A Educação Popular em Saúde (EPS) se mostra uma ferramenta potente para transformar o local e a realidade dos usuários, proporcionando a abertura para um cuidado criativo e crítico, permitindo que o protagonismo dos sujeitos seja evidenciado. Pois, a EPS, problematiza a realidade que entristece e adoece, estendendo o cuidado para o enfrentamento dos modos de opressão e da precarização da vida, através da criação de inéditos viáveis que possam transformar a realidade visando à construção coletiva de um mundo diferente, a partir de uma consulta, ações de prevenção e promoção de saúde, atividades grupais ou em espaços comunitários no território. Objetivo: compreender os círculos de cultura realizados com mulheres como ferramenta de cuidado no distrito norte do município de Campinas no ano de 2021. Método: foram realizados dois ciclos de grupos compostos de 8 encontros, inspirados na perspectiva freireana, com mulheres, maiores de 18 anos, residentes no distrito norte do município de Campinas/SP. Os grupos foram registrados em diário de campo, o qual foi analisado a partir da perspectiva hermenêutica-dialética. Resultados: Observa-se que as fases do círculo de cultura se apresentaram como atos de cuidado, pois a investigação temática é o momento em que os contratos de respeito e sigilo são realizados, assim como o acesso a suas histórias de vida, contextos e realidades. A codificação e descodificação abrem as portas para o surgimento de uma visão crítica e social, além da construção afetiva e reforçadora de confiança entre os pares e por fim o desvelamento crítico permite o vislumbre da modificação da sua própria realidade e reconexão consigo e com seus pares através da vinculação afetiva com o grupo. Conclusão: O círculo de cultura se mostrou uma ferramenta potente para a transformação das mulheres por meio da EP a partir de relações humanísticas alicerçadas no respeito aos valores e crenças das pessoas reais e assim, consequentemente, criam-se relações de afeto, cuidado, confiança, respeito e liberdade.
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