Introdução:
O uso da pele de tilápia no tratamento de queimaduras representa uma inovação promissora na medicina regenerativa. As queimaduras são responsáveis por cerca de 180.000 óbitos por ano em países de baixa e média renda, como o Brasil, onde, entre 2015 e 2020, ocorreram 19.772 mortes devido a queimaduras, com destaque para as térmicas (53,3%) e elétricas (46,1%). As queimaduras causam desfiguração, incapacidade física e, em casos graves, morte, tornando essencial o estudo de novos tratamentos.
Em 2011, o cirurgião Marcelo Borges sugeriu o uso da pele de tilápia, subproduto rico em colágeno, no tratamento de queimaduras. Ela adere melhor à pele queimada, evita a perda de líquidos e proteínas e acelera a cicatrização. Até agora, 350 pacientes no Brasil foram tratados com esse método, que promete ser uma alternativa viável aos curativos tradicionais. A certificação da técnica pela ANVISA permitiria seu uso no Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo tratamento mais acessível, com menores custos e melhores resultados.
Objetivos:
Avaliar a eficácia da pele de tilápia como curativo oclusivo, verificando seu impacto na cicatrização, redução de dor e prevenção de infecções em queimaduras de 2º e 3º grau. Outro objetivo é propor a regulamentação desse tratamento pelo SUS, visando acessibilidade.
Metodologia:
O estudo incluiu 350 pacientes com queimaduras de 2º e 3º grau. O grupo tratado com pele de tilápia foi comparado ao que recebeu curativos tradicionais. Os resultados foram avaliados quanto ao tempo de cicatrização, dor, infecções e custos, em três momentos: início, 15 e 30 dias após o tratamento.
Resultados:
A pele de tilápia demonstrou uma melhora significativa na cicatrização, com redução de dor e menor formação de cicatrizes. Cerca de 85% dos pacientes relataram que o curativo de tilápia teve uma aderência superior em comparação com métodos sintéticos, reduzindo a perda de líquidos e proteínas. Além disso, o tempo de internação foi menor, resultando em custos reduzidos. A satisfação dos pacientes e fisioterapeutas foi alta, destacando a recuperação funcional mais rápida. O desafio, porém, é garantir a regulamentação e ampliação do uso no SUS.
Conclusão:
O uso da pele de tilápia é uma alternativa eficaz no tratamento de queimaduras graves, promovendo cicatrização mais rápida, menor dor e custos reduzidos. A regulamentação desse tratamento é essencial para ampliar seu acesso pelo SUS e garantir melhores resultados para pacientes com queimaduras no Brasil.
Comissão Organizadora
Taynah de Sousa Rodrigues da Cunha
Rafael Pinto Silveira
Comissão Científica