Este estudo trata do atendimento da equipe multiprofissional a usuários com surdez em centro de especialidades odontológicas na cidade de Belém, estado do Pará. O Relatório Mundial sobre Audição, de 2021, da Organização Mundial da Saúde, indica que mais de 1,5 bilhão de pessoas apresentam algum declínio em sua capacidade auditiva. No Brasil, 5% da população brasileira é formada por pessoas com deficiência auditiva. Este estudo tem como objetivo analisar as experiências vivenciadas por trabalhadores durante o atendimento a pessoas com deficiência auditiva em um Centro de Especialidades Médicas e Odontológicas. Para o alcance desse objetivo, realizou-se um estudo exploratório, descritivo, de campo, com abordagem quantitativa e qualitativa, desenvolvido com 28 profissionais de saúde do Centro. A pesquisa de campo se deu através do preenchimento de um questionário autoaplicável por parte dos funcionários técnicos e administrativos da área médica e odontológica do Centro para identificação e classificação a respeito de suas experiências no atendimento aos usuários com deficiência auditiva neste local. Entre os participantes da pesquisa 78% foram do sexo feminino, principalmente, na faixa etária dos 45 a 59 anos (39%), em 67% trabalhando a mais de seis anos no local. Em relação ao atendimento e/ou orientação a usuários com alguma deficiência auditiva, 92% relataram já ter realizado. Contudo, 96% relataram não terem recebido nenhum treinamento ou instrução para o atendimento a usuários com essas características e necessidades. A análise dos dados qualitativos permitiu identificar três categorias temáticas: 1) Dificuldade no atendimento e frustação do profissional; 2) Necessidade de acompanhante ou tradutor para auxiliar no atendimento e 3) Resultados exitosos. Para finalizar, considera-se que este estudo permitiu identificar uma lacuna entre os profissionais de saúde e os usuários com deficiência auditiva em relação a execução de cuidados e a qualidade do atendimento oferecido. Através de uma comunicação eficiente, é possível realizar uma boa anamnese, o que leva a diagnósticos precisos e melhores tratamentos. Ademais, a comunicação entre usuários com deficiência auditiva e profissionais de saúde é dificultada devido a falta de habilidades, por parte dos profissionais, para esta atividade, o que resulta em uma atenção à saúde que ainda carece de melhorias.