Introdução: Alunas de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) em companhia de uma professora orientadora executaram a primeira edição do Projeto Amazonas, que ocorreu no estado do Amazonas em parceria com a Missão Laguna Negra, organizada pela Epifania Comunidade Católica, da Arquidiocese de Vitória-ES. Com foco em abordar atividades de educação em saúde e atendimentos multiprofissionais em comunidades ribeirinhas às margens do Rio Purus, um grupo de duas alunas e uma professora da UNIPAMPA realizaram práticas no Barco Hospital Laguna Negra, que contava com equipe médica, fisioterapêutica, odontológica e de apoio. Dessa forma, planejou-se desenvolver atividades de educação com o intuito de enriquecer o conhecimento dos povos ribeirinhos bem como acolher suas queixas e orientá-los de acordo com suas necessidades. Isto posto, objetiva-se relatar a experiência de alunas integrantes do Projeto Amazonas na realização de ações de promoção de saúde e assistência para as comunidades ribeirinhas no município de Tapauá-AM. Descrição da experiência: Durante um período de quinze dias, o Barco Laguna Negra navegou pelas águas sinuosas do Rio Purus, adentrando aproximadamente quarenta comunidades isoladas que compõem a cidade de Tapauá, no coração da Amazônia. Essas comunidades ribeirinhas, distantes quilômetros de sua cidade de referência, encontram-se em meio a uma densa floresta tropical, onde o acesso a serviços básicos, como saúde, é um desafio constante. Com apenas os rios como meio de transporte, essas populações dependem exclusivamente de embarcações para se locomoverem, e é nesse contexto que o Barco Laguna Negra se torna uma esperança de assistência médica e educação em saúde. A equipe do projeto, ciente das particularidades desse ambiente remoto, planejou cuidadosamente suas ações. Antes mesmo de partir em jornada, dedicaram-se ao estudo minucioso da realidade desses povos ribeirinhos, identificando suas necessidades e desafios. Com base nessa análise, foram elaboradas cartilhas abordando temas cruciais para a saúde dessas comunidades, desde questões de higiene pessoal até prevenção de doenças tropicais comuns na região. Ao chegar em cada comunidade, a equipe organizava grupos distintos, envolvendo crianças, jovens e adultos, reunindo-os em espaços comunitários improvisados às margens dos rios. Ali, de forma didática e interativa, as cartilhas eram distribuídas, acompanhadas por explicações detalhadas sobre cada tópico abordado. Esse momento não apenas proporcionava acesso a informações vitais, mas também promovia a troca de conhecimentos e experiências entre os membros da comunidade e a equipe de saúde. Ao longo das visitas, mais de mil cartilhas foram distribuídas, alcançando um grande número de pessoas. Além disso, as alunas do projeto desempenhavam um papel crucial na coleta de informações sobre as necessidades individuais dos pacientes, ouvindo suas queixas e preocupações. Quando necessário, orientações eram fornecidas individualmente, ali mesmo, nas margens do rio, ou durante as visitas domiciliares realizadas ao final das atividades do dia. Essas visitas domiciliares não apenas permitiam um acompanhamento mais próximo dos casos identificados, mas também estreitavam os laços entre a equipe de saúde e as famílias ribeirinhas, construindo uma relação de confiança e respeito mútuo. Assim, o trabalho árduo realizado durante os quinze dias a bordo do Barco Laguna Negra não se limitava apenas à distribuição de cartilhas e orientações, mas representava um compromisso genuíno com o bem-estar e a saúde dessas comunidades ribeirinhas, que tantas vezes são esquecidas nos confins da Amazônia. Impactos: Os atendimentos realizados, tanto em grupo quanto de forma individual, desencadearam um enriquecimento significativo do conhecimento prévio dos ribeirinhos sobre os temas abordados nas cartilhas, propiciando um aprofundamento no entendimento e a conscientização sobre práticas de saúde preventiva. Os exercícios de alongamento propostos mostraram- se cruciais, especialmente considerando as queixas musculoesqueléticas recorrentes decorrentes de movimentos repetitivos ou má postura, comuns em todas as comunidades visitadas. Além disso, as visitas domiciliares desempenharam um papel essencial na compreensão mais profunda dos contextos de vida dos ribeirinhos e na realidade dos ambientes em que habitavam. Essas interações permitiram uma imersão mais completa nas condições de vida das famílias, proporcionando uma compreensão mais holística de suas necessidades e desafios diários. Essa abordagem mais intimista não só fortaleceu os laços de confiança entre a equipe de saúde e as comunidades atendidas, mas também ajudou a personalizar ainda mais as intervenções de saúde, garantindo que fossem adaptadas às necessidades específicas de cada grupo familiar. Assim, os impactos das ações realizadas vão além do simples fornecimento de informações e orientações de saúde. Elas representam um compromisso tangível com a promoção do bem-estar e da qualidade de vida das populações ribeirinhas, abordando não apenas suas necessidades físicas imediatas, mas também reconhecendo e valorizando suas realidades individuais e culturais únicas. Considerações finais: Os objetivos do grupo foram alcançados com esse projeto, integrando o ensino das alunas com o conhecimento adquirido pelos povos ribeirinhos, bem como a vivência oportunizada. Diante disso, revela-se a suma importância da entrega das cartilhas bem como as orientações realizadas pelo grupo de fisioterapia aos povos ribeirinhos, de modo a enriquecer seus conhecimentos e proporcionar uma melhor qualidade de vida. Além das atividades já mencionadas, é fundamental ressaltar a importância da promoção da saúde para as populações ribeirinhas ao longo do Rio Purus e em regiões semelhantes. Essas comunidades enfrentam desafios específicos relacionados à sua localização geográfica e às condições socioeconômicas, que muitas vezes resultam em acesso limitado a serviços de saúde e informações sobre práticas saudáveis. As populações ribeirinhas frequentemente vivem em áreas remotas, onde o acesso a hospitais, clínicas e profissionais de saúde é difícil. Além disso, as condições de vida podem ser precárias, com falta de saneamento básico, acesso limitado a água potável e altos índices de doenças transmitidas pela água e vetores. Nesse contexto, as ações de educação em saúde desempenham um papel crucial na prevenção de doenças, promoção de hábitos saudáveis e melhoria da qualidade de vida. Ao fornecer informações sobre higiene pessoal, nutrição adequada, prevenção de doenças infecciosas, cuidados com a saúde materno-infantil e práticas de segurança, as equipes de saúde podem capacitar as comunidades ribeirinhas a cuidarem melhor de si mesmas e de suas famílias. Além disso, a educação em saúde pode ajudar a combater mitos e crenças culturais que podem prejudicar a saúde das pessoas, como práticas tradicionais de medicina que não são eficazes ou mesmo são prejudiciais. Portanto, as atividades realizadas pela equipe de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa – Unipampa, em parceria com a Missão Laguna Negra, representam não apenas uma oportunidade de assistência direta às populações ribeirinhas, mas também um esforço significativo na promoção da saúde e no empoderamento dessas comunidades para cuidarem melhor de sua própria saúde a longo prazo. Essas ações não só contribuem para o bem-estar das pessoas atendidas, mas também para a construção de uma sociedade mais justa e saudável.