APRESENTAÇÃO
As bibliotecas humanas foram criadas pela Stop the Violence em 2000, uma Organização Não-Governamental (ONG), de Copenhague, na Dinamarca. A proposta é trazer à baila realidades que, por muitas vezes, estão distantes do cotidiano. Nas Bibliotecas Humanas, cada pessoa se oferece como um livro humano de maneira voluntária e gratuita. O funcionamento delas é muito simples: os usuários que acessam e consultam seu catálogo de opções, em vez de encontrar livros, encontram pessoas com histórias para contar. Assim, elas podem ficar sentadas cara a cara por um tempo determinado para ouvir e dialogar. A Biblioteca de Saúde Pública (Besp) em colaboração com a Gerência de Pesquisa em Saúde (Gepes) da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), vem implementando estratégias de educação em saúde, como “Eu Sou o Livro”, um projeto de exposição cultural e artística idealizada e realizada pela Biblioteca da referida Escola de Saúde Pública. Uma ideação de natureza cultural que objetiva apresentar mostras de acervo da biblioteca que conta com assuntos relacionados a experiências humanas e podem ser acessados por meio da contação dessas histórias pelas próprias pessoas que vivenciaram “Livro Humano” junto aos leitores. A vivência teve como objetivo descrever as histórias vividas pelos colaboradores da Escola de Saúde Pública do Ceará, por ocasião da comemoração aos 30 anos da instituição.
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO:
Trata-se de um relato de experiência, realizado pela equipe da Besp e da Gepes / ESP-CE, no dia 26 de Julho de 2023, das 9h00 às 11h00, na própria Biblioteca. A experiência apresenta a 2ª Edição do “Eu Sou o Livro” que se trata de uma narrativa que se caracteriza ao mesclar as experiências pessoais de uma pessoa, considerada de relevância por seus feitos. Ressalta-se que é necessário que os leitores tenham acesso às histórias de vida dos livros humanos por meio de agendamento. A dinâmica da atividade é: quem desejar participar, basta fazer sua inscrição gratuitamente pelo formulário on-line e comparecer à Biblioteca da ESP (Besp) no horário estabelecido. Na ocasião, os “livros humanos” ficaram disponíveis para serem lidos por 15 minutos. Assim, a dupla convidada ficou frente a frente com os convidados que queriam ler aquela narrativa, em um bate-papo no ambiente da biblioteca. Ao escolher uma história para ouvir, o leitor é levado até uma área de discussão da biblioteca onde conhece “Livro Humano”. Lá, ele poderá escutar o “livro humano” e questionar, tirar dúvidas: tornando a experiência enriquecedora para ambas as partes. A finalidade é incentivar o diálogo e promover o compartilhamento de culturas diferentes. O público para essa vivência são colaboradores da instituição, estudantes de nível técnico, superior, pesquisadores, trabalhadores da saúde e sociedade civil. O momento foi gravado e transcrito em diário e analisado com base na literatura.
RESULTADOS (efeitos percebidos decorrentes da experiência):
Quantas histórias a linha do tempo de uma instituição pode conter? Tomando como referência a trajetória de 30 anos da ESP/CE, as narrativas de vida são múltiplas e revelam experiências distintas, ricas, de muitos aprendizados e compartilhamentos, com o tema “Histórias vivas e vividas pelos colaboradores da ESP/CE ao longo desses 30 anos”. Foram convidados para a atividade bibliotecário da Besp e colaboradora da Gerência Administrativa (Geadm) da ESP/CE pessoas que ao longo dos anos deram importante contribuição às pessoas que passaram pela Besp.
As ESP/CE vem sendo tecida a partir do próprio curso, das narrativas que ajudaram a construir o sistema de saúde do Estado do Ceará. Mas, para além de uma história escrita por eventos estruturantes, há e sempre houve pessoas, agentes fundamentais para o curso de toda instituição democrática e plural.
O primeiro livro foi baseado na história “Narrativas de um bibliotecário: voz da experiência”, 65, que decidiu deixar sua parcela de contribuição no cotidiano da ESP/CE. De 1995 até hoje, ele acumulou 28 anos de vivências e lembranças dentro do órgão público. Entre livros e estantes, a Besp/ESP é parte integrante do modo como o profissional se vê. Ao folhear a história que estava posta ele mencionou que a Escola lhe proporcionou grandes aprendizados, possibilitando exercer todas as funções que um bibliotecário pode assumir na especificidade da sua profissão. Mencionou ainda, que as pessoas se formam, mas aprendem mesmo é na execução do trabalho, com a oportunidade de vivenciar tudo isso aliado à muita prática no serviço.
O bibliotecário apresentou, com saudosismo, aos participantes, sua trajetória de 28 anos na instituição, com histórias, vínculos e afetos construídos. Rememorou os primeiros cursos de especialização, capacitações e as turmas de residência que por ali passaram.
No Livro “Histórias e Memórias de uma Trabalhadora” a colaboradora da Geadm apresentou disponibilidade para partilhar suas memórias e vivências de 27 anos na construção histórica da instituição de ensino. Mencionou nos diálogos, que fazer parte do time da ESP/CE, enche de gratidão. Uma vez que os trabalhadores são desafiados todos os dias a ser melhores, a vencer obstáculos, buscar sonhos e enfrentar qualquer batalha com coragem, juntos são mais do que colaboradores cumprindo os respectivos trabalhos. São como uma grande família, com desafios, necessidades e potencialidades. Quando se pensa no ambiente dessa “Casa da Educação na Saúde”, o sentimento é um só: espera-se que ela exista por muitos e muitos anos, na defesa e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e do impacto positivo que ela tem dado a toda a sociedade cearense.
Dialogar a história dos 30 anos da ESP/CE é conhecer a gestão da educação e a possibilidade de entender a formação dos trabalhadores da saúde de todo o estado, ao mesmo tempo em que é possível compreender sobre a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e o SUS.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, a proposta de ler histórias humanas, ler pessoas, busca entender e refletir sobre cada diálogo faz-se, também, um encontro consigo mesmo, como um reflexo da história do outro, o encontro e semelhança com a sua própria história. Ao mesmo tempo, oportuniza aos recém-chegados conhecer a história da instituição a partir daqueles que a fazem. Portanto, entende-se que esses encontros, também se tornam formas de disseminar conhecimento, de descortinar o passado no presente, sinalizando para um futuro mais rico, diverso e significativo, além de compor o acervo de serviços de projetos de modernização da Besp.