Apresentação: No âmbito da atenção primária à saúde, a educação em saúde emerge como ferramenta crucial na prevenção de doenças ocupacionais, particularmente beneficiando mototaxistas, expostos a diversos riscos à saúde. Nesse sentido, a exposição ocupacional dos trabalhadores mototaxistas aos mais diversos cenários ambientais, dentre eles a exposição prolongada aos raios solares pode provocar injurias a pele, as quais podem ocasionar mutações celulares e, consequentemente, promover um estado cancerígeno. Considerando que a radiação ultravioleta é capaz de induzir modificações químicas e/ou morfológicas nos tecidos e levando em consideração que os trabalhadores mototaxistas constituem um grupo de risco para o desenvolvimento de câncer de pele, é de fundamental importância a implementação de ações de educação em saúde para a prevenção e busca por diagnóstico precoce de lesões malignas e pré-malignas, a fim de promover um melhor prognostico e sucesso de tratamento. Sob essa perspectiva, a educação em saúde torna-se crucial para mitigar doenças ocupacionais nesse grupo específico. Esta ação teve como principal objetivo, sensibilizar mototaxistas sobre os riscos associados à exposição prolongada ao sol no desempenho de suas atividades, destacando os impactos na saúde a curto e longo prazo. Além disso, buscou incentivar a adoção de medidas preventivas, como o uso de equipamentos de proteção solar, uso adequado do protetor solar e roupas apropriadas. Teve ainda função informativa sobre a importância da proteção contra raios ultravioleta (UV) e forneceu orientações sobre a identificação de manchas características de câncer de pele. Desenvolvimento do trabalho: Este relato foi desenvolvido a partir de um estudo transversal de campo com a utilização do planejamento estratégico situacional (PES) proposto por Matus, ferramenta que foi utilizada para a construção do Projeto de Intervenção (PI). O PI foi planejado por acadêmicos de medicina para a execução no Bairro da Terra Firme no município de Belém, estado do Pará. A população alvo do PI é a classe de trabalhadores mototaxistas adscritos da Estratégia Saúde da Família (ESF) Parque Amazônia II. O principal problema ocupacional relevante observado para a saúde do trabalhador mototaxista foi o risco de câncer de pele frente a exposição solar excessiva. Definiu-se como estratégia de intervenção principal uma ação de educação em Saúde utilizando a ferramenta pedagógica da roda de conversa, a qual teve como tema “Papo de homem - exposição ao sol e cuidados com a pele do homem”. Os atores responsáveis pela ação foram acadêmicos de medicina, integrantes da Equipe de agentes comunitários da ESF Parque Amazônia II e um Docente da faculdade. Durante a roda de conversa realizada no dia 30/11/2023, foram comunicadas informações relevantes sobre o que é o câncer de pele e como identificar, fatores de risco para o câncer de pele, formas de proteção contra os danos provenientes da radiação solar e o uso correto do protetor solar. Além disso, foi desenvolvido um folder contendo informações sobre o câncer de pele, fatores de risco e os sinais sugestivos, e que foram ofertados a cada trabalhador. Ao fim da ação, foi realizado um questionário com cada participante para avaliar o nível de compreensão individual sobre o tema abordado durante a roda de conversa. Resultados: A ação de educação em saúde para prevenir o câncer de pele entre trabalhadores mototaxistas abordou os riscos ocupacionais da exposição solar prolongada, bem como forneceu orientações para a proteção da pele. Os acadêmicos tiveram a oportunidade de planejar e executar a ação, reunindo informações relevantes e expondo de maneira acessível aos trabalhadores mototaxistas. Para isso, promoveram o diálogo com os trabalhadores, no qual foi possível a troca de ideias e opiniões acerca dos riscos da exposição solar e formas de prevenção do câncer de pele. Além disso, como resultados observados ao final da ação, os estudantes puderam notar o conhecimento limitado apresentado pelos trabalhadores sobre a necessidade de reaplicação diária de protetor solar, sendo comum aplicá-lo apenas uma vez ao dia ou não usar. Também foi observado a resistência ao uso de óculos de sol com proteção solar, o que está implicado no desenvolvimento de outras doenças oculares, como a catarata. O principal desafio foi mobilizar os mototaxistas, cujo compromisso diário com o trabalho limitou a adesão a ação, resultando em uma amostra reduzida para coleta de dados. Essa limitação pode impactar a generalização dos resultados, indicando a necessidade de estratégias mais flexíveis para esse público. A resistência ao uso de óculos de sol e aplicação adequada do protetor solar são pontos críticos a serem abordados em futuras intervenções. Os resultados do questionário revelaram conhecimento limitado sobre o câncer de pele, associando-o principalmente a manchas, vermelhidão e queimaduras solares. A análise individual das respostas dos seis entrevistados mostrou variações no conhecimento, destacando a necessidade de uma abordagem educativa personalizada. Houve um consenso entre os trabalhadores sobre a exposição solar como fator de risco significativo para o desenvolvimento do câncer de pele. Esses resultados reforçam a necessidade de abordagens educativas mais frequentes para fortalecer a compreensão sobre o câncer de pele entre os trabalhadores, incentivando práticas preventivas. Considerações finais: Apesar dos desafios, a intervenção ressalta a importância da educação em saúde na prevenção do câncer de pele em mototaxistas. As dificuldades encontradas fornecem insights valiosos para ajustes futuros, incluindo estratégias flexíveis de mobilização e abordagens mais específicas para promover práticas de proteção solar mais eficazes. Em conclusão, a experiência destaca a necessidade contínua de ações educativas, adaptadas às circunstâncias dos mototaxistas, visando uma maior adesão e impacto positivo na saúde dessa categoria profissional. O plano de intervenção alcançou o objetivo proposto com a realização das atividades, onde pode-se levar informações relevantes sobre os fatores de riscos e formas de prevenção contra o câncer de pele e como identificá-lo. Além disso, essa ação trouxe muitos benefícios aos acadêmicos envolvidos, pois foi fundamental para o aprofundamento do conhecimento de como promover a saúde e adquirir abordagens mais humanizadas. Por fim, a extensão da universidade em promover educação em saúde possui impactos positivos tanto para comunidade quanto para a formação de profissionais médicos mais críticos e comprometidos com as mudanças em seu meio social.
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