De acordo com os primeiros estudos realizados no estado de Alagoas destinados a caracterização da cobertura vegetal, no início do século XX, cerca de 52% (14.529 km²) da área referente a unidade federativa, era coberto pelo bioma Mata Atlântica, principalmente os municípios localizados na região litorânea (MOURA, 2016). O Bioma Mata Atlântica abarca grandes centros urbanos, e, consequentemente, apresenta altos índices de degradação florestal advindos do necessário desenvolvimento econômico, baseado principalmente na pecuária e expansão da fronteira agrícola (COSTA; GOMES; DE ALMEIDA, 2014). As fotografias aéreas antigas juntamente com imagens de satélites compõem uma importante ferramenta para estudos de análise multitemporal e caracterização ambiental, uso e ocupação do solo e transformações urbanas, dentro de sistemas de informação geográfica (SIG). Esses conjuntos de dados oferecem importantes informações para cientistas multidisciplinares analisarem o desmatamento das florestas do Bioma Mata Atlântica (BLANCO et al., 2016; NURMINEN, et al., 2015). Sendo assim, este trabalho teve como objetivo utilizar um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para processar dados de sensoriamento remoto e aerofotogramétricos para analisar, num período de 63 anos, o desmatamento das áreas cobertas por mata atlântica no município Jequiá da Praia/AL. Os materiais utilizados neste trabalho foram fotografias aéreas analógicas pancromáticas (P&B) de uma faixa de voo datado de 1955 pertencentes ao acervo do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (CECA/UFAL), escala 1/20.000 e digitalizadas a 1.200 dpi em scanner A3, além de imagens dos satélites Landsat com resolução espacial de 30m obtidas em 1986 e 1995 (Landsat 5), e em 2018 pelo Landsat 8 (RUZGIEN?, BAGDŽI?NAIT?, RUGINYT?, 2012). Foram feitas duas análises para o território de Jequiá da Praia sendo uma para a área recoberta pelas fotos aéreas de 1955, abrangendo apenas 17,68% de toda área do município, e outra análise utilizando imagens de satélite Landsat (1986, 1995 e 2018), abrangeram 100% do território municipal. Além das imagens aéreas utilizou-se também o arquivo vetorial com os municípios de Alagoas (IBGE, 2020). Neste trabalho foram utilizados apenas softwares gratuitos: 1) Stereo Photo Maker para criar os anaglifos dos pares estereoscópios; 2) QGIS (versão 3.4.1) para o pré-processamento das imagens de satélite fazendo a composição RGB com as bandas 5,4,3 para a Landsat 5 e as bandas 6,5,4 para a landsat 8 e classificação foi feita a partir do plugin Semi-Automatic Classification Plugin (SCP) com o algoritmo Maximum Likelihood (Máxima verossimilhança) considerando a classe Vegetação Nativa. Esses mosaicos de anaglifo, foram georreferenciadas utilizando o Datum SIRGAS 2000, o qual é o oficial para o Brasil. No processo de georreferenciamento utilizou-se o Software QGis (versão 3.4.1), e mais especificamente o plugin Georreferenciador GDAL. Foi realizada a adição de pontos homólogos e consequentemente, a inserção de coordenadas UTM nas imagens comprovando que as mesmas realmente pertenciam àquele local, criação de arquivos vetoriais delimitando as áreas de ausência de mata nativa, seleção do arquivo vetorial referente apenas ao município de Jequiá da Praia e cálculo da área desmatada; e 3) Regeemy para gerar o mosaico dos anaglifos previamente georreferenciados pelo QGIS. Além dos softwares também foi utilizado óculos 3D para georreferenciar e mosaicar os anaglifos, assim como para criar arquivos vetoriais a partir dos anaglifos (DISPERATI e OLIVEIRA FILHO, 2005; HAST e MARCHETTI, 2015; BOULOS e ROBINSON, 2009). A análise de todo o território do município de Jequiá da Praia, utilizando apenas os produtos cartográficos 1:200.000 gerados a partir das imagens dos satélites Landsat 5 e 8, mostraram 63,98 km² de presença de mata nativa em 1986, seguida de uma diminuição dessa área para 34,204 km² em 1995 e, por fim, uma área reflorestada com mata de 44 km² em 2018. Para avaliar a precisão dos resultados da classificação dos dados das imagens Landsat 5 e 8 foi utilizado o índice Kappa, o qual apresentou valores classificados como muito bons para os anos de 1986 (0,82), 1995 (0,79) e 2018 (0,80) (QUEIROZ et al., 2017). Em seguida considerando apenas a área abrangida pelos anaglifos (1955), os resultados apresentaram áreas com 58,10 km² de mata nativa em 1955, com uma diminuição para 9,69 km² em 1986, com uma diminuição menos drástica na área de mata para 6,39 km² em 1995 e, finalmente, uma leve diminuição para 5,37 km² em 2018. Já com relação aos produtos cartográficos 1:50.000 gerados a partir da área menor coberta pelos anaglifos, obteve-se valores decrescentes (1955 e 2018) de área desmatada, tendo seu ápice entre 1955 e 1986 e uma desaceleração drástica no desmatamento entre 1995 e 2018. Podemos observar que em ambas análises houve decréscimo das áreas de mata nativa entre 1986 e 1995, provavelmente devido ao Proalcool (Programa Nacional do Álcool) que trouxe um grande aporte financeiro para as Usinas de Açúcar e Álcool do Brasil e do Estado de Alagoas. Já entre 1995 e 2018 observou-se um processo de reflorestamento com mata nativa principalmente nas Áreas de Preservação Permanente (APP), isso devido ao fato da forte pressão dos órgãos governamentais de proteção ao meio ambiente que aplicam multas vultuosas às usinas que não mantém suas APPs cobertas por mata nativa. Estudou-se uma série temporal de imagens aéreas de 63 anos em uma área de Floresta da Mata Atlântica, em Jequiá da Praia/AL. Para este trabalho, a diferença de resolução espacial entre as fotos aéreas e as imagens de satélite teve nenhuma interferência nos resultados encontrados, já que toda a área coberta pelas fotos aéreas apresentou 100% de cobertura com a classe mata atlântica. Apesar da dificuldade encontrada nesse trabalho, visto que foram utilizadas imagens de satélite com baixa resolução e fotos oriundas de levantamentos aerofotogramétricos sem informações e parâmetros técnicos como fotoíndice, tipo de câmera, distância focal e pontos fiduciais que permitissem sua ortorretificação, a precisão dos resultados estão de acordo com expectativas teóricas e práticas. Recomenda-se a continuação da pesquisa de novas fotos e informações técnicas referentes ao levantamento aerofotogramétrico de 1955 visando preencher todo o território do município de Jequiá da Praia, assim como, disponibilizar essas informações aos poderes públicos para uso em políticas públicas direcionadas a manutenção e expansão das áreas de mata nativa no Bioma Mata Atlântica.
Os trabalhos aprovados para publicação nos Anais do CONEA 2020, foram classificados em três áreas de conhecimentos no âmbito da engenharia de agrimensura. Em cada dia do CONEA 2020 teremos uma sessão de apresentação dos trabalhos, em cada uma dessas áreas:
Dia 25/11/2020 - 17h30 às 18h50 - Sessão de apresentação de trabalhos - Cadastro Territorial
Dia 26/11/2020 - 17h30 às 18h50 - Sessão de apresentação de trabalhos - Topografia e Geodésia
Dia 27/11/2020 - 17h30 às 18h50 - Sessão de apresentação de trabalhos - Cartografia, Mapeamento, Sensoriamento Remoto, SIG
Em cada dia e horário da respectiva sessão, um dos autores precisa estar on line, no link a ser divulgado, para responder perguntas e prestar esclarecimentos sobre o trabalho, conforme demandas dos participantes do CONEA 2020. Não haverá apresentação específica de cada trabalho. Em cada sessão, um moderador fará uma apresentação geral dos trabalhos (título, autores, e comentários genéricos), podendo ser solicitado algum esclarecimento aos autores, em breve intervenção. Na sequencia teremos o momento de interação dos autores com os participantes do evento. Os autores estarão participando da sessão com áudio e vídeo. Os participantes farão as perguntas e comentários, via chat.
Todos os Resumos dos trabalhos aprovados já estão disponibilizados no site do evento, na aba "Anais". Recomenda-se aos participantes do CONEA 2020 uma leitura prévia dos trabalhos conforme área de interesse, possibilitando assim uma interação mais produtiva.
Agradecemos a participação de todos!
Comissão Científica do CONEA 2020
Coordenação:
Artur Caldas Brandão – UFBA
Lucas Cavalcante – UNIT
Vanildo Rodrigues – UNESC
Demais membros:
Carlos Antonio Oliveira Vieira – UFSC
Claudionor Ribeiro da Silva - UFU
Elder Sanzio Aguiar Cerqueira – UFJF
Elmo Leonardo Xavier Tanajura – UFBA
Everton da Silva – UFSC
Fabiano Peixoto Freiman – UFBA
Hugo Schwalm – UNESC
Leonard Niero da Silveira – Unipampa
Leonardo Campos Inocêncio - Unissinos
Luiz Guimarães Barbosa – UFRRJ
Niel Nascimento Teixeira – UESC
Paulo de Oliveira Camargo - UNESP
Reginaldo Macedônio da Silva – UFRGS
Régis Fernandes Bueno – GeoVector
Ronaldo dos Santos da Rocha – UFRGS
Silvio Jacks dos Anjos Garnés – UFPE
Suzana Daniela Rocha Santos e Silva – UFBA
COMISSÃO ORGANIZADORA do CONEA 2020:
Walterwilson Carvalho Leite – FENEA
Vanildo Rodrigues - FENEA/UNESC
Joseval Costa Carqueija - FENEA
André Nogueira Borges - FENEA
Ronildo Brandão da Silva - FENEA
Hamilton Fernando Schenkel - FENEA
Solivan Serafim - ACEAG
Marcia Virgínia Cerqueira Santos - ASEAB
Tarcísio dos Reis Vieira - SEAMG
Daniella Rodrigues Tavares - APEAG
Madson Agehab – ASMEA
Marino Nazareno Lopes Sumariva - ACEAG
Artur Caldas Brandão - UFBA
Lucas Cavalcante - UNIT