11/2022, alterou a resolução que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina em 2014, inserindo no Art. 6º, o inc. III: “Conhecimentos, competências e habilidades da assistência ao paciente em cuidados paliativos”, medida importante para efetivar essa implementação. Atendendo a essa resolução e, reconhecendo a relevância do tema, a Universidade Católica de Pelotas oferece a disciplina de Cuidados Paliativos, com aulas teóricas e atividades práticas no Ambulatório de Cuidados Paliativos. Dessa forma, esse trabalho objetiva relatar a experiência de acadêmicos da medicina em um atendimento neste ambulatório, ilustrando a importância dessa disciplina no currículo dos cursos de Medicina. O ambulatório recebe pessoas encaminhadas pelas Unidades Básicas de Saúde, as quais agendam uma consulta. O paciente é primeiramente atendido pelos acadêmicos, que realizam a anamnese e exame físico. Após, discutem o caso e recebem a orientação de uma equipe multiprofissional, retornando à consulta com a conduta para esse paciente. Em uma dessas consultas, foi atendido um senhor de 66 anos, ex-tabagista, ex-etilista, ex-usuário de drogas, ex-morador de rua, portador de HIV e diagnosticado com um tumor maligno cerebral. Ele utilizava cadeira de rodas, sonda nasogástrica e fraldas e estava consciente, interagindo bem, apesar da dificuldade para falar. Contava com o apoio do irmão, que o havia retirado das ruas. Ele foi acolhido e por meio da conversa, procurou-se compreender sua visão sobre sua condição, de forma a auxiliá-lo diante do sofrimento. Essa experiência foi extremamente importante, pois levou à reflexão sobre o sentimento de que não se estava fazendo muito pelo paciente, apesar de proporcionar-lhe alívio e conforto para o sofrimento físico, psicológico, emocional e espiritual. Assim, ficou compreendida a importância da inserção dos acadêmicos de Medicina nos cuidados paliativos, com o propósito de, em vez de focar apenas na cura, buscar aliviar a "dor total" oferecendo um cuidado integral e humanizado aos pacientes.
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