A influência da inclusão da família no processo terapêutico de pacientes com transtornos mentais atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial de Itumbiara/Goiás

  • Author
  • Amanda Marques Ribeiro Dias
  • Co-authors
  • Ana Cristina Silva de Novais
  • Abstract
  • A presença de uma rede de apoio para o portador de transtorno mental é algo essencial, sendo assim, buscou-se, neste trabalho, trazer alusões sobre o lugar da família no tratamento. O presente estudo possui como objetivo analisar a participação e a influência dos familiares no processo terapêutico de pacientes com transtornos mentais atendidos em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) localizado na cidade de Itumbiara - Goiás. Participaram deste estudo familiares dos usuários e funcionários do CAPS. Como instrumento para coleta de dados, empregou-se a entrevista semiestruturada. A metodologia adotada para analisar os dados obtidos foi o estudo qualitativo. Identificou-se através deste, então, que a família possui um potencial auxiliador no bom andamento do processo terapêutico dos usuários, entretanto foram apontadas algumas dificuldades para a efetiva participação delas. Dentre as dificuldades relacionadas ao tratamento psicoterapêutico, destacaram-se a sobrecarga familiar decorrente da doença; a pluralidade de sentimentos gerados na família; a culpabilização pela doença do familiar; a falta de preparo diante das crises e o impacto causado no tratamento devido à ausência da família no processo. Após realizar a análise dos dados, das falas coletadas e correlacioná-los com a literatura da área, concluiu-se que a família tem sido vista como uma aliada frente ao processo de tratamento, sendo assim, os resultados indicam que a família é uma unidade social complexa, mas fundamental para o processo de viver de todo ser humano. Embora exista contribuições de algumas pesquisas, ainda há uma carência de estudos voltados a essa temática.

    A doença mental permanece até a atualidade como sendo algo obscuro perante a medicina, ou seja, não há uma causa que realmente a explique. No entanto, o adoecer psíquico é percebido facilmente, pois, de forma geral, são apresentados pelos indivíduos que adoecem comportamentos que diferem daqueles socialmente aceitos como “normais” (SPADINI; SOUZA, 2006). Dessa forma, e por conta do seu mau entendimento perante a comunidade, existe o paradigma da exclusão social, onde a estigmatização da loucura faz com que o sujeito com doença mental perca a sua cidadania. Portanto, entende-se que a doença mental, necessita de assistência adequada, visando a ressocialização do sujeito na sociedade e apoio adequado para ele e para a sua família.

    Na composição da análise dos dados extraídos das falas dos atores sociais, há alguns pontos que são mais prevalentes, entre eles a sobrecarga familiar decorrente da doença; a pluralidade de sentimentos gerados na família; a culpabilização pela doença do familiar; a falta de preparo diante das crises e o impacto da ausência da família durante o tratamento. Conclui-se que a presença da família surge como grupo social organizado e de suma importância no tratamento do paciente. É nela que os vínculos são potencializados, e, portanto, torna-se um fator de proteção. A partir dos expostos, nota-se que a assistência em saúde mental passa por um período de transformação nos modelos de cuidado, muito já foi feito, todavia ainda há muito a se fazer e devemos lutar diariamente por um cuidado mais humanizado e pela configuração de CAPS efetivo. Concluo que, quando nos propormos a nos desprender de nossos conceitos preestabelecidos começarmos a escutar esses sujeitos, dar voz ao denominado “louco”, que já é silenciado, percebemos que a loucura antes de ser uma doença, é uma experiência humana – e como tal deve ser considerada e tratada. Isso nos desafia e nos ensina a pensar.

     

     

  • Keywords
  • CAPS, Saúde Mental, Transtorno, Liberdade, Família
  • Subject Area
  • EIXO 4 – Controle Social e Participação Popular
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