O pássaro que não sabia voar: Relato de Experiência de trabalho, em um Centro de Referência do Adolescente, no Município de Macae-RJ

  • Author
  • VICTOR TAVARES DE SOUZA
  • Abstract
  • A metáfora descrita no título, permite-nos uma compreensão,  de como tem sido a vida de jovens, que encontram-sem situação de abrigamento, em decorrência de ato infracional. Os adolescentes brasileiros, especialmente os provenientes de camadas sociais,  menos favorecidas economicamente, tem seus direitos fundamentais violados: resultado da violência de todas as espécies (física, sexual, psicológica) que os colocam em situações de risco social e vulneráveis às mazelas diversas. No presente trabalho, busca-se um recorte interseccional de classe, raça e gênero, pensando esses corpos, que em sua maioria são negros, jovens e com vínculos familiares , em muitas ocasiões, rompidos. Apesar do forte enfoque dado à questão do adolescente que comete ato infracional na contemporaneidade, considera-se que esse é um problema antigo e complexo: a justiça brasileira relata casos de atos violentos cometidos por adolescentes já no ano de 1830. O presente trabalho tem como objetivo: Relatar a assistência aos adolescentes que cometem atos infracionais, estão em situação de abrigamento e são usuários do Centro de Referência do Adolescente (CRA) de Macaé – RJ. Para isso, foi feita a observação participante, enquanto enfermeiro no CRA, local que oferece acolhimento a jovens na faixa etária de 12 a 19 anos. O estudo se deu, no período de novembro de 2022 a novembro de 2023. Foi identificado que muitos destes jovens, na faixa etária dos 14 aos 17 anos, eram negros e tinham vínculos familiares rompidos, que desde a infância já passaram por diversas instituições, logo encontram no serviço do CRA, composto por equipe multidisciplinar: o afeto, cuidado e “bons encontros”, algo que outros ambientes não os proporcionam, em grande maioria. Evidência-se também a importância do trabalho em rede, com os outros segmento sociais, principalmente o setor de educação e os dispositivos de saúde mental, na tentativa de matriciamento e melhor acolhimento destes usuários. No CRA, esses sujeitos, passam a protagonizar sua história de vida, ganhar autonomia, que pela ausência do estado e da família, tornam-se reféns e vítimas das mazelas sociais. Destaca-se, a importância de fazer valer o Eca (Estatudo da Criança e Adolescente); e em relação às políticas públicas, pensar modos de propiciar, espaços mais acolhedores e humanizados, como o CRA, tem realizado aos adolescentesque se encontram, em vulnerabilidade social e/ou cometeram atos infracionais, logo, podemos considerar, que estes jovens estão cada vez mais em processo de vulnerabilizaçao; como nos sinaliza, Ângela Davis, é preciso que criemos fagulhas criativas frente à problemas complexos e que possamos fazer emergir, produção de vida e desejo nestes jovens. 

  • Keywords
  • Adolescência, acolhimento e escuta.
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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