Apresentação: Este trabalho debate sobre as opiniões dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre o seu exercício da autonomia no tratamento de saúde no SUS afetando a sua qualidade e desfechos. Autonomia refere-se à capacidade que uma pessoa possui para decidir sobre aquilo que julga ser o melhor para si.
Desenvolvimento: Durante uma semana realizamos uma pesquisa qualitativa nas salas de espera de diversas Unidades Básicas de Saúde, com a participação de em média 30 usuários do SUS. O modelo foi pesquisa de campo, por meio de questionamentos de um roteiro semi-estruturado, explicando para o usuário sobre o objetivo da pesquisa e informando sobre o conceito de autonomia utilizado neste, porém também deixando liberdade para que o usuário conduzisse parte da pesquisa de acordo com sua experiência como usufruidor destes serviços. Nas entrevistas muitos usuários expressaram seu descontentamento com a impossibilidade e outras vezes dificuldade no exercício da autonomia com o seu tratamento, relatando que sentiram que perderam este direito. Além disso, acreditam ter perdido o poder da fala e da liberdade de escolha em questões de sua saúde. A centralização da decisão do tratamento pelo médico é um fator que não contribui para a autonomia do usuário. Em muitos casos, os profissionais de saúde têm o poder de decidir sobre os tratamentos, e os usuários teriam pouco ou nenhum envolvimento nessas decisões, prejudicando a capacidade dos usuários de tomar decisões sobre sua própria saúde. Isso leva a uma relação desigual entre usuário e equipe de saúde, onde o usuário se sente incapaz de questionar ou participar ativamente do seu próprio plano de tratamento. As barreiras ao acesso ainda são muitas aos serviços de saúde que contribuem para a falta de autonomia dos usuários do SUS. Longas filas de espera, falta de infraestrutura adequada e escassez de recursos dificultam os usuários ao acesso ao cuidado de saúde oportunos e de qualidade. Outro aspecto a considerar é a falta de recursos disponíveis no SUS. O subfinanciamento tem como outras consequências a limitação no acesso a tratamentos, medicamentos e procedimentos médicos. Resultando em modificações nos planos de tratamento dos usuários sem o devido consentimento ou informação prévia, comprometendo ainda mais a autonomia dos usuários e sua confiança no sistema de saúde.
Resultados: A falta de autonomia dos usuários do SUS é um problema multifacetado que requer abordagens integradas, transversal e soluções educacionais políticas, socioeconômicas e estruturais. É fundamental promover a educação em saúde, melhorar o acesso aos serviços de saúde, fortalecer a comunicação entre usuários e profissionais de saúde e garantir que os usuários sejam tratados com dignidade, respeito e participação ativa em todas as etapas de seu cuidado de saúde. Essas medidas não apenas empoderarão os usuários, mas também resultarão em melhores resultados e uma relação mais igualitária e colaborativa entre usuários, gestores e profissionais de saúde dentro do sistema de saúde brasileiro.
Considerações Finais: Embora existam barreiras e limitações para o usuário do SUS, é possível desenvolver estratégias que melhorem as condições do seu cuidado de saúde.
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