De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer do colo do útero (CCU), também conhecido como câncer cervical, é causado pela infecção genital contumaz por certos tipos de Papilomavírus Humano. O exame preventivo, também chamado de Papanicolau, identifica o vírus e as lesões pré-cancerosas, que quase todas são curadas, daí a necessidade de fazer o exame periodicamente. O segundo tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no Brasil é o de mama, sendo o colo do útero o terceiro mais frequente e a quarta causa de morte por câncer no país. Segundo o instituto, sem os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o segundo e o de colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais comum entre mulheres no Brasil. O instituto estima que, para o triênio 2023-2025, o Brasil terá uma média de 17.010 casos novos, o que significa uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. No que diz respeito à Região Norte do Brasil, o instituto salienta que essa região tem a maior incidência bruta de câncer de colo de útero, com 20,48 casos a cada 100 mil mulheres. O Amazonas tem a maior taxa entre os outros estados brasileiros, com 27,63 casos a cada 100 mil mulheres. Ainda de acordo com o INCA, Manaus é a capital com a maior incidência de CCU entre as outras capitais brasileiras, ou seja, 35,71 casos para cada 100 mil mulheres. A Atenção Básica à Saúde (APS) é o fundamento estratégico que sustenta o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o primeiro nível das Redes de Atenção à Saúde, tendo como objetivo agregar um conjunto de atividades de promoção e proteção à saúde. A APS tem a responsabilidade de elaborar ações para o tratamento do câncer do colo do útero, através de atividades educativas em saúde, da vacinação do grupo de risco, bem como do diagnóstico precoce da doença. Nesse contexto, este trabalho teve o objetivo de estimular de forma expressiva o aumento da adesão do exame preventivo do câncer do colo do útero coletados em mulheres na faixa etária de 25 – 64 anos, na Unidade de Saúde da Família MJ PM Sálvio Belota, em Manaus/AM. Destaca-se que a situação problema surgiu após a aplicação do Planejamento Estratégico Situacional com a equipe de apoio à gestão e a análise detalhada do processo de trabalho dos servidores da USF. Percebeu-se a baixa adesão de exame preventivo, provocado pelo absenteísmo do público alvo, variando entre 15 – 20% de faltas das mulheres que foram devidamente agendadas para seus exames, todavia não compareciam. Percebeu-se ainda, uma variedade de situações que contribuíram para intensificar o absenteísmo das mulheres agendadas: Falha na comunicação interna e externa de trabalhadores e usuários; Equívoco das usuárias sobre os critérios já orientados para o exame, que são: não ter entrado no ciclo menstrual; não ter usado ducha ou medicamentos vaginais nas últimas 48 horas; não ter mantido relação sexual nos últimos dois dias; Esquecimento das usuárias quanto a data do exame agendado. Como causa crítica, destacamos a falha na comunicação interna e externa de trabalhadores e usuários. Quanto a metodologia, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, bem como o Planejamento Estratégico Situacional (PES), muito utilizado na área da saúde o qual é dividido em quatro momentos básicos: explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional. O desdobramento metodológico se deu da seguinte forma: no acompanhamento de toda a gestão do projeto de intervenção quanto ao processo de trabalho, para a realização de exame preventivo na USF MJ PM Sálvio Belota; Envolvimento de todos os servidores que atuam dentro da unidade, direta ou indiretamente ligados aos exames citopatológicos; Realização de treinamento com todos os servidores sobre a abordagem e oferta oportuna dos exames citopatológicos: Enfermeiras, médicos, assistentes sociais, ACS, técnicos de enfermagem, odontólogos, farmacêuticos, técnicos em patologia clínica, técnicos em radiologia, a equipe da administração, enfim todos os servidores entrarão em processo de capacitação, com o propósito de conhecer a carteira de serviços da USF e poder oferecer com mais domínio os serviços disponíveis; As usuárias que chegam na USF em busca de qualquer outro serviço que não seja o exame citopatológico, foram e estão sendo devidamente abordadas e oferecido a possibilidade de agendar ou realizar no momento o seu exame preventivo. Com o propósito de ampliar o percentual de exames coletados de preventivo do CCU em comparação aos agendados, a fim de aperfeiçoar o cuidado ofertado as usuárias e o tratamento precoce para àquelas diagnosticadas com o câncer no colo do útero, traçou-se o plano para inibir o absenteísmo de todas as mulheres que foram devidamente agendadas para a realização do referido exame: contato telefônico ou outro meio de comunicação com as usuárias pelo menos 48 horas antes do exame. Tal contato foi realizado pelo técnico/auxiliar em enfermagem ou agente comunitário de saúde (ACS) ou pelo próprio enfermeiro que faz parte da equipe inserida na referida unidade que estará responsável pela realização do exame no dia agendado; Rígida atualização cadastral, pelos servidores do acolhimento, de todos os usuários que buscam a unidade para atendimento. Práticas de tarefas educativas no controle do câncer do colo do útero, como roda de conversas, visto que a USF é a porta de acesso das mulheres nos serviços de saúde; Divulgação em salas de espera de vídeos educativos e painéis temáticos sobre o câncer do colo do útero, aperfeiçoando o conhecimento da doença; Abordagem direta em salas de espera para captação de usuárias em oferta oportuna, agendando-as para o dia mais próximo possível ou até mesmo realizando o exame no mesmo dia. Como resultado, percebeu-se que a quantidade de exames citopatológicos agendados continuaram os mesmos, porém, a quantidade de absenteísmo reduziu e tem reduzido gradativamente, não somente pela ligação que a usuária recebe em 48 horas de antecedência do exame, mas também pela divulgação sobre o CCU na unidade. Houve ainda, uma aceitação do público alvo junto as estratégias de chamamento para a coleta do exame preventivo, resultando no aumento expressivo de exames realizados, ou seja, superando os agendados. Considerações Finais: Este trabalho possibilitou uma visão ampla no que se refere a melhoria do processo de trabalho dos profissionais de saúde voltado para a adesão do exame preventivo do câncer do colo do útero. Possibilitou ainda melhor entendimento das mulheres quanto a importância da adesão ao exame de preventivo. Atualmente, esse trabalho tem sido contínuo na USF MJ PM Sálvio Belota, realizado reuniões quinzenais com a equipe que esteve envolvida no projeto. Destaca-se ainda que como produto da referida pesquisa, foi elaborado um banner, fim de sensibilizar o público feminino, dentro da faixa etária, cuja mensagem destaca a importância da realização do exame de preventivo, assim como disponibiliza um serviço de atendimento pelo WhatsApp. Em suma, uma televisão com vídeos educativos. Dessa forma, conclui-se que os objetivos foram alcançados alinhados aos resultados que se inserem no contexto da integralidade do cuidado, preconizado pelo Sistema Único de Saúde, garantido pela Constituição Federal de 1988.