De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a estratégia no tratamento de doenças crônicas é a prevenção das complicações, realizada em nível primário de atenção, evitando a sobrecarga do nível secundário e terciário da estrutura de saúde. A doença crônica pediátrica, além de ser uma das principais causas de hospitalizações, leva a criança e sua família a iniciarem buscas por tratamento nos serviços que compõem a Rede de Atenção à Saúde.
Este trabalho tem como objetivo abordar a importância do papel do enfermeiro pediátrico atuante na Atenção Terciária frente ao paciente crônico, aos cuidados domiciliares e à Atenção Primária em Saúde. Trata-se de uma revisão bibliográfica com abordagem qualitativa, utilizando bancos de dados como Scopus, PubMed, Web of Science, Google Scholar e Scielo no período de janeiro de 2023 a janeiro de 2024. Os critérios de seleção incluíram artigos publicados em língua portuguesa, espanhola e inglesa, com resumos disponíveis nas referidas bases de dados e indexados com os termos "atenção terciária", "enfermagem", “pediatria” e "paciente crônico". Os artigos estavam disponíveis na íntegra para consulta, proporcionando uma visão abrangente e atualizada, embasando análises e discussões. Sobretudo, o enfermeiro pediátrico assume um papel essencial nesse contexto, uma vez que o cuidado é a essência desta profissão, com o olhar voltado à integralidade da assistência, munido da ciência e do acolhimento para estruturar seu plano de cuidado no atendimento aos pacientes portadores de doenças crônicas, cujo manejo requer atenção diferenciada e acompanhamento constante, desencadeando sobrecarga na realização do cuidado domiciliar relacionado a fatores familiares, pessoais e socioculturais. Porém, a falta de coordenação do cuidado e comunicação entre os níveis primário e terciário de atenção à saúde contribui para o inadequado fornecimento de cuidados e insatisfação do paciente pediátrico, diminuindo sua segurança nestes serviços de saúde. Diante do exposto, evidenciou-se que as fragilidades na gestão do cuidado nos diferentes pontos ofertados ao paciente crônico geram dificuldades na continuidade do cuidado, como aumento da sobrecarga materna, desarticulação e pouca resolutividade dos serviços. A falta de articulação entre os Serviços de Saúde na transferência do cuidado dificulta a continuidade do processo, aumentando as complicações e hospitalizações desnecessárias de crianças com doenças crônicas.
Assim, somando a complexidade exercida assistencialmente pelo enfermeiro atuante na Atenção Terciária, salienta-se a transferência do cuidado como o mais importante e necessário cuidado ao paciente pediátrico, somando-se ao papel de educador, exercido continuamente a cada internação. Entretanto, o cuidado em rede somente será efetivado a partir das articulações entre os serviços que a compõem e a organização da oferta de acordo com as demandas dos usuários. Destaca-se a importância do papel do enfermeiro atuante na Atenção Terciária em saúde e seu trabalho como a consolidação das Redes de Atenção à Saúde Específica por meio da utilização de abordagens que se aproximam dos diferentes pontos de atenção à saúde, o que constitui-se como instrumento importante na continuidade do cuidado aos pacientes pediátricos portadores de doenças crônicas.