Abordando as Infecções Sexualmente Transmissíveis para adolescentes no contexto escolar: relato de experiência

  • Author
  • André Cardoso Tavares
  • Co-authors
  • Alicyregina Simião Silva , Tayana Vivian Ribeiro Bastos , Vitória Silva de Aragão , Raquel Moura da Conceição , Lucilane Maria Sales da Silva
  • Abstract
  •  

    Tema: Abordando as Infecções Sexualmente Transmissíveis para adolescentes no contexto escolar: relato de experiência

    Apresentação

    As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são frequentes e recorrentes, consideradas um problema de saúde pública e coletiva . Causam grandes efeitos na saúde  sexual e reprodutiva e são um dos cinco principais motivos de procura por atendimento em saúde. A epidemiologia das IST tem evidenciado que cerca de 25% das infecções são diagnosticadas em indivíduos com idade inferior a 25 anos. Fatores biológicos,   culturais e socioeconômicos colaboram para a elevação da taxa de incidência das IST.

    Ao analisar, de uma maneira rápida, a adolescência, entende-se que esta é marcada pela necessidade de integração social, pela busca e desenvolvimento da personalidade, definição da identidade sexual e descoberta das próprias limitações. Compreende-se que       é uma fase crítica que acentua a necessidade de individualidade, constantes cobranças e uma possível vida familiar e laboral prematura dentro da sociedade.

    Dessa forma, essa fase tem características próprias e é possível associar o aumento das IST nessa população com a dinâmica psicossocial envolvendo o desejo de autonomia e o aumento de práticas de risco (o que inclui ter múltiplos parceiros sexuais), além do uso menos frequente de preservativos e da ingestão de álcool e outras drogas durante a relação sexual.

    Para além dos comportamentos supracitados, outro fator que contribui para o aumento  das IST são as complexas estruturas das redes sexuais, as dificuldades de acesso ao sistema de saúde que incluem a falta de acolhimento e orientação adequado nesses serviços, o baixo conhecimento dos adolescentes, incompatibilidade de horários com as unidades de atendimento à saúde, preocupações com a discriminação e inseguranças quanto ao anonimato e à confidencialidade do serviço

    Os processos educativos utilizados precisam ser vistos não apenas na perspectiva da possibilidade de gerar e disseminar conhecimentos, mas, sobretudo, na dimensão humana  e de melhoria da qualidade de vida que o saber possibilita. Assim sendo, a promoção da saúde é um potencial a ser desenvolvido nos espaços escolares, locais privilegiados para o diálogo, intercâmbio de saberes e para a expressão da diversidade cultural.

    Vale ressaltar que embora se tenha um contexto que incentive essas discussões e que professores possam reconhecer a necessidade de falar sobre sexualidade, muitos docentes ainda se sentem inseguros e hesitantes em abordar tal tema, por ocasionar algum tipo de desconforto. Além disso, a sociedade em que vivemos repreende assuntos de tal natureza e tende a não contemplar essas temáticas, relacionando-as com pecado, proibições e imoralidade, gerando tabus, preconceitos e até sentimentos negativos relacionados ao tema e, consequentemente, acarretando um fechamento de espaços de fala. Diante disso, obejtiva-se propôr, através desse relato de experiência, uma análise crítica do dialogo gerado acerca das IST na adolescência em uma escola da rede estadual do municipio de Miguel Alves no estado do Piauí.

    Desenvolvimento

    Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, resultado de uma roda de conversa acerca das IST na adolescência, realizada na Unidade Escolar Joaquina Lira   de Carvalho, comunidade Angelim, Zona rural do município de Miguel Alves no estado do Piauí em junho de 2023.

    A ferramenta utilizada para condução foi a roda de conversa que consiste em uma metodologia de discussão coletiva a respeito de determinadas temáticas, por meio da criação de espaços de diálogo, onde os sujeitos podem expor sua opinião, escutar os outros e a si mesmos. O momento da palestra fez parte do cronograma do ‘’I Simpósio em Saúde’’ organizado pela direção e os alunos da escola no qual contou com a presença de 28 estudantes de 15 a 23 anos, do primeiro, segundo e terceiro anos do Ensino Médio.

    A roda de conversa começou com uma dinâmica de apresentação dos participantes e, em seguida, deu-se início a conversa que possibilitou a escuta e compartilhamento de experiências nas quais aqueles adolescentes estavam inseridos, seguido de discussão no contexto e da temática das IST.

    Resultados

    Percebeu-se que a roda de conversa foi de grande importância dentro do contexto escolar, pois foi um momento de troca de conhecimento entre o profissional e os estudantes. Estes relataram algumas situações vivenciadas por eles e por outros alunos dentro da escola, por vizinhos, comunidades onde vivem ou das próprias mídias sociais, e tiraram dúvidas a respeito dos temas de gravidez, preservativos, doenças e problemas.

    As falas dos participantes expressaram a importância de que atividades como estas sejam realizadas com frequência, com a participação dos alunos de todos os turnos e séries da escola, assim  como a abordagem de outras temáticas, tais como saúde mental, bulliyng e diversidade de gênero.

    As ações de Educação em Saúde sobre IST são fundamentais, pois direcionam o olhar para necessidades específicas do setor escolar, por meio de uma escuta ativa e compreensão dos fatores biopsicossociais dos adolescentes, tendo as metodologias ativas como ferramentas e medidas estratégicas eficazes no fomento de conhecimento, diminuição do comportamento de risco e quebra de tabus.

    Durante o dialogo, onde os alunos trouxeram suas duvidas e vivências, percebeu-se que  as informações acerca do tema abordado são escassas. Houve relatos quanto à  deficiência da abordagem de educação sexual na escola. Segundo os participantes, nota-se um certo receio por parte dos professores quando são questionados sobre tal assunto. A escola, por sua vez, deveria ser um lugar seguro, de busca de informação científica levando em consideração que, na maioria das vezes, não há diálogo relacionado a esse tema em casa.

    É certo, portanto, que a sexualidade engloba muito mais que apenas relações sexuais em si. Com toda essa abrangência, faz-se de suma importância que, no âmbito educacional, tal tema seja compreendido por profissionais da educação e tratado com os alunos de forma íntegra, profissional, clara e qualificada.

    Pareceu-se necessário analisar as percepções de professores a respeito de suas práticas  de ensino e dos desafios da abordagem da temática na escola. Com isso, faz-se necessário conscientizar não apenas os alunos, mas também os profissionais sobre a importância de trabalhar o tema e passar segurança para a família, sobre o quão valioso é receber ensinamento diretamente de profissionais e ao mesmo tempo ser trabalhado no âmbito familiar que tal abordagem pode agregar valores, experiências e conceito sem que o próprio adolescente busque por respostas que, muitas vezes, podem encontrar de forma errônea, em conteúdos  equivocados e repletos de imprecisões e preconceitos.

    Considerações finais

    A partir da experiência, foi evidenciado que desenvolver atividades educativas e de promoção da saúde com temáticas de acordo com a necessidade local, como é o caso das IST, proporciona o ]fortalecimento de vínculos dos trabalhadores da saúde com comunidade escolar, além de esclarecimento de dúvidas, trocas de experiências e discussões que podem auxiliar no cuidado, conscientização e prevenção desses agravos.

     

  • Keywords
  • Promoção em Saúde, Educação, Adolescência, Infecções Transmissiveis
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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