Apresentação: Os transtornos mentais são determinados por uma composição de pensamentos, comportamentos anormais e emoções que afetam tanto o indivíduo quanto as relações sociais. Nessa perspectiva, essas condições relacionadas ao trabalho apresentam uma temática de significativa relevância na atualidade, já que ansiedade, depressão e estresse são alguns entraves atrelados ao mental do indivíduo e apresentam elevada prevalência na sociedade. Esses fatores podem ser desencadeados por um ambiente de serviço ou rotina estressante, de modo a ocasionar incapacidade da pessoa, ressaltando a importância do tema. À vista disso, o objetivo deste estudo é descrever a prevalência e o perfil de indivíduos acometidos por transtornos mentais relacionados ao trabalho no Brasil. Desenvolvimento do trabalho: Estudo ecológico, com dados extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-Datasus) nos anos de 2019 a 2023. Selecionamos da base de dados, infomações de ocorrências nas variáveis ano, estado, sexo, faixa etária, raça, escolaridade, tabagismo, etilismo e uso de psicofármacos. Resultados: Durante o período analisado, foram notificadas 11.648 ocorrências, sendo 2022 (21,8%) e 2023 (30,6%) os anos com maior prevalência. Quanto aos estados, São Paulo foi o de maior número de casos (21,5%), seguido de Minas Gerais (19,8%). Houve prevalência para o sexo feminino (68,3%), e para as faixas etárias de 30 a 39 anos (32,5%) e 40 a 49 anos (30,9%). Prevaleceram indivíduos de raça branca (46%), seguidos de pardos (30,1%); e que possuem maior grau de escolaridade: com pelo menos o ensino médio completo (36,4%) ou ensino superior completo (32,4%). Quanto ao uso de drogas lícitas ou não lícitas não houve prevalência de fumantes, (4,9%), consumidores de álcool (6,4%) ou pessoas que utilizavam drogas psicoativas (4,5%). Parcela significativa dos acometidos utiliza psicofármacos (34,5%). Considerações Finais: A descrição do perfil e da prevalência de vítimas de transtornos mentais atrelados ao trabalho, revela a predominância de casos nos estados mais populosos do país, ressaltando a importância de medidas voltadas a essas localidades. A discrepância quanto ao sexo evidencia o quanto a população feminina está mais sujeita a transtornos mentais e a urgência de intervenções nesse cenário. Vale pontuar o grande contingente de ocorridos em populações com maior índice de escolaridade, possível relação com os tipos de trabalho que necessitam de maior esforço intelectual e mental. A prevalência da raça branca também se relaciona a isso, uma vez que, infelizmente, ainda se observa essa discrepância racial no Brasil quanto aos cargos profissionais. Dessa forma, providências voltadas a esses fatores possibilitam atitudes para reduzir consequências negativas desses transtornos tanto no âmbito de trabalho quanto em outras relações sociais do indivíduo.