Apresentação: O cuidado em saúde das comunidades ribeirinhas apresenta-se como um desafio na atenção primária, sobretudo por dificuldades logísticas. Assim, entende-se a Educação em Saúde - ES como estratégia primordial na promoção de empoderamento para ampliar a autonomia dos ribeirinhos frente ao próprio processo de adoecimento. Dessa forma, este trabalho busca qualificar a eficácia de ações de ES, realizadas in loco e adaptadas ao contexto local, no empoderamento de populações ribeirinhas. Desenvolvimento do Trabalho: Estudo prospectivo de abordagem qualitativa e descritiva, desenvolvido a partir da coleta de dados de pacientes atendidos durante o percurso do barco-ambulatório Laguna Negra, no período de julho a agosto de 2023, na região do Baixo Purus, Amazonas. Foi utilizada a técnica de roda de conversa com grupos focais para a realização de ES sobre doenças do trato gastrointestinal. Os instrumentos de coleta foram: teste de conhecimento prévio, exposição oral sucinta de informações-chave e pós-teste de aplicação imediata. Posteriormente, foi utilizado o método de Minayo para análise dos dados. Este estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da EMESCAM, sob o parecer de número 6.162.204. Resultados: Em relação ao pré-teste, os resultados apontam para a ausência do hábito de consumir água tratada, sendo a desinfecção feita esporadicamente, por falta de recursos - comunidades que não recebem hipoclorito de sódio e alto custo do gás para fervura - ou por desinformação acerca de sua importância. Em geral, conhecem o hipoclorito e sua função, porém não recebem instruções adequadas quanto à dosagem, a qual, em excesso, torna o sabor desagradável e reduz a adesão. Isso expõe a necessidade de estratégias para além da educação em saúde visando otimizar a adesão às medidas recomendadas. Os ribeirinhos têm, ainda, noções da transmissibilidade de patógenos da água do rio, reconhecida por meio da sintomatologia comum a infecções do trato gastrointestinal, referida como muito prevalente na região. Entretanto, não souberam nomear quais as doenças e a natureza dos agentes causadores, implicando na sobreposição do conhecimento empírico, advindo do contato dos ribeirinhos com essas infecções, sobre o conhecimento formal, ratificando dados já conhecidos sobre baixa escolaridade. Em relação ao pós-teste, as respostas obtidas após a exposição oral demonstraram boa retenção das informações transmitidas, reafirmando a efetividade da ES. Considerações finais: A ES qualifica o indivíduo na busca por autonomia no cuidado em saúde. Para isso, cabe ao profissional da saúde superar barreiras socioeconômicas e culturais, ressaltando a adaptação da linguagem ao contexto ribeirinho como facilitadora da comunicação. Ademais, constatada a baixa escolaridade das comunidades ribeirinhas, destaca-se ainda mais a importância da ES em levar informações ao público que, por vezes, as recebe de forma inédita quando veiculadas pelos profissionais de saúde. Em contraponto, sabe-se da improbabilidade de uma única ação de ES provocar mudanças de estilo de vida em todos os pacientes, pois estas dependem da aceitação, internalização e volição do interlocutor. Portanto, as ações de ES devem apresentar constância, na medida em que a busca pelo empoderamento das populações ribeirinhas demonstra-se forte aliada no cuidado em saúde desse grupo social.