O GT de Saúde e Saneamento da Conissão Estadual de Direitos Indígenas do Rio de Janeiro (CEDIND RJ), que integra a Coordenação de Saúde de Populações Específicas e Equidade da Secretaria Estadual de Saúde (SES RJ), docentes de diferentes universidades e instituições acadêmicas (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ), indígenas aldeados e não aldeados, instituições defensoras das causas indigenistas (Fundação Darci Ribeiro), constituiu um curso de extensão , modalidade híbrida (classroom, grupo whatsaap e zoom e encontros presenciais) para profissionais da saúde que atuam em Angra dos Reis, Paraty e Maricá. Para cada município foi composta uma turma (30 participantes). Tal iniciativa teve lugar pelos desafios existentes na assistência à saúde de indígenas nas redes de atenção e também no contexto fragiliado da própria Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) no governo Bolsonaro. Além do despreparo na cultura formativa do profissional de saúde para atuar em territórios, nos quais as populações tenham outras cosmologias e formas de lidar com as questões de saúde e cuidado. A proposta do curso foi aprovada na Comissão de Integração Ensino e Serviço/CIES RJ e teve o apoio das Secreatrias Municipais de Saúde locais. Foram formadas três turmas referente aos municípios - Angra dos Reis, Paraty e Maricá, cada qual com trinta trabalhadores da saúde inscritos. Cada turma, teve seis encontros remotos que aconteceram em 2022. Com as temáticas "Cosmologias dos grupos indígenas (guarani e pataxó)"; "Direitos e História das Políticas Públicas que levaram à criação de uma Atenção Diferenciada"; "Saúde da Mulher e da Criança Indígena"; "Atenção Psicossocial e Saúde Ambiental", que foram problematizadas por convidados indígenas e profissionais com experiência reconhecida nos territórios correspondentes. Após os encontros remotos, a equipe de coordenação do curso esteve presencialmente em cada município participante, construindo a proposta do trabalho de campo a ser desenvolvido até 2023. A recomendação era que os trabalhos, tendo a orientação da equipe de coordenação do curso, operassem a qualificação do cuidado tendo em vista práticas inteculturais com menos verticalidade e a integração das equipes da SESAI às demais redes de atenção locais. Em novembro de 2023, houve a apresentação nos municípios dos projetos em desenvolvimentos, que versavam por temas muito relevantes como assistência das gestantes, parturientes e puerperas indígenas nas maternidades locais quando foi produzido de forma compartilhada linhas de cuidado que levassem em conta as questões culturais guaranis e pataxós; o cuidado com mulheres, crianças e jovens indígenas enfatizando a saúde mental, diante de casos da ocorrência de casos de suicídio, questões referentes a promoção de saúde em ambientes escolares, fora da aldeia, poucos acolhedores aos estudantes indígenas; projetos de divulgação das artes e culturas indígenas nos municípios, dentre outras frentes. Apesar das dificuldades enfrentadas, como a fragilidade do sinal de internet nas aldeias e a saída do serviço dos profissionais de saúde para participarem das aulas, por volta de 65% dos inscritos concluíram o curso e seguiram aprofundando os projetos iniciados.