Nos últimos anos, o processo migratório tem ganhado cada vez mais força ao redor do mundo, e, no intuito de buscar melhorias na qualidade de vida ou apenas fugir dos conflitos de seus locais de origem, muitos migrantes têm procurado refúgio em solo brasileiro. Porém, com o aumento do número de estrangeiros, uma nova demanda começa a emergir: a necessidade de prestar atendimento de qualidade a estas pessoas. Sendo assim, este trabalho tem o objetivo de relatar a experiência de um grupo de estudantes do Curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Passo Fundo, que, acompanhado de seus mestres e a coordenação do curso, deram início ao projeto de extensão intitulado “Ambulatório do Imigrante”. Iniciado há mais de 5 anos, o projeto conta com atendimentos mensais por parte dos estudantes de graduação em medicina e também dos participantes da residência multiprofissional em saúde (fisioterapeutas, dentistas, psicólogos e etc.). Em voga desde o ano de 2019, são atendidos em média 25 pacientes todo último sábado do mês do semestre letivo, totalizando mais de 1.000 atendimentos prestados à comunidade desde então. Assim, o solo fértil para troca de experiências com os imigrantes, realização de pesquisas, trabalhos de conclusão de curso e aquisição de conhecimento prático para os envolvidos é estabelecido, sempre com o intuito principal de prestar um atendimento completo com qualidade de forma integral, contínua e longitudinal vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, este contato ainda é permeado por alguns desafios, sendo, sem dúvidas, o idioma o principal deles; diversos pacientes, em especial os mais idosos, têm uma grande dificuldade em se comunicar efetivamente com os estudantes, necessitando sempre da presença de acompanhantes para traduzir a consulta. Por outro lado, os resultados positivos deste projeto são observados a partir do segmento das consultas, pois após conseguirem adentrar no atendimento especializado do SUS, muitos pacientes retornam para o acompanhamento primário já com suas queixas específicas resolvidas. Além disso, o projeto conta com acadêmicos de medicina dos mais diversos semestres da graduação, sendo tanto mais uma oportunidade de prática para os que estão em semestres mais avançados, quanto uma ótima chance de acompanhar um atendimento e aprender a semiologia básica para os novatos. Assim, é notável que este projeto tem uma grande relevância social e merece ser notado pela sociedade, uma vez que a população imigrante é, na maioria das vezes, marginalizada por não ter documentação regularizada nos primeiros meses, trabalho informal ou mesmo lugar fixo para se estabelecer. Não deixar a saúde destas pessoas ser negligenciada e esmaecida em meio a tantos outros desafios é uma ação de saúde pública determinante e crucial para o bem-estar dos beneficiados. Somado a isso, o aprimoramento do atendimento seguirá sendo constante, sempre na perspectiva de capacitar os estudantes a oferecer a melhor qualidade possível no serviço.