HUMANIZAÇÃO DO PARTO: ESTUDO NA PERSPECTIVA DE ACADÊMICOS DA ÁREA DA SAÚDE

  • Author
  • Ana Carolina Souza Dias
  • Co-authors
  • Letícia de Araújo Pinto , Gisele Viana Arantes , Lisie Alende Prates
  • Abstract
  • Durante muitos anos, o parto era assistido por mulheres, conhecidas como parteiras. Elas possuíam conhecimento empírico, sendo sua prática baseada em suas experiências. Entretanto, com o avanço da medicina, o parto tornou-se um evento hospitalar. Com isso, intervenções desnecessárias e mecanicistas passaram a fazer parte do processo parturitivo, afastando a ideia de que o trabalho de parto é um evento fisiológico. Nos últimos anos, iniciou-se um movimento pela humanização do parto, considerando a necessidade de resgatar o protagonismo e empoderamento feminino. Esse movimento tem potencializado a necessidade de fomentar a discussão sobre a humanização do parto na formação acadêmica. Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo analisar os conhecimentos e vivências de acadêmicos da área da saúde sobre a humanização da assistência ao parto.Trata-se de pesquisa qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, com acadêmicos da área da saúde de uma instituição de ensino localizada na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, durante os meses de janeiro a maio de 2022. A pesquisa foi realizada com discentes maiores de 18 anos, matriculados nos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Medicina, pois, nestes cursos, existem componentes específicos relacionados à área da saúde da mulher. Os discentes foram convidados, a partir de divulgação nas redes sociais, entre outros. A coleta de dados ocorreu de forma online, no Google Forms, no qual haviam perguntas fechadas e abertas. A maioria dos participantes eram do sexo feminino, solteiras e autodecladas brancas. A maioria era natural de municípios do Rio Grande do Sul, sendo que sete eram de outros estados brasileiros. Nos depoimentos, os participantes destacaram aspectos, como a importância do poder de escolha das parturientes e a necessidade de uma assistência pautada no respeito, acolhimento e vínculo. Os participantes salientaram a relevância dos métodos não farmacológicos para alívio da dor, assim como sobre a livre movimentação e posicionamento da mulher durante o parto. Enfatizaram a necessidade de respeitar práticas, como o clampeamento tardio do cordão umbilical e o contato pele a pele. A partir disso, observa-se que os conhecimentos dos discentes vêm ao encontro com as diretrizes e premissas dos principais documentos, que abordam a humanização do parto e nascimento. Dentre estas, as Diretrizes Nacionais de Assistência do Parto Normal e as Boas Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento. Apesar disso, os discentes destacaram que, muitas vezes, a prática obstétrica é marcada por condutas mecanicistas, que se distanciam da humanização. Entre as práticas observadas pelos discentes, foram destacadas as agressões físicas e verbais, a realização de procedimentos sem o consentimento da paciente e a ausência de esclarecimentos pelos profissionais da área. Também foi citado o descumprimento da lei do direito ao acompanhante de parto, a indução precoce do trabalho de parto e realização de cesárea sem indicação real. Em vista disso, pode-se constatar que os participantes da pesquisa possuem conhecimento acerca das boas práticas da assistência ao parto e nascimento, sendo estes novos agentes de transformação na área obstétrica, e a partir disso, conseguem reconhecer as condutas e que se afastam da humanização.

  • Keywords
  • Humanização, Parto, Ensino, Saúde
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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