APRESENTAÇÃO: O presente resumo aborda a junção de dois projetos de extensão em comunidades remanescentes quilombolas nas regiões de integração da Amazônia, que foram desenvolvidos nas comunidades de Guajará Miri e na comunidade de Santa Maria de Itacoã Miri, localizadas no município do Acará, no estado do Pará, mediante edital da Universidade do Estado do Pará. Os projetos tiveram duração de 5 meses, sendo realizados e consolidados entre agosto a dezembro de 2023. Foram desenvolvidos por discentes da Universidade do Estado do Pará e discentes quilombolas da Universidade Federal do Pará e por docentes da Universidade do Estado do Pará. O primeiro projeto, intitulado “Mulheres quilombolas da comunidade de Guajará Miri: reafirmando sua identidade cultural e empoderamento social” teve como objetivo desenvolver vivências de emancipação feminina através da implantação de iniciativas de sustentabilidade e empreendedorismo. O segundo, intitulado “Caminhos interdisciplinares de Educação Popular em Saúde na Comunidade Quilombola de Santa Maria de Itacoã Miri – Acará” teve o objetivo de realizar ações e serviços de saúde a fim de fomentar a promoção a saúde e a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e transmissíveis que acometem a comunidade Santa Maria de Itacoã Miri. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O processo de construção do projeto “Mulheres quilombolas da comunidade de Guajará Miri: reafirmando sua identidade cultural e empoderamento social” aconteceu a priori com uma visita a comunidade, onde ficou perceptível a dificuldade de acesso à região e os problemas da comunidade. O aceite das mulheres quilombolas em relação ao projeto se mostrou satisfatória, uma vez que foi idealizado para atender uma necessidade apontada por elas. Nessa primeira etapa do projeto houve a participação de sete mulheres quilombolas, com abordagem acerca dos hábitos extrativistas, culturais, religiosos e das dificuldades enfrentadas em relação ao acesso à saúde da mulher. O segundo momento ocorreu de forma on-line no dia 26 de outubro de 2023, onde realizou-se uma live com os discentes bolsistas e voluntários do projeto sob a facilitação da brecholeira Liliane Obando, fundadora do “Brechó nas Comunidades” e proprietária do brechó Resignifique, sobre o tema o “Empoderamento das Mulheres Quilombolas voltado para a Moda Circular”. Esta vivência foi de extrema valia para que os bolsistas engajassem as ideias sobre brechós e moda circular, a fim de trocar esse conhecimento com as mulheres da comunidade, como forma de minimizar a vulnerabilidade sofrida por elas, através da geração de renda e recuperação da autoestima. O terceiro encontro aconteceu no dia 28 de outubro de 2023, onde os integrantes do projeto de extensão iniciaram então, uma discussão acerca do objetivo do projeto que era o empoderamento dessas mulheres para que elas não dependessem unicamente do marido ou de outro integrante familiar para se reafirmarem como sujeitos sociais dentro da comunidade, mas que também pudessem ter a liberdade de escolha de suas ações. Desse modo, fazendo um trabalho ativo de recuperação de autoestima, bem como de ajuda na minimização da vulnerabilidade sofrida (que surgem nas rodas de conversa), houve a proposta de implementar um brechó na comunidade. Nesse sentido a equipe angariou roupas usadas e realizou uma roda de conversa iniciar o brecho nesta comunidade. Outrossim, o projeto “Caminhos interdisciplinares de Educação Popular em Saúde na Comunidade Quilombola de Santa Maria de Itacoã Miri – Acará” foi desenvolvido a partir da metodologia da Educação Popular em Saúde, publicada pelo Ministério da Saúde e baseada nos princípios da problematização, amorosidade, diálogo, emancipação, construção coletiva e democrática e participação social. Diante desse cenário, surgiu a necessidade da intervenção nessa comunidade voltado ao eixo saúde e bem-estar, a partir de oficinas online com os discentes para a construção de um planejamento estratégico situacional voltados para a realização de dois momentos: O primeiro ocorreu no dia 12 de outubro de 2023 com a implementação de ações de educações popular em saúde com 35 crianças acerca da temática de higiene corporal e alimentar, além da alimentar saudável a partir dos costumes e ancestralidade dos quilombolas. Junto aos 16 adolescente ocorreu uma roda de conversa baseado no processo circular, onde foi abordado todas as infecções sexualmente transmissíveis (IST) conhecidas pelos jovens, formas de prevenção e suas complicações, bem como acerca do uso e distribuição de preservativos. No segundo encontro que ocorreu no dia 28 de outubro de 2023 houve a articulação da comunidade para a implementação de ações de educação popular voltada para promoção de hábitos saudáveis e prevenção de complicações em hipertensos e diabéticos, além do rastreamento para hipertensão e diabetes em 31 quilombolas adultos e idosos. RESULTADOS: Como resultado, o primeiro projeto na lógica do empoderamento feminino foi realizado uma oficina acerca do empreendedorismo e sobre as etapas de implantação do brechó, com a entrega da matéria prima angariada pelo projeto, através de doações. O intuito foi fomentar a implementação do brechó, como estratégia de empreendimento sustentável e teve como resultado a satisfação e a emancipação das mulheres da comunidade Guajará Miri. Já no segundo projeto, um resultado muito pertinente foi o rastreamento realizado com os adultos e idosos, sendo identificados, portanto, casos suspeitos de hipertensão e diabetes, onde houve a solicitação do Monitoramentos Residencial de Pressão Arterial e de exames complementares para posterior encaminhamento a Unidade Saúde da Família do Acará. Além disso, devido alguns usuários possuírem dificuldades de locomoção, foram realizadas sete visitas domiciliares para a realização de rastreamento do HIPERDIA e orientações de promoção a saúde para outras necessidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Após os fatos mencionados, está nítido o quanto a realidade das comunidades quilombolas se revelou vulnerável em vários aspectos. Nesse sentido, foi de extrema importância fomentar ações de educação popular para o empoderamento das mulheres, de crianças, adolescentes, adultos e idosos, uma vez que todas essas ações contribuiram para o fomento da interdisciplinaridade entre os diversos saberes como caminho para tomadas de decisões de problemas desse território. A partir do primeiro projeto, foi possível minimizar a dependência financeira e promover a emancipação feminina, concomitante a recuperação de sua autoestima e empoderamento. Ademais, o segundo projeto promoveu ações e serviços que asseguram hábitos saudáveis e preventivos contra doenças através do diálogo, permuta de saberes populares e técnico-científicos no âmbito do SUS, aproximando a academia e a comunidade quilombola com suas práticas populares de cuidado.