Pedpopsus: A educação Popular em saúde no Norte do Espirito Santo

  • Author
  • Clevio Souza Aguiar
  • Co-authors
  • Mercedes Queiroz Zuliani
  • Abstract
  • O presente trabalho trata de descrever a minha experiência de educador popular em saúde, desenvolvida em 4 cidades do norte do Espirito Santo. Cada localidade nomeada por Boa Esperança, Pinheiros, São Mateus e Montanha. Este resumo tem como objetivo identificar a organização dos encontros comunitários, verificar a metodologia utilizada nos encontros comunitários, por fim ver o papel da educação popular em saúde como proposta de emancipação humana. 

    A experiência inicia com o processo seletivo para a escolha dos educadores populares em saúde cujo objetivo é formá-los para atuação em seus territórios, dialogando com suas construções de um projeto popular em saúde. Após a seleção na qual fui escolhido, promoveu-se um encontro estadual de todos os educadores selecionados, para apresentar a proposta formativa do projeto pioneiro no estado. Sendo assim, tornou-se um momnento de celebração, de encontros e reencontros. 

    Sendo educador popular do projeto contribui na organização de encontros comunitários pelo tempo de 14 meses, realizando um total de 08 atividades comunitárias. Estas tinham como objetivo de formação, articulação, mapeamento e reconhecimento dos saberes do territorio iamos construindo dialogo sobre a promoção e cuidados em saúde coletiva. Destaco nesse percurso as atividades desenvolvidas na Escola Familia Agricola de Pinheiros (EFA), na Escola Familia Agricola de Boa Esperança, na comunidade XV de Maio, na Comunidade Santa Rita ambas no municipio de Pinheiros por fim o encontro no CEFORMA (  Centro de Formação Maria Olinda-MST). Contribui na construção da tenda Paulo Freire no Congresso da Rede Unida, que aconteceu na Universidade Federal do Espirito Santo, em Vitoria. Assim, finalizamos o curso com a participação na X conferência estadual de saúde, com a realização da tenda Flavia Amboss. 

    A cada atividade organizada e realizada, descobria novidades. Eram saberes e praticas a há muito tempo vivenciadas por cada sujeito nos territórios. Dessa forma, a cada encontro me sentia transformado pelas historias orais, experiências ancestralidade e reciprocidade dos moradores desses locais. Como eram os encontros? Inicialmente era feita a articulação com as principais lideranças da comunidade, assentamento, acampamento e quilombo. Depois, o primeiro encontro  buscava predizer sobre os principais problemas, desafios de cada integrante desse territorio a fim de constituir temas geradores para serem trabalhados nos encontros seguintes que eram agendados pelas pessoas de cada local visitado. 

     

    Por exemplo, na Escola Família Agrícola de Pinheiros, depois de um diálogo para levantamento de possíveis temáticas, construímos a partir da necessidade local e adequamos a nossa atividade para orquestrar um encontro que abordou a prática do benzimento e das parteiras tradicionais. Delimitamos o seguinte objetivo: resgate dos conhecimentos tradicionais, com a intencionalidade de dialogar sobre o reconhecimento destes saberes como base formativa das comunidades camponesas e urbanas ao longo do nosso tempo histórico. Colocando em diálogo o saber cientifico e o saberes dos povos tradicionais a partir método da educação popular em saúde.

     

    A vivência nos encontros trazia a satisfação no olhar de cada participante, pois a organização era feita com eles, construíamos um espaço de cuidado e escuta a todas as angústias, sonhos e críticas anunciadas na nossa roda de conversa. Outro ponto importante foi o cuidado com os ambientes dos encontros: a sala era ornamentada, com plantas, textos orientados, místicas, música, poesia e o mais importante que eram as pessoas, respeitando a diversidade e acolhendo a todos com muita alegria e abraços, podendo sentir a amorosidade, o diálogo e a problematização como parte do trabalho e princípio da Educação Popular em Saúde, como está na Política Nacional (PNEPS-SUS).

     

    Além disso, outra atividade importante foi a realização de um encontro comunitário no acampamento Fidel Castro, localizado no município de Pinheiros-ES. Depois da articulação com as lideranças e trabalho de campo na localidade, definimos que seria interessante a discussão do tema determinação social da saúde com todos os acampados. Marcamos a agenda e além de discutir sobre a temática aproveitamos para construí uma oficina para entender o olhar desses sujeitos sobre o que é saúde. A partir do debate propomos as seguintes perguntas: O que há em seu território que faz bem à saúde?   O que há em seu território que faz mal à saúde?

     

    Outrora, a outra atividade desempenhada com a parceria entre o CEFORMA, MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e o curso técnico de agroecologia pelo Ifes de Santa Teresa, foi a oficina a partir das práticas integrativas e complementares com objetivo de atender os educandos e também estudar o papel dessas práticas quando se fala sobre o cuidado em saúde a partir de meio alternativos. Dessa forma, organizamos o seguinte roteiro, no primeiro momento demonstramos a função dos chácaras e o funcionamento do corpo no campo energético, contextualizou-se a importância dos saberes terapêuticos em nosso cotidiano (Homeopatia, Reiki, Floral e Biomagnetismo). Abordamos a defesa desses métodos alternativos como meios para humanização do SUS, da agroecologia e dos saberes tradicionais. No momento seguinte, organizamos o debate com essas indagações: o que interfere no seu cotidiano, na sua saúde, física, social e psicológica? O que você sonha para o futuro? na sua saúde, familiar, acadêmica, social, econômica, religiosa, etc. Ao final, realizamos a pratica do reiki de maneira coletiva.

     

    Os resultados obtidos com essas articulações, teve a participação de 200 pessoas, de 4 municípios diferentes, participamos na conferência estadual de saúde com a mostra sobre os saberes e práticas do norte na tenda Flavia Amboss, organizei 13 encontros comunitários com variados temas abordados. Além disso, cumprimos outras tarefas como: Aprofundamento teórico e prático sobre a parturia tradicional e o Benzimento, partilha de experiências terapêuticas, discussão de conceitos como a determinação social da saúde, oficina de levantamento dos determinantes sociais da saúde disponíveis no território, demonstramos a função dos chácaras e funcionamento do corpo no campo energético a partir da (Produção de Cartaz), contextualizamos pelos territórios que me coloquei sobre a importância dos saberes terapêuticos em nosso cotidiano. (Homeopatia, Reiki, Floral e Biomagnetismo), defesa desses métodos para humanização do SUS, da agroecologia e saberes tradicionais, dialogamos sobre a importância da horta medicinal na vida dos acampados e sobre como isso fortalece o coletivo dinamizando as relações tornando as ainda mais humanitárias, realizou-se dinâmicas de trabalho de base por toda região norte, compreendemos por meio da roda de conversa o conceito de saúde e doença e ainda a produção de uma carta pedagógica produzida por fim.

     

    Por fim a educação popular em saúde para mim foi um processo educativo que me trouxe a consciência da importância do povo, o papel da educação para a liberdade e como a formação política favorece a ampliação da participação social e ainda cria a garantia de uma boa vigilância popular em saúde. Ou seja, pude reconhecer, que nos ambientes de discussão o saber popular e a experiência já produzida no território são grandes bases para qualificar a pratica e humanizar os espaços públicos de saúde.

     

  • Keywords
  • Educação popular, Educação em Saúde, Saúde coletiva, Saberes populares
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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