Os impactos da desterritorialização / reterritorialização: um relato de experiência de um Macuxi inserido no contexto do SUS em zona urbana manauara.

  • Author
  • Aline Aparecida Ferreira Artini
  • Co-authors
  • Júlio César Schweickardt
  • Abstract
  •  

    Considerando as novas geometrias dos espaços, este relato de experiência alinhou-se às evidências de Haesbaert, no que se refere  a desterritorialização, considerada como uma das marcas fundamentais de nosso tempo. Assim sendo, nos processos de desterritorialização/ reterritorialização, estão imbricadas as dimensões política e cultural. Sobre o processo de desterritorialização, este,  pode ser tanto simbólico, com a destruição de símbolos, marcos históricos, identidades, político e/ou econômico, pela destruição de antigos laços/fronteiras econômico-políticos de integração. Nesse contexto, destacam-se  os indivíduos, classes e grupos sociais que incorporam sempre, embora em diferentes níveis e escalas, perspectivas desterritorializadas /desterritorializantes. Assim, o objetivo deste relato foi apresentar os impactos  do processo de  desterritorialização  e reterritorialização, entendida também como linha de fuga,  vivenciados por um indígena de etnia macuxi, no contexto da pandemia COVID 19 em 2020, que o impulsionou a desterritorializar-se de seu lugar de origem, comunidade indígena Raposa I  em Normandia RR (Fronteira), e reterritorializar-se na capital do Amazonas. Quanto a metodologia, utilizou-se dados de caráter qualitativos,  coletados a partir das narrativas do macuxi, objeto da pesquisa, oriundas de entrevistas semiestruturadas. Quanto aos resultados, os impactos ocasionados pelo processo de  desterritorialização/ reterritorialização,  oportunizou a participação deste macuxi nas  ações de vigilância em saúde em comunidades indígenas urbanas de um dos distritos de saúde, da Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA, que em tempo de pandemia  o contratou na categoria de  Agente Indígena de Saúde - AIS, tornando – o referência entre seus pares, que entenderam em meio a multiplicidade de etnias em espaço urbano, a importância de integração e interação com este profissional AIS; Otimização de seu capital intelectual por meio da troca de saberes com o coletivo, seus pares e profissionais de saúde;  Melhor entendimento do indígena macuxi sobre o processo de desterritorialização e, reterritorialização, que o levou também além dos espaços geográficos; O processo de reterritorialização mostrou-se árduo, devido as necessidades de adaptação, aceitação e vivência em um novo universo coletivo, sendo indispensável o ato de  esvaziar-se em meio as diversidades socioculturais para  absorver o novo, como forma de empatia com o outro. Considerações Finais:  essa experiência buscou descortinar as conquistas e  dificuldades vivenciadas por  um indígena macuxi por meio do processo de  desterritorialização  e reterritorialização, em cenário pandêmico,  bem como sua inserção e contribuição no contexto do Sistema Único de Saúde, especificamente na atenção primária à saúde da capital do Amazonas que projeta  maior representatividade indígena nos territórios urbanos. Para este macuxi, o processo de  desterritorialização  e reterritorialização tornou-o resiliente, pois, tem sido até os dias atuais a melhor condição para potencializar a luta pela saúde dos povos indígenas, particularmente os que vivem em contexto urbano, por meio da integração sociocultural baseada no princípio da equidade. Esse relato de experiência, se alinha ao discurso do  Secretário Geral das Nações Unidas: “É minha aspiração que a saúde seja finalmente vista não como uma bênção a se desejar, mas como um direito humano pelo qual lutar".

     

  • Keywords
  • Indígena, Território, Fronteira, Saúde, Resiliência psicológica
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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