Violência obstétrica contra as camponesas: um olhar desde a comunidade Riacho dos Cavalos, Monte Alegre PI

Violência obstétrica contra as camponesas: um olhar desde a comunidade Riacho dos Cavalos, Monte Alegre PI

• Autor
• Vanessa Borges Tavares de Sousa
• Resumo

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  RESUMO

  Ao longo de toda história a mulher foi invisibilizada, menosprezada e desvalorizada. A lógica colonialista e patriarcal  impôs à mulher a condição de escravas sexuais, mães de leite dos filhos de seus senhores, e até mesmo, a condição de cobaias para procedimentos médicos, a exemplo do caso do renomado médico James Marion Sims considerado o “pai da ginecologia moderna”, que ao longo de sua carreira realizava procedimentos cirúrgicos ginecológicos sem anestesia, mesmo já existindo o medicamento na época, em três de suas escravas, mulheres negras compradas por ele para serem cobaias. No Brasil colônia também se têm relatos de que a primeira cesariana foi feita como experimento, sem anestesia, em uma mulher negra escrava do médico José Correia Picanço. E nesse contexto de violência obstétrica podemos concluir ao logo de tantos relatos que essa prática desumana se perdura ao longo de toda nossa história e esta pesquisa buscou analisar a violência obstétrica sofrida por camponesas da comunidade Riacho dos Cavalos, em Monte Alegre, PI. A pesquisa é de cunho qualitativo, todos os relatos aqui apresentados foram consentidos pelas vítimas por meio de um termo de uso de seus relatos, também se fundamentou em teorias descoloniais para análise da temática. Foram realizadas rodas de conversa e entrevistas abertas com as camponesas da comunidade que se sentiram confortáveis para relatar suas experiências. Os resultados da pesquisa mostraram que o parto é um processo natural, que a cada dia vem sendo colonizado pela lógica capitalista, e consequentemente, aumentando os casos de violência obstétrica, a exemplo da episiotomia feita sem anestesia em mulheres camponesas, e os profissionais alegando que a dor do parto já é uma anestesia. Outros exemplos são as frases ditas pelos profissionais como “na hora de fazer você não gritou”; “se fizer escândalo mãezinha, o doutor vai deixar você sofrendo aí sozinha”. São diversos relatos como estes que nos impulsionaram no desenvolvimento desta pesquisa, que evidenciou as situações de violência obstétrica sofridas pelas camponesas. Além da visibilidade desses casos de violência, a pesquisa buscou refletir com as camponesas a necessidade de denunciar a violência, bem como o reconhecimento de seus direitos. Para isso, por dentro de um projeto de extensão, apresentamos cartilhas/ documentários sobre violência obstétrica dentro da comunidade Riacho dos Cavalos.

   

• Palavras-chave
• Violência obstétrica, Mulheres, Camponesas.
• Área Temática
• Transformações nos modos de vida, violência e formas de resistência no meio rural brasileiro