Este trabalho objetiva relatar a qualificação realizada pela equipe técnica do DSEI AMP, com quatro turmas da Equipe Multiprofissional de Saúde Indígena (EMSI), no segundo semestre de 2023. Tal experiência teve como principal objetivo realizar atividades, que potencializassem a atenção psicossocial na perspectiva do Bem Viver das Populações Indígenas da Amazônia, no município de Oiapoque. Como metodologia ativa realizou-se no 1º dia, a dinâmica chamada “Nó Humano”. A cartilha “Atenção Psicossocial aos Povos Indígenas”, foi utilizada como instrumento disparador de reflexão e diálogo, para a divisão de sete grupos operativos de acordo com os eixos: a missão da saúde mental no contexto indígena e Modelo de Organização da Atenção Psicossocial nos DSEI, a transversalidade do cuidado e saberes indígenas na atenção psicossocial, as ações de apoio matricial, as atribuições dos profissionais dos DSEI na atenção psicossocial, a vigilância epidemiológica em saúde mental, e o planejamento das ações. No 2º dia, uma dinâmica de quebra gelo, e a divisão de quatro grupos, para análise do monitoramento do uso de psicotrópicos, e o monitoramento e vigilância do uso de álcool. Ocorreu leitura, exposição em cartazes, e teatro, com pontos de tensão para a execução de seus trabalhos. Por fim, no 3º dia, ocorreu a divisão dos profissionais em três grupos para leitura, discussão, e apresentação das cartilhas “Monitoramento e Notificação de Violências”, e “Manual de Investigação/Notificação de Tentativas e Óbitos por Suicídio em Povos Indígenas, e Estratégias de Prevenção”. Ressalta-se, a correlação entre o trabalho dos grupos operativos durante os encontros, com a promoção do Bem-Viver. Consideramos que os resultados obtidos vão para além da educação permanente em saúde EMSI. Ademais, dúvidas na abordagem dos usuários que demandam algum cuidado em atenção psicossocial, em especial, casos de tentativa de suicídio foram partilhadas. Identificaram a necessidade das reuniões de equipe para troca de informações e discussões de caso, bem como o preconceito sofrido pelas populações indígenas, nos estabelecimentos de saúde na cidade, especificamente com os pacientes que não falam o português, e a descontinuidade do fornecimento de medicamento psicotrópico. As EMSI, pontuaram o impacto que as comunidades sofrem com a ausência de regimentos internos, e regras específicas, sobre o consumo do álcool, além da fragilidade da coordenação das lideranças. Diante do exposto, percebe-se que nos planos micro e macro políticos, questões peculiares à promoção da saúde mental junto aos povos indígenas atravessam a dinâmica do trabalho, do manejo clínico, aos estereótipos da população indígena. Considera-se que é preciso intensificar o entendimento sobre os processos de trabalho das EMSI, de acordo com a cosmovisão de saúde de cada etnia, por exemplo, de como o uso do álcool se torna um problema. Sobre a descontinuidade do uso dos psicotrópicos, relaciona-se a escassez crônica de medicamentos, e a própria alta rotatividade ou ausência de profissionais, conforme assinala o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Política Pública (CREPOP).