Introdução: A crise ambiental vem ocupando cada vez mais um lugar de discussão em diversos ambientes. Nas escolas, as abordagens devem ser permanentes e agregar esforços para debates interdisciplinares no sentido de estimular a cidadania ambiental. Na disciplina de Ciências, há grandes possibilidades para realizar trabalhos sobre meio ambiente que despertam o interesse dos estudantes e a conscientização deles acerca da proteção ambiental, mas também dos desafios. Nessa perspectiva, as metodologias ativas parecem ser oportunas uma vez que condicionam os estudantes a serem protagonistas do próprio processo de aprendizagem. Como metodologia ativa, a criação de maquetes facilita a visualização e a compreensão de conteúdos abstratos, estimula a curiosidade, o interesse, a criatividade e o raciocínio lógico dos estudantes, proporcionando uma aprendizagem mais significativa, dinâmica e participativa, por outro lado, pode contrariar princípios da educação ambiental, que visam conscientizar os estudantes sobre a importância de preservar os recursos naturais e reduzir o consumo excessivo. Por isso, o uso de materiais reciclados na confecção de maquetes, deve ser priorizado.
Objetivos: (I) Relatar uma experiência em sala de aula acerca dos benefícios da criação e utilização de maquetes para promover a educação ambiental para alunos do ensino fundamental; (II) conscientizar os estudantes sobre a relevância das energias renováveis e os efeitos adversos associados ao uso de energias tradicionais na saúde humana e no meio ambiente; e (III) estimular a geração de ideias relacionadas à educação ambiental a serem implantadas ou implementadas no contexto escolar.
Metodologia: Relato de experiência de uma atividade prática realizada na perspectiva da pedagogia de projetos, com estudantes do oitavo ano do ensino fundamental, sob orientação direta do professor de Ciências.
Desenvolvimento: No ano de 2023, realizou-se uma atividade prático-pedagógica envolvendo alunos do oitavo ano do ensino fundamental em uma escola pública municipal na cidade de Manaus (Amazonas). O propósito desta atividade foi sensibilizar os alunos para a importância da transição energética para fontes de energias renováveis, instigando-os a refletir sobre ações antrópicas e os impactos na saúde humana e no meio ambiente decorrentes da degradação ambiental causada pelo uso de fontes de energias não renováveis. O projeto foi desenvolvido em três fases com a participação dos estudantes, sob orientação do professor responsável. Na fase inicial, os alunos assistiram ao documentário "Seremos História?" (Before the Flood), lançado em 2016 e produzido por Leonardo DiCaprio. Posteriormente, receberam orientações para conduzir pesquisas teóricas em fontes confiáveis, abordando temas como energias renováveis e não renováveis, bem como a interconexão entre o meio ambiente e a saúde humana, no contexto das fontes de energia e os possíveis impactos nos ecossistemas naturais. Na segunda fase, aconteceu a produção coletiva de uma maquete representando uma vila urbana, que possuía duas antenas eólicas responsáveis pela geração de energia que seguia para uma caixa de distribuição, duas torres para condução dessa energia, um poste para iluminação e uma casa. A maquete, adaptada do modelo disponível no canal do YouTube "Inventus", foi construída principalmente com materiais reciclados, visando ressaltar a relevância da sustentabilidade e da reutilização de recursos. Todo processo de confecção foi realizado manualmente pelos alunos sob a orientação do professor. Ao final da atividade, foi produzido um vídeo demonstrando o funcionamento da vila, destacando a eficiência e os benefícios das energias limpas e renováveis para o ambiente e, consequentemente, para a saúde humana. O vídeo foi postado como reels no Instagram e está disponível no seguinte link https://encurtador.com.br/fhE25. Na terceira fase, houve a apresentação do projeto pelos estudantes, bem como o desenvolvimento da aula teórica com exposição da teoria relacionada à temática: energias renováveis e não renováveis, meio ambiente, sustentabilidade e saúde, conduzida pelo professor. Este momento também se constituiu num espaço de troca de saberes em que os alunos apresentaram e tiveram suas dúvidas sanadas, bem como compartilharam os conhecimentos adquiridos durante o processo de execução do projeto e aproximação à bibliografia. A iniciativa buscou promover uma conscientização mais profunda sobre a necessidade de substituir fontes de energia não renováveis, que contribuem significativamente para a poluição do ar, aquecimento global, esgotamento das fontes de energias e outros danos ambientais prejudiciais à saúde. Visto que o uso de fontes de energias tradicionais, como combustíveis fósseis e energia nuclear, gera impactos negativos para o meio ambiente e para a saúde humana. A queima de combustíveis fósseis libera gases poluentes na atmosfera, como monóxido de carbono, dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio, que podem causar doenças respiratórias, cardiovasculares, câncer e distúrbios hormonais. A energia nuclear também apresenta riscos, como a emissão de radiação que pode causar mutações no DNA e levar ao desenvolvimento de tumores.
Para reduzir esses impactos, é importante buscar alternativas de energias mais limpas e renováveis, como a solar, das ondas marítimas, a geotérmica, a hidrelétrica, a biomassa e a eólica, como foi evidenciado na aula teórica. Essas fontes de energia causam menos danos ao meio ambiente e à saúde humana, além de serem mais sustentáveis a longo prazo. Com os alertas recentes acerca do “ponto de não retorno”, que se refere a aceleração da perda de biodiversidade e a irreversibilidade da crise, é bem relevante oportunizar aos estudantes condições práticas que despertem o interesse de engajamento à causa da proteção ambiental. Essa é uma forma de se pensar a saúde na medida em que se cuida do ambiente, visto que são condições indissociáveis. Dessa forma, a proposta da atividade, na perspectiva da educação em saúde, condiciona a aprendizagem em Ciências, mas também sobre a saúde planetária, na medida em que se coloca como proposta para estimular uma visão sistêmica acerca dos impactos causados pela ação humana nos ecossistemas.
Conclusão: A abordagem prática proporcionou aos alunos uma experiência tangível, permitindo-lhes compreender de maneira mais concreta a relação entre as escolhas energéticas e seus impactos na saúde coletiva. Espera-se que iniciativas como esta possam inspirar futuras gerações a adotarem práticas mais sustentáveis, contribuindo, assim, para um futuro mais saudável e equilibrado para todas as vidas.
A atividade também teve importância transdisciplinar, visto que os conceitos e as abordagens não ficam restritos apenas ao ensino de Ciências, mas se amplia ao envolver conteúdos relacionados a outras disciplinas e o compromisso ético de responsabilizar-se pela proteção do planeta.
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