Apresentação: Acidentes com crianças relacionam-se a alta morbimortalidade, representando umas das principais causas de óbito nessa faixa etária, além de gerar potenciais consequências de longo prazo e comprometimento da qualidade de vida. Essas ocorrências, contudo, muitas vezes podem ser evitadas, o que reforça a importância de medidas educativas. Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de analisar estratégias educativas úteis para a prevenção de acidentes na infância no contexto comunitário. Desenvolvimento: Trata-se de uma revisão sistemática guiada pelo protocolo PRISMA (2020) e registrada na plataforma PROSPERO (ID: CRD42024500956). Uma estratégia de busca foi elaborada a partir da combinação dos descritores “Accident Prevention”, “Child” e “Health Education” e a pesquisa foi realizada nas bases de dados Pubmed/Medline, Web of Science, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Na busca, 5037 estudos foram localizados, sendo incluídos artigos observacionais, publicados entre 2018-2023, com crianças de 0-12 anos e/ou seus pais/cuidadores. A qualidade dos estudos foi avaliada considerando critérios de qualidade dos instrumentos Qualitative Studies Checklist e Triangle Institute Item Bank, incluindo perspectivas quantitativas e qualitativas conforme a abordagem específica de cada artigo. Resultados: A amostra bibliográfica foi composta por 30 artigos, de alta ou moderada qualidade. A amostra populacional constitui-se de 4510 adultos e 54190 crianças de diversos países. Nesse cerne, quanto às estratégias direcionadas às crianças, são descritas sobretudo formas mais lúdicas e interpelativas, considerando as habilidades e a capacidade de compreensão de cada faixa etária do ciclo infantil; quanto às ações formulada para adultos responsáveis, a abordagem principal possuía foco no aprofundamento de conhecimentos mais técnicos e de modo predominantemente visual, com interações grupais e atividades visando otimização de tempo. Sob essa ótica, notabiliza-se a presença tanto intervenções gerais, voltadas para a prevenção de quedas e lesões não intencionais, quanto ações voltadas exclusivamente para o uso correto de cadeirinhas, segurança no trânsito, prevenção de afogamentos, envenenamentos e intoxicações, bem como queimaduras. Ações inovadoras utilizando tecnologias como óculos de realidade virtual e games mostraram-se promissoras para aproximação do público alvo e maior interação com o objetivo final de pesquisa - prevenção de acidentes. Evidenciaram-se também dificuldades na implementação desses programas devido a múltiplos fatores relacionados com a permanência de altos índices de acidentes infantis, sendo estes indicadores alusivos, sobretudo, a aspectos sociodemográficos e culturais, além das adversidades para manutenção dos programas e acompanhamento dos participantes em longo prazo. Considerações finais: A utilização de ferramentas tecnológicas e de estratégias comunicativas para identificação de lacunas de saberes em pessoas adultas e para composição do conhecimento do público infantil fortalecem a expectativa de que a abordagem de temáticas relativas à prevenção de acidentes possam suscitar orientação, estruturação de pensamento, motivação, resolução de problemas e criatividade para as atividades diárias desempenhadas por esse nicho social. Dessa forma, os resultados dessa pesquisa podem contribuir para o planejamento da educação em saúde, direcionada a essa população, bem como auxiliar no desenvolvimento de ferramentas que possam abranger contextos sociais diversos.