Indígenas, Comunidades , Território, Atenção Primária à Saúde, Sistema Único de Saúde
O Sistema Único de Saúde – SUS, é garantido na Constituição Federal de 1988, para toda pessoa em território brasileiro. O cenário de mobilização dos povos originários, inclusive estrangeiros, tem sido contínuo desde a pandemia – Covid 19. Particularmente, a cidade de Manaus absorveu quantitativo expressivo de indígenas oriundos das aldeias em busca de melhor condições de vida. Atualmente, a cidade possui um pouco mais de 71.000 pessoas indígenas. Essa experiência, ocorreu em territórios das comunidades indígenas da Zona Norte, em Manaus – Amazonas, cujo objetivo foi identificar as lideranças indígenas das comunidades e verificar a partir de diálogo informal, seus conhecimentos sobre a significação da Atenção Primária à Saúde - APS, considerando a baixa adesão dessa população aos serviços de saúde ofertados. A metodologia utilizada foi qualitativa, etnográfica, pois possibilitou verificar o comportamento das lideranças indígenas, junto as suas comunidades, no que se refere ao interesse em buscar soluções para os problemas de saúde que não se resolviam com as práticas medicinais indígenas realizadas pelo pajé. Nesse contexto, foi possível verificar ainda, o raso conhecimento das lideranças indígenas , no que se refere a definição do Sistema Único de Saúde e seus níveis de atenção. Porém, apesar do pouco conhecimento em APS, as lideranças indígenas ressignificaram os territórios de suas comunidades ao abrirem as portas para os profissionais de saúde atuarem, particularmente seus pares, os Agentes Indígenas de Saúde - AIS, de etnias distintas, que estabeleceram vínculos com as comunidades, afim de fortalecer a prática do cuidado da pessoa indígena. Quanto aos resultados, foi possível verificar maior envolvimento das lideranças indígenas com os profissionais de saúde, bem como demonstraram interesse em obter melhor conhecimento sobre o Sistema Único de Saúde, um direito de todos! Considerações Finais: o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, contendo diretrizes que integram ações e serviços de saúde indígena de forma diferenciada e acatando as especificidades culturais, geográficas, econômicas e de saúde desses povos. A Política entende que os sistemas tradicionais de saúde se projetam de diversas formas, considerando que as pessoas estão integradas ao contexto de suas relações sociais e com o meio natural. Em razão do cenário atual de mobilidade contínua para a área urbana, a experiência evidenciou a necessidade de maior interação e integração com as lideranças indígenas e gestores de saúde, proporcionou trocas de saberes e cuidados indígenas, que são plurais. Foi possível perceber que a interculturalidade é uma temática imprescindível no contexto do cuidado na atenção primária à saúde, é entendida como algo que precisa ser construído em meio a diálogos de forma coletiva, participativa e permanente. Em suma, em meio a diversidades de desafios, as lideranças indígenas têm papel importante no contexto da atenção primária à saúde, contribuindo com os avanços das práticas em saúde nos territórios da zona norte de Manaus.