Introdução: O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é uma ferramenta que possibilita a participação do usuário, consequentemente, considerando a história, autonomia e as necessidades individuais desse ser, que está inserido num contexto. A elaboração de um projeto desse tipo é realizada por meio da atuação única de um profissional-referência, seu familiar e sua família, e dessa atuação em conjunto com a equipe, mediante a discussão de casos, geralmente é um instrumento utilizado em situações graves e de difícil manejo. É um assunto abordado em sala de aula para estudantes de medicina que estão no terceiro período da Faculdade de Medicina de Garanhuns (FAMEG), no módulo de Integração ensino-serviço-comunidade (IESC) III. Esse estudo busca trazer o percebido dos/as professores/as tutores/as sobre a vivência de construção de PTS, ao colocar em prática o processo de interlocução entre ensino-serviço-comunidade. Objetivo: Relatar a experiência da construção de PTS em aula prática do módulo de IESC III da FAMEG, por estudantes de medicina do terceiro período, supervisionados por professores/as tutores/as, junto com Equipes da Estratégia de Saúde da Família (EqSF). Relato da experiência: O estudo sobre essa temática começou em sala de aula, onde os estudantes construíram um PTS a partir de um caso fictício, antes desse momento, como primeiro passo, encaminhamos os materiais teóricos para estudo prévio sobre o tema, e no terceiro passo, antes da atividade em campo, houve uma aula expositiva-dialogada sobre as etapas básicas para a construção de um PTS. Existiram todos esses passos até o momento dos estudantes chegarem nas Unidades de Saúde da Família (USF) para a construção de um PTS, junto com a equipe de Saúde da Família (EqSF). Nesse lugar, os estudantes conversaram com os profissionais da EqSF, principalmente com as Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) e com as enfermeiras, para escolherem, em conjunto, casos de difícil resolução e manejo para ser construido um PTS. Para essa construção eles precisaram ler prontuários, discutir com a equipe e escolher os casos para serem trabalhados. A partir de visitas domiciliares e reuniões na USF, junto com alguns membros da equipe, o PTS foi ganhando forma. Resultados/discussão: Vários elementos surgiram nesse processo de construção, como a importância do trabalho do ACS, que apareceu como profissional-referência na maioria dos casos estudados; do trabalho em equipe transdisciplinar, o uso do espaço da reunião com um lugar de diálogo de saberes e construção de novas tecnologias leves para um cuidado articulado e humanizado; e da intersetorialidade, levando-se em consideração os limites do setor saúde para a resolução de algumas demandas, principalmente das dimensões socioeconômica e educativa escolar. Considerações finais: O objetivo do módulo foi alcançado, os PTS foram construídos junto com as EqSF, apresentados nas USF e em sala de aula, com discussões relevantes e abraçando a abordagem da clínica ampliada, incorporada com algumas ferramentas de abordagem familiar como genograma e ecomapa.