Apresentação: É de reconhecimento científico que a expressão criativa oferece um caminho singular para explorar emoções, pensamentos e experiências de forma não verbal e simbólica. Estudantes do segundo ano do curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Chapecó/SC, desenvolveram uma atividade de pesquisa teórico-vivencial associada ao componente curricular de Saúde Coletiva III (2023.2) ao mergulharem na criação de mandalas e investigarem sua relação com o cuidado em saúde, incorporando os conceitos junguianos de inconsciente, signos, símbolos e sonhos. O objetivo do estudo foi ampliar a abrangência temática da formação médica ao investigar a potencialidade das mandalas como recurso terapêutico associado à Arteterapia, uma das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). Essas práticas são recursos terapêuticos disponibilizados para ações coletivas na Atenção Primária à Saúde (APS/SUS), que visam promover o autoconhecimento mediante ações de criatividade que integram profundos aspectos da personalidade. Desenvolvimento: Sob orientação docente, os estudantes realizaram encontros semanais e mergulharam na pesquisa sobre a utilização das mandalas na Arteterapia, explorando suas origens e influências, incluindo contribuições de Carl Gustav Jung (1875-1961) e Nise da Silveira (1905-1999). Utilizando abordagens qualitativas, como revisões bibliográficas e debates reflexivos, os alunos aprofundaram seus conhecimentos a respeito do potencial das mandalas como ferramenta terapêutica. Analisaram também como as mandalas podem ser integradas na formação dos profissionais de saúde, fortalecendo habilidades de comunicação, empatia e sensibilidade. Resultados: A experiência possibilitou os estudantes integrarem conhecimentos sobre os teóricos originais e criar mandalas de maneira relaxante e meditativa. Eles relataram uma redução do estresse e uma promoção do bem-estar emocional, além de destacarem que as mandalas funcionaram como uma eficaz forma de terapia não verbal, especialmente para aqueles com dificuldades de comunicação sobre seus sentimentos e experiências. A cada encontro, os participantes revelavam simbolismos e significados pessoais nas mandalas produzidas, demonstrando o progresso individual e coletivo. O estudo enfatizou a relevância de incluir práticas artísticas na formação de profissionais de saúde, destacando a interseção entre arte, cuidado em saúde e meditação através dos conceitos junguianos. Considerações Finais: A integração da arte, especialmente por meio das mandalas, é essencial para a construção de práticas de cuidado mais humanizadas e inclusivas, cujos aspectos enriqueceram a formação médica frente à compreensão da complexidade humana e poderão contribuir com a prática clínica e coletiva. Para além de promover habilidades de comunicação e produção de conteúdo, a experiência fortaleceu o entendimento dos estudantes sobre a necessidade de práticas inovadoras na formação em saúde para o sistema público de saúde, destacando o potencial das mandalas na transformação positiva do cuidado no Sistema Único de Saúde.