Título: Conhecendo as conexões sobre o cuidado em liberdade. Contribuições de um projeto de extensão universitária.
Apresentação: O trabalho apresentado traz o relato de experiência de um projeto de extensão universitária, com objetivo de papel de contribuir com a formação profissional sobre a temática da Saúde mental e Rede de Atenção Psicossocial no SUS, com participação de estudantes de graduação na área da saúde e coordenado por uma docente da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL. O projeto extensionista teve como proposta acompanhar a participação dos estudantes da UNCISAL com ações no movimento social de luta antimanicomial, chamado: Fórum de Saúde Mental de Maceió, como participação de usuários, familiares, profissionais envolvidos com a área de saúde mental de Maceió. Importante ressaltar a participação dos estudantes nos espaços de diálogo sobre a importância da construção e manutenção das políticas públicas em saúde mental, na visão dos usuários e familiares tendo como destaque a Reforma Psiquiátrica, que sustenta e incentiva o cuidado das pessoas com transtornos mentais, bem como a seus familiares, nas suas diferentes necessidades no território. Destaca-se a importância da manutenção do movimento social, como campo potencial para circular solidariedade, reciprocidade e de contratualidade social. É um espaço que as pessoas usuárias podem acessar na comunidade, podendo ser um dispositivo de cuidado e proteção. Percebe-se a importância da extensão universitária da formação teórico-prática, na promoção de debates sobre a importância de conhecer os usuários e suas lutas para a manutenção do cuidado em liberdade, bem como promover atividades diversas como organização, realização e/ou participação em eventos. Têm entre seus objetivos, identificar a importância do cuidado em liberdade e o fortalecimento do controle social para ampliar a fortalecer a Rede de Atenção Psicossocial em Maceió, Alagoas.
Desenvolvimento: São inúmeros os desafios para as mudanças de paradigma entre o modelo hegemônico de tratamento psiquiátrico para o modelo de cuidado em liberdade. Apesar dos avanços e conquistas da Reforma Psiquiátrica, após duas décadas da publicação da Lei 10.2016, conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica, permanecem dificuldades na inserção de pessoas usuárias dos serviços, como os Centros de Atenção Psicossocial e outros dispositivos das RAPS como espaços promotores de ações para o desenvolvimento de um maior protagonismo e inclusão social e do cuidado em liberdade. A luta antimanicomial segue necessitando de combustível para manutenção do ideário do cuidado em liberdade, importante destaque que no Brasil a luta antimanicomial teve seu início com o movimento de trabalhadores de saúde mental no final da década de 1970,uma luta necessária para manter o tensionamento ético, estético e político contra os modos hegemônicos baseados em um modelo colonial de tratar a loucura, segue acolhendo pessoas que discordam da logica disciplinar, da segregação violenta e como movimento social, luta em defesa da manutenção e ampliação de direitos humanos e de cidadania. O projeto, segue alinhado com proposta do cuidado em liberdade como um movimento dialético de construção de um novo espaço vivido. Como projeto extensionista vem proporcionar a inserção dos estudantes nos espaços coletivos e compartilhados com integrantes do movimento social. Possibilitou-se com isso, a construção de uma percepção crítica e reflexiva sobre os modelos de cuidado em saúde mental, identificando as práticas que não respondem as necessidades de atenção a do cuidado em saúde mental, através dos relatos dos usuários em reuniões, eventos e rodas de conversa do resultante da parceria do projeto de extensão e do Fórum de Saúde Mental de Maceió, com encontros em espaços itinerantes. O projeto foi desenvolvido por meio de um trabalho colaborativo no planejamento, execução das ações, sempre de forma dialogada e pactuada em grupo com função de estimular a formação crítica diante das formas de cuidado em saúde mental dos cidadãos e cidadãs usuários do SUS. As ações de avaliação foram construídas coletivamente pelos participantes a partir das necessidades encontradas durante o percurso e ao final do projeto que teve duração de dez meses, de abril de 2023 até fevereiro de 2024.
Resultados: Os estudantes extensionistas, elaboraram dois eventos com a participação das pessoas usuárias e participantes do movimento social de luta antimanicomial, o primeiro evento foi o CINE UNCISAL em comemoração ao dia mundial da saúde mental, realizado no auditório da universidade com convite para participantes do Fórum, onde foi proposto um filme e ao final, com abertura para debate. Evento que proporcionou a circulação das pessoas usuárias em espaços desconhecidos, como espaço universitário. O segundo evento foi a proposta de uma roda de conversa sobre a importância da rede de cuidados em saúde menta no campus universitário com a circulação e troca de ideias sobre as necessidades de potencializar os cuidados as pessoas em sofrimento psíquico. Os estudantes que participaram das ações do projeto também obtiveram aprendizados em relação a importância do cuidado em saúde mental tendo como referência a Reforma Psiquiátrica, bem como a Luta Antimanicomial, em especial sobre a importância do cuidado em liberdade como princípios norteadores na produção de saúde, o que implica compreender criticamente a realidade para transformá-la. Para além das práticas extensionistas do projeto, foi semeado interesse em pesquisa na área, como desenvolvimento de artigo para congresso e um produto educacionais, como vídeo documentário. Com isso, percebeu-se que houve diminuição de preconceitos e do estigma relacionado a pessoas com transtornos mentais
Considerações Finais: Percebe-se importância em conhecer e ampliar o debate sobre a Rede de atenção psicossocial e sobretudo, promover uma desconstrução social dos estigmas e estereótipos vinculados à loucura e sobre as pessoas com sofrimento psíquico que necessita de cuidados intensivos e prolongados, substituindo-os por um olhar solidário, respeitoso e compreensivo sobre a diversidade humana, com a proposta de vivências em cenários de prática conectadas ao contexto social dos usuários. Percebe-se importância de mudanças no imaginário social que ainda permeia o entendimento popular que as pessoas com transtornos mentais, são desprovidas de razão e de direitos. Como proposta de avaliação sobre a participação durante o percurso do projeto, surgem propostas em ampliar conhecimento teórico, bem como as ações do projeto para outros serviços da Rede de Atenção Psicossocial. Para a população usuária os maiores desafios, já previstos pelos participantes do Fórum como profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial, foi o exercício do direito a ocupar outros espaços que não somente suas casas ou os serviços de saúde, necessitando de continuidade nas ações de articulação para outras participações e assim, ampliar o protagonismo dos usuários da Rede de Atenção Psicossocial.