“O Segredo de Brokeback Mountain”: um filme para refletir a homofobia

  • Author
  • WILLIAM PEREIRA SANTOS
  • Abstract
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    Introdução: O cinema carrega consigo a capacidade de registrar ou representar aspectos da vida social. “O Segredo de Brokeback Mountain” é uma obra fílmica que mostra um romance homoafetivo e como ele é visto socialmente, evidenciando a violência contra os personagens centrais. Dessa forma, permite examinar a realidade e amplificar o olhar sobre determinadas circunstâncias. Objetivo: Buscar conexões entre a história do filme e a homofobia. Metodologia: Análise fílmica. Este resumo considera o cinema um dispositivo para além do entretenimento, sendo um recurso para compreender aspectos sociais da vida real. Desenvolvimento: Jack Twist e Ennis Del Mar são dois jovens que se conhecem em 1963 quando são contratados como pastores de ovelhas, em Wyoming, estado rural e conservador do Oeste americano. O trabalho é temporário, só enquanto dure o verão. Nesse tempo, os dois jovens se apaixonam na fictícia montanha Brokeback. Após cumprirem o expediente, ambos seguem cada um a sua vida, mas pelas duas décadas seguintes permanecem apaixonados um pelo outro e mantêm um relacionamento com encontros esporádicos, menos do que gostariam. Os personagens, temendo uma sanção social, vivem um amor que não pode ser declarado. O silêncio e o anonimato são características cruéis das relações entre indivíduos estigmatizados. Esse é o enredo de “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), dirigido por Ang Lee, que arrecadou cerca de US$178 milhões na bilheteria mundial. A história é um misto de desejo amoroso e o medo de rejeição e perseguição, permitindo pensar a temática LGBTQIAPN+ para além da dimensão do cinema, mas em situações cotidianas. O final trágico do filme faz surgir uma provocação: “o interesse pelo filme se deve à celebração do amor ou o público foi atraído pela história trágica de um relacionamento que não terminou feliz?”. Parece paradoxal que um dos filmes com temática homossexual mais reverberados seja justamente o que reserva um final duplamente trágico: a violência que tirou a vida de Jack, e a dor profunda da saudade e o sofrimento com que Ennis vive após essa tragédia. Antes disso, porém, ambos vivem uma história fadada a ser invisível, sustentada com poucos encontros e no imaginário dos personagens para suprir os desencontros. A pressão social baseada na conformidade de padrões mantém o amor expresso na metáfora “viver no armário”, que é também sobre o medo de se expor à violência. No Brasil, a Constituição Federal fundamenta a promoção do bem estar de todas as pessoas, abolindo qualquer discriminação. Em contradição, o país é o que mais mata pessoas LGBTQIAPN+. Conclusão: No filme, a montanha é um lugar onde Jack e Ennis poderiam expressar em liberdade a reciprocidade do amor. Na sociedade, restavam-lhes o armário, por existir uma realidade minimante segura. Ao assistir ao filme somos espectadores ou estamos assumindo a homofobia?

  • Keywords
  • Cinema; Homofobia; Violência
  • Subject Area
  • EIXO 5 – Saúde, Cultura e Arte
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