A COVID-19 foi detectada em Wuhan, China, em dezembro de 2019, em março de 2020 a doença tornou-se uma pandemia (DONG et. al., 2020). O Brasil teve seu primeiro caso confirmado em fevereiro, desde então a doença tem se espalhado rapidamente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a transmissão do Covid pode ocorrer pelo ar ou pelo contato com as secreções de pessoas contaminadas. A forma de contágio foi o fator preponderante para a rápida evolução dos índices de contaminação da doença em todo o mundo. É nesse contexto, que surge a possibilidade da utilização de ferramentas de análises espaciais para avaliar a propagação da doença, o que possibilita a manipulação e os estudos de dados espaciais em diferentes setores, permitindo extrações de informações que auxiliam em tomadas de decisões importantes [1]. Essas análises são viabilizadas pela existência de um banco de dados geográficos que são elementos fundamentais do Cadastro Territorial Multifinalitário (CTM). O desenvolvimento do CTM propicia ao município um bom conhecimento territorial, e permite utilizar os produtos cartográficos no processo de gerenciamento territorial [2]. Ademais, a importância do CTM é evidenciada, pela principal medida de controle e prevenção da doença, ser o isolamento social, o que torna ainda mais necessário a análise do ambiente construído, o adensamento populacional e a aglomeração domiciliar. Diante dos aspectos apresentados, o objetivo do trabalho é georreferenciar os casos testados positivos para a doença de cinco municípios brasileiros, Barão de Cocais (32.485 habitantes), Bom Despacho (50.065 hab), Conceição do Mato Dentro (17.842 hab) e Viçosa (78.846 hab), localizados no estado de Minas Gerais e Jacobina (80.518 hab), localizado na Bahia e analisar espacialmente, empregando as informações provindas do CTM [3]. Através de dados disponíveis nos Boletins Cadastrais dos Imóveis (BCI), como o número de moradores por unidade, área total construída, padrão das edificações, além dos dados geográficos e dados disponibilizados pelos municípios, será possível avaliar a relação do índice de contaminação e as variáveis que compõem o CTM. A escolha dos municípios está relacionada, com a facilidade de acesso aos dados do cadastro territorial, que vem sendo desenvolvido nessas cidades em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV). Os municípios analisados apresentam características distintas em termos econômicos, sociais e demográficas, além de divergirem na forma de controle e combate do COVID-19. De forma geral, existiram apenas algumas divergências devido às particularidades regionais. Barão de Cocais, por exemplo, é uma cidade histórica, e seus principais pontos turísticos tiveram visitas suspensas. Além disso, a cidade adotou o rodízio do CPF (cadastro pessoa física), cujo principal objetivo era limitar o fluxo de pessoas nas ruas, sendo cada dia da semana destinado a um grupo de dígitos inicias do CPF. Os comércios caracterizados como serviços não essenciais, tiveram suas atividades suspensas [4]. Essas medidas foram semelhantes a conduta de Viçosa, que também adotou o rodízio de CPF [5]. Outra medida adotada por Viçosa, foi o estabelecimento de barreiras sanitárias, instaladas antecipadamente, em 20 de março de 2020, e a criação do Telesaúde Covid como central de atendimento e monitoramento da população, evitando idas aos hospitais desnecessárias. Outro fator preponderante, foi a suspensão das aulas da UFV, diminuindo o fluxo de pessoas [6]. Já em Bom Despacho, o funcionamento do comércio foi suspenso por um curto período, depois houve liberação com medidas de prevenção e distanciamento de dois metros, principalmente em restaurantes. Por fim, as cidades de Conceição do Mato Dentro [7] e Jacobina [8] possuem como atividade econômica principal a mineração, apesar de adotarem as barras sanitárias, a primeira não determinou o fechamento do comércio, enquanto a segunda manteve apenas o comércio essencial em funcionamento por um período. Apresentado os aspectos das medidas de prevenção, na primeira parte da pesquisa foram avaliadas a correlação entre os casos confirmados da doença e a distância dos municípios à capital do seu estado, a distância dos municípios a cidades grandes próximas, a área dos municípios e o número de habitantes de cada município. A definição das variáveis, nesse primeiro momento, se deu em função do aspecto de contágio da doença estar relacionado ao fluxo de pessoas, dos índices de aglomerações, disponibilidade e acesso aos dados, e também pelo sigilo de dados específicos, como o endereço das pessoas testadas positivo. Dessa forma, utilizaram-se métodos comparativos diretos, e o software GeoDa para realização da regressão espacial, considerando como variável dependente o número de casos confirmados, e variáveis independentes: número de habitantes, distância do município a capital do estado, ou ao polo econômico regional. Pelos resultados alcançados nessa primeira etapa, observa-se que Viçosa-MG, apresenta o menor número de casos em relação ao número de habitantes (1 a cada 333 habitantes). A rigidez adotada no combate a disseminação do vírus e a colaboração da população, são as principais justificativas. Em contrapartida, Conceição do Mato Dentro, possui uma alta relação do número de casos confirmados (1 a cada 30 habitantes); a continuidade das atividades mineradoras sem medidas de proteção, pode ser o fator preponderante para a disseminação. Os resultados alcançados pela regressão espacial, indicam uma maior relação entre o número de habitantes e os casos notificados, que as outras variáveis analisadas, como a área e as distâncias entre os municípios. Nesse sentido, uma das variáveis a ser considerada, na continuidade da pesquisa, será o número de habitantes em cada parcela, com o intuito de avaliar a influência do número de habitantes nos números de casos especializados em cada município. Em síntese, pode-se dizer que a análise da propagação da doença é complexa e variáveis qualitativas, como, as medidas administrativas tomadas por cada município, tem grande interferência na propagação, e essas não foram incluídas na análise de regressão espacial. A modulação de equações em que maior número de variáveis são consideradas, analisando os dados dos BCIs de cada município, pode contribuir de maneira significativa para clareza em relação a disseminação da doença. Ademais, a CTM permitirá a produção de mapas dinâmicos destinados à representação da dispersão da doença, que poderão auxiliar na análise das variações das distribuições espaciais.
Os trabalhos aprovados para publicação nos Anais do CONEA 2020, foram classificados em três áreas de conhecimentos no âmbito da engenharia de agrimensura. Em cada dia do CONEA 2020 teremos uma sessão de apresentação dos trabalhos, em cada uma dessas áreas:
Dia 25/11/2020 - 17h30 às 18h50 - Sessão de apresentação de trabalhos - Cadastro Territorial
Dia 26/11/2020 - 17h30 às 18h50 - Sessão de apresentação de trabalhos - Topografia e Geodésia
Dia 27/11/2020 - 17h30 às 18h50 - Sessão de apresentação de trabalhos - Cartografia, Mapeamento, Sensoriamento Remoto, SIG
Em cada dia e horário da respectiva sessão, um dos autores precisa estar on line, no link a ser divulgado, para responder perguntas e prestar esclarecimentos sobre o trabalho, conforme demandas dos participantes do CONEA 2020. Não haverá apresentação específica de cada trabalho. Em cada sessão, um moderador fará uma apresentação geral dos trabalhos (título, autores, e comentários genéricos), podendo ser solicitado algum esclarecimento aos autores, em breve intervenção. Na sequencia teremos o momento de interação dos autores com os participantes do evento. Os autores estarão participando da sessão com áudio e vídeo. Os participantes farão as perguntas e comentários, via chat.
Todos os Resumos dos trabalhos aprovados já estão disponibilizados no site do evento, na aba "Anais". Recomenda-se aos participantes do CONEA 2020 uma leitura prévia dos trabalhos conforme área de interesse, possibilitando assim uma interação mais produtiva.
Agradecemos a participação de todos!
Comissão Científica do CONEA 2020
Coordenação:
Artur Caldas Brandão – UFBA
Lucas Cavalcante – UNIT
Vanildo Rodrigues – UNESC
Demais membros:
Carlos Antonio Oliveira Vieira – UFSC
Claudionor Ribeiro da Silva - UFU
Elder Sanzio Aguiar Cerqueira – UFJF
Elmo Leonardo Xavier Tanajura – UFBA
Everton da Silva – UFSC
Fabiano Peixoto Freiman – UFBA
Hugo Schwalm – UNESC
Leonard Niero da Silveira – Unipampa
Leonardo Campos Inocêncio - Unissinos
Luiz Guimarães Barbosa – UFRRJ
Niel Nascimento Teixeira – UESC
Paulo de Oliveira Camargo - UNESP
Reginaldo Macedônio da Silva – UFRGS
Régis Fernandes Bueno – GeoVector
Ronaldo dos Santos da Rocha – UFRGS
Silvio Jacks dos Anjos Garnés – UFPE
Suzana Daniela Rocha Santos e Silva – UFBA
COMISSÃO ORGANIZADORA do CONEA 2020:
Walterwilson Carvalho Leite – FENEA
Vanildo Rodrigues - FENEA/UNESC
Joseval Costa Carqueija - FENEA
André Nogueira Borges - FENEA
Ronildo Brandão da Silva - FENEA
Hamilton Fernando Schenkel - FENEA
Solivan Serafim - ACEAG
Marcia Virgínia Cerqueira Santos - ASEAB
Tarcísio dos Reis Vieira - SEAMG
Daniella Rodrigues Tavares - APEAG
Madson Agehab – ASMEA
Marino Nazareno Lopes Sumariva - ACEAG
Artur Caldas Brandão - UFBA
Lucas Cavalcante - UNIT