É hora de abrir o armário: a percepção da população transexual e travesti com a práxia do cuidado na Atenção Primária à Saúde do Rio de Janeiro

  • Author
  • Paulo Rogério Nunes Barbosa
  • Co-authors
  • Valeria Ferreira Romano
  • Abstract
  • A população transexual e travesti faz parte do grupo de populações vulneráveis, ao qual está rodeada por diversos estigmas sociais, preconceitos e violências diante de uma sociedade com um padrão dominante de heteronormatividade. No campo da saúde, a questão do acesso e do cuidado ofertado são campos sensíveis para o processo de satisfação da população transexual e travesti, que engloba o acolhimento e atendimento não adequado, a fragilidade na qualificação dos profissionais de saúde e na integralidade do processo de cuidado em saúde. Objetivo - Analisar a percepção de travestis e transexuais sobre o cuidado ofertado nos serviços de saúde da APS do município do Rio de Janeiro. Métodos - Pesquisa descritiva/exploratória de natureza qualitativa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número CAAE 69587123.5.0000.5238. Para a coleta e análise de dados foi realizado um método específico que é a entrevista compreensiva. Essa vertente estende o olhar para todo o processo: desde o contato inicial com o entrevistado, o que esse diz (verbalmente ou não), as visitas no campo e tudo o que foi observado nesses momentos. Foram entrevistados 6 pessoas transexuais e travestis, ao qual a busca pelos participantes ocorreu principalmente pela técnica da Bola de Neve até o alcance da saturação dos dados obtidos. Como critério de inclusão, foram selecionadas pessoas transexuais e/ou travestis que já tenham tido contato com alguma unidade de APS no município do Rio de Janeiro. Como critério de exclusão não foram utilizadas para o estudo as pessoas com menos de 18 anos de idade, nem as que morem fora do município do Rio de Janeiro e nem as que tragam durante as entrevistas as suas experiências pessoais de 10 anos atrás. Resultados - Foram identificadas como barreiras à rede formal de cuidados o desrespeito ao uso do nome social nos serviços de Atenção Primária, a frágil qualificação e o desconhecimento amplo das necessidades e singularidades da população transexual e travesti pelos profissionais de saúde. Conclusão: Ainda que tenha ocorrido avanços singelos, as pessoas transexuais e travestis possuem lacunas significativas em relação ao seu processo de cuidado em saúde na Atenção Primária.

  • Keywords
  • Atenção Primária à Saúde; Minorias Sexuais e de Gênero; Populações minoritárias, vulneráveis e desiguais em saúde
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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