INFLUÊNCIA DA CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA NA PERCEPÇÃO DE SUPORTE SOCIAL ENTRE PUÉRPERAS DE UMA MATERNIDADE PÚBLICA

  • Author
  • Viviane Alves de Sousa
  • Co-authors
  • Gracielle Pampolim
  • Abstract
  •  

    Apresentação: Este estudo aborda a percepção social das puérperas em relação ao suporte social, considerando sua classificação socioeconômica, além de esclarecer o que acontece durante a gestação e o período pós-parto, onde as mulheres enfrentam uma série de desafios físicos, emocionais e sociais. Se faz necessário entender o quanto o apoio social desempenha um papel fundamental no bem-estar das gestantes, abrangendo orientações, apoio emocional e auxílio nos cuidados com o bebê, bem como o auxílio psicológico que estas gestantes precisam em todo o tempo de duração da gestação, e, até mesmo após o parto, momento em que o puerpério está mais frágil. O apoio emocional oferece um suporte vital durante essa fase delicada, permitindo que as puérperas se sintam compreendidas, validadas e acolhidas em suas emoções e experiências. Isso pode ser especialmente importante considerando as pressões sociais e as expectativas irrealistas associadas à maternidade. No entanto, muitos dos suportes disponibilizados para atender essas mulheres tem, infelizmente, uma disponibilidade que varia de acordo com a posição socioeconômica. Visto por esse prisma, observa-se que a maioria das mulheres de classes econômicas mais altas tendem a ter acesso a recursos financeiros e redes sociais mais abrangentes que lhes auxiliam. E, por outro lado, mulheres de classes econômicas mais baixas que devido às condições menos abastadas, podem enfrentar barreiras financeiras e sociais que limitam seu acesso ao suporte necessário durante a gestação e o puerpério. Essas disparidades trazem um questionamento sobre a extensão desse atendimento e acompanhamento, ao pensar na efetivação dos mesmos no cotidiano dessas pacientes. É imprescindível pensar em um suporte que de fato atenda a realidade e as necessidades reais de quem necessita desse serviço de suporte. Portanto, compreender essas disparidades é crucial para garantir que todas as mães tenham a oportunidade de desfrutar de uma transição para uma maternidade sem serem sobrecarregadas e saudáveis. Este resumo tem por objetivo verificar a associação entre a condição socioeconômica e a percepção de suporte social entre puérperas assistidas por uma maternidade pública em Vitória-ES. Desenvolvimento do trabalho: Estudo observacional e transversal, de abordagem quantitativa e descritiva. A amostra foi estimada a partir de cálculo amostral para diferentes prevalências, e acrescida de 30% para prevenir possíveis perdas, ao final do estudo a amostra foi composta por 521 puérperas, assistidas pelas enfermarias do Sistema Único de Saúde – SUS da Maternidade Pró-Matre, localizada na cidade de Vitória, no estado do Espírito Santo, sendo essa a referência regional para gestações de risco habitual. As puérperas foram entrevistadas presencialmente, por entrevistadoras previamente treinadas, no período compreendido entre agosto e dezembro de 2021. No momento da abordagem foi explicado às mulheres sobre os objetivos e procedimentos do estudo através da apresentação dos Termos de Consentimento/Assentimento Livre e Esclarecido – TCLE/TALE e após assinatura deste/s, foi dado seguimento com as entrevistas. As mulheres foram selecionadas de forma aleatória simples, adotando os seguintes critérios de inclusão: puérperas com no mínimo 24 horas de pós-parto, independente da via e da faixa etária, que estavam sob assistência nas enfermarias do SUS da maternidade em estudo e que aceitaram participar da pesquisa mediante assinatura do TCLE/TALE. Foi feita a exclusão de puérperas com déficits cognitivos ou outras deficiências que a impediram de entender e/ou responder adequadamente aos questionamentos do estudo. Foi empregado o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), adotado pela Associação Brasileira de Empresas e Pesquisas (ABEP), para realizar a classificação econômica das puérperas. Este critério está baseado na posse de bens, características da habitação, acesso a serviços e grau de instrução do chefe da família, sua pontuação varia de 0 a 100 e sua classificação varia de A a D-E, neste estudo essa classificação foi reagrupada em A-B2 (abrangendo A, B1 e B2), C1-C2 (abrangendo C1 e C2) e D-E. Para aferição da percepção de suporte social foi adotado a Escala de Suporte Social do Medical Outcomes Study – MOS, que apresenta 19 perguntas distribuídas em cinco dimensões de apoio: interação social, apoio afetivo, apoio emocional, de informação e apoio material, e para definição do nível de suporte social foi realizado o cálculo da média do score total e tomou-se como base esse valor para dicotomização da classificação do suporte (alto /baixo), onde os escores acima da média foram categorizados como alto suporte social, e, escores abaixo da média como baixo suporte social. Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial através do programa IBM SPSS Statistics (Statistical Package for the Social Sciences) versão 27. Foram aplicados os testes Qui-quadrado ou Exato de Fisher (quando uma ou mais frequências esperadas foram inferiores a cinco), e reportados através de frequências absolutas e relativas. Foi adotado um nível de significância de p < 0.05. Este projeto foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM. Resultados: Considerando as 512 puérperas entrevistadas, a maioria percentual de 50,2% pertencia à classe econômica C1-C2 que representam famílias com renda média de R$ 1.965,87 a R$ 3.276,76, enquanto 43,4% foram classificados como D-E, com renda média familiar de até R$ 900,60, e 6,4% foram classificadas como A-B2, que representam famílias com renda média de R$ 5.755,23 a R$ 21.826,74. No que tange a percepção social, 35,5% das puérperas perceberam de forma negativa sua rede de suporte social. Na análise comparativa entre os grupos, identificamos uma diferença estatisticamente significante entre a percepção de suporte social e a classificação econômica, onde mulheres pertencentes à classe D-E apresentaram uma percepção mais negativa de suporte social quando comparadas àquelas de classes mais elevadas (p = 0,003). Considerações finais: Considerando os resultados deste estudo destacam a influência significativa da classificação socioeconômica na percepção do suporte social por parte das puérperas, As disparidades financeiras não apenas influenciam a disponibilidade de recursos materiais, como também afetam o acesso a redes de apoio social, que desempenham um papel crucial durante a gestação e o puerpério. A falta de recursos financeiros pode limitar o acesso das mulheres a cuidados médicos adequados, incluindo consultas pré-natais regulares e assistência ao parto. Além disso, ressalta a necessidade de uma abordagem abrangente para o suporte social, reconhecendo não apenas a assistência prática, mas também o apoio emocional e afetivo, a simples presença de alguém que as ouça, valide suas emoções e ofereça conforto são como componentes essenciais para o bem-estar das gestantes. Essa compreensão mais profunda da interseção entre percepção social, suporte social e status socioeconômico pode informar políticas e práticas que ao reconhecer e abordar essas disparidades de forma abrangente e sensível será possível garantir que todas as mulheres tenham a oportunidade de vivenciar uma maternidade saudável e satisfatória, independentemente de sua condição financeira, visando promover uma maternidade mais equitativa e saudável para todas as mulheres.

  • Keywords
  • Percepção social, Puérperas, Suporte social, Classificação socioeconômica, Gestação, Apoio emocional e efetivo, Abordagem quantitativa, Influência socioeconômica, Disparidades financeiras, Equidade na maternidade.
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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