Nas instâncias de participação social em Saúde incidem demandas políticas e sanitárias tão diversas quanto são os Brasis. A passagem por tais instâncias torna-se relevante para a formação dos profissionais que atuarão no SUS. O próprio exercício político de articulação e proposição nessas instâncias torna-se formador. Neste relato de experiência, estudantes integrantes do Diretório Acadêmico Barros Terra (DABT), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, e um professor do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFF) contam do exercício político de construírem uma Conferência Livre e participarem das Conferências municipal, estadual e nacional de saúde, apontando o impacto formativo desse exercício. Nossos objetivos são retomar e fortalecer a passagem de jovens em formação profissional nas instâncias de Participação Social em Saúde.
A UFF tem reconhecido protagonismo na construção da rede e das políticas de Saúde de Niterói. O DABT foi e é importante nesse protagonismo. Em 2022, no Simpósio Preparatório da 9a Conferência Municipal de Saúde (CMS) de Niterói, formulamos e aprovamos propostas com foco na juventude e na responsabilidade constitucional do SUS de ordenar a formação de recursos humanos para a saúde. Em 2023, com o Diretório Acadêmico de Enfermagem e o ISC, o DABT organizou a I Conferência Livre em Saúde do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP). Esta Conferência teve como objetivo recuperar e institucionalizar o debate e a participação social no HUAP, engajando a comunidade acadêmica, trabalhadores e usuários na CMS. Em seguida, o DABT apoiou a Rede Transvestis UFFianas, a realizar a Conferência Livre de Saúde LGBTQIA+. Ambas as Conferências Livres resultaram em propostas e delegados inscritos para a CMS. Na CMS de Niterói, o DABT se articulou e conseguiu incidir nos diversos espaços da Conferência. Como consequência, fomos convidados para a 9a Conferência Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Onde nos posicionamos quanto à ausência da juventude nesses espaços e pela necessidade de fomentar esta contribuição. Ainda participamos da 17a Conferência Nacional de Saúde, como delegados, convidados e pesquisadores.
Fortalecemos o debate sobre o ensino dentro da rede municipal de saúde, reforçamos a importância da presença dos estudantes nas instâncias de participação social, de trabalho e de aprendizado na rede. Recuperamos parte do espaço e da ação do movimento estudantil como construtor ativo do SUS. São propostas formuladas por nós (DABT/ISC) nesses espaços: institucionalizar a participação de estudantes nos Conselhos de saúde, criação do Conselho Local no HUAP, novas ações e serviços do hospital a partir das demandas da rede municipal, entre outras. Entramos em contato com o funcionamento prático, financeiro e político da rede municipal e estadual de saúde e dos movimentos sociais. Desenvolvemos habilidades políticas, formativas e profissionais.
A nossa participação nos espaços mencionados revelou a ausência de jovens e estudantes neles. Fomos recebidos com surpresa e comemorados, simultaneamente fomos assediados por grupos interessados, com uma tentativa de tutela sempre à espreita. Até isso é formativo: não render à tutela, sustentarmos as pautas, sem desconsiderar o conflito, apostar em coletivos políticos engajados e na consolidação de habilidades políticas que levaremos para a vida,