Apresentação: A consolidação da pauta das violências no cenário brasileiro ocorreu em 2001 com a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Em 2010, o conceito das Redes de Atenção em Saúde (RAS) colocou para os serviços de saúde o desafio e a necessidade de integração destes com vistas a integralidade do cuidado do usuário. No enfrentamento da violência contra criança, as redes de saúde compõem as redes intersetoriais, sendo um exemplo a Rede de Proteção que já era preconizada desde o Estatuto da Criança e do Adolescente. A Rede intrassetorial de Enfrentamento é composta pela Atenção Primária à Saúde (APS), além dos Hospitais e serviços de Urgência e Emergência. Esta pesquisa deu ênfase a atuação da Hospitalar como um ponto da rede, pois entendeuse que ela não deve se restringir apenas a atender, diagnosticar e notificar a violência, mas precisa articular-se e integrar-se com a APS e os demais níveis de atenção para a integralidade do cuidado. Diante disso, a pergunta desta pesquisa: Como é a atuação hospitalar dentro da Rede de enfrentamento à Violência contra Criança?
Objetivos: Identificar e compreender as estratégias de intervenção e atuação das instituições hospitalares como ponto de atenção da Rede de enfrentamento à violência contra criança nas últimas duas décadas no Brasil.
Desenvolvimento do trabalho: método do estudo: Estudo exploratório e descritivo realizado através de revisão bibliográfica do tipo integrativa. Para a coleta dos dados foi realizada pesquisa bibliográfica nas bases de dados e selecionados os materiais que estiveram dentro do tempo delimitado para o estudo – 2000 à 2020. Foram inclusos artigos com base na abordagem da atuação do hospital/organização hospitalar/prática profissional diante dos casos de violência contra criança. Não foram incluídos na pesquisa artigos que tratem da atuação da violência contra crianças fora do contexto hospitalar.
Resultados e Discussão: de acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados para a pesquisa 22 materiais, no período de 2005-2020. Com a leitura do material selecionado foram criadas cinco categorias de análise: 1) Políticas Públicas Brasileiras e o enfrentamento da Violência contra Criança na Atenção Hospitalar; 2) Percepção dos profissionais de saúde acerca do atendimento da criança violentada/maltratada no serviços hospitalares; 3) Elementos da Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas famílias em situação de violência presentes (ou não) na perspectiva dos profissionais de saúde que atuam nos serviços hospitalares; 4) Programa de Proteção à Criança (PPC) – experiência do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA); e 5) Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a violência (protocolo) – discussão de/das redes na experiência de Curitiba.
Considerações Finais: No enfrentamento às violências, as RAS estão intimamente relacionadas com o trabalho da rede intersetorial, que precisam ser efetivas para garantir a proteção da criança. O setor saúde como componente do Sistema de Garantia de Direitos precisa direcionar a Rede de Atenção para o Cuidado Integral de Crianças e Adolescentes vítimas de violências, fortalecendo as dimensões do Acolhimento, Atendimento, Registro e Notificação dos casos e o Seguimento por toda a rede de saúde e proteção, como um direito e defesa destas crianças. No campo da Saúde Coletiva, compreender atuação da Atenção Hospitalar nos moldes das RAS faz-se relevante na medida que se correlacionam com a história da Atenção Hospitalar no Brasil e a indução da reestruturação deste nível por meio de das políticas públicas.