Apresentação: a história da ciência nos mostra que os avanços científicos são cruciais no combate às doenças que afligem a humanidade. Desde a inovadora descoberta da vacina contra a varíola por Edward Jenner no século XVIII até os tempos atuais, a busca por vacinas eficazes que minimizem sintomas e previnam enfermidades se tornou essencial. Este aspecto destacou-se particularmente durante a pandemia da gripe em 1918 e a pandemia recente da COVID-19. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) reconhece a saúde como um direito fundamental, possibilitando, através do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a oferta de vacinas desde o nascimento. Esta é uma das estratégias mais eficientes e economicamente viáveis de saúde pública, crucial na prevenção de surtos e na redução do impacto sobre os sistemas de saúde. Mais do que uma proteção individual, a vacinação é uma responsabilidade coletiva, essencial para manter a saúde e o bem-estar social. O PNI desempenha um papel vital ao garantir a disponibilidade e a rigorosa distribuição de vacinas, especialmente através dos Centros de Saúde da Família (CSF). Além disso, o programa dispõe calendários vacinais para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Também possui calendários especiais para população indígena e trabalhadores da saúde, dispondo de inúmeras notas técnicas que atendam às condições especiais adaptando a oferta de imunobiológicos às necessidades imunológicas específicas de diferentes faixas etárias, por meio dos Centros de Imunobiológicos Especiais (CRIE). A sinergia entre SUS e PNI não apenas facilita a vacinação em massa, mas garante que nenhuma pessoa fique desassistida, por meio de ações rotineiras em sala de vacina, vacinações extramuro, buscas ativas de faltosos, vacinações em pontos estratégicos à população e incluindo vacinação em domicilio à pessoas com restrições físicas. Portanto, objetiva-se relatar a experiência desenvolvida durante as práticas da disciplina de Enfermagem em Saúde Comunitária na quinta fase no ano de 2023, no curso de Enfermagem, em um CSF de um município no oeste catarinense, dando ênfase à importância vital do SUS e do PNI na proteção da saúde coletiva e no combate às enfermidades, ressaltando a vacinação domiciliar como um pilar fundamental do programa, em indivíduos com dificuldades físicas, além de enfatizar um olhar holístico ao paciente e uma equipe multiprofissional. Desenvolvimento: As práticas no campo da Enfermagem em Saúde Comunitária proporcionam experiências valiosas, permitindo aos estudantes compreender e valorizar a eficácia do SUS. Durante a campanha de vacinação contra a gripe e a COVID-19 em 2023, observou-se a importância crítica do SUS no suporte a grupos vulneráveis, como pacientes acamados. Os agentes comunitários de saúde desempenham um papel crucial na identificação das necessidades de saúde da comunidade e na facilitação da vacinação domiciliar para aqueles que não podem se deslocar aos centros de saúde. Nesses casos, a Secretaria de Saúde disponibiliza um veículo para as visitas previamente agendadas pela técnica da sala de vacinação, em conjunto com a enfermeira coordenadora da unidade, levando os imunizantes diretamente aos pacientes. Este contato mais próximo também enriquece a compreensão da equipe sobre as condições de saúde da população atendida, destacando a necessidade urgente de vacinação entre os mais debilitados, especialmente suscetíveis a complicações graves de saúde ao adquirir gripe ou COVID-19. Nesse contexto, para facilitar o acesso à vacinação do público acamado, os ACS por iniciativa própria disponibilizaram seus veículos particulares para levar os vacinadores às suas microáreas. Considerando a extrema vulnerabilidade deste público, a vacinação torna-se uma medida essencial para preservar sua saúde e qualidade de vida. Essa experiência prática elucida a importância do SUS na prestação de cuidados de saúde abrangentes e acessíveis, o que contribuiu para nossa formação de profissional com maior sensibilidade à realidade dos pacientes vulneráveis, pela vivência da urgência dos requisitos de saúde destes indivíduos, o que contribui para uma prática compassiva, promovendo assim a construção de um sistema coletivo mais equitativo e inclusivo. Resultados: As visitas domiciliares evidenciam a importância de um cuidado integral e equitativo, ressaltando o compromisso do SUS com a justiça social em saúde. Os pacientes que requerem assistência contínua, como os acamados e idosos frágeis, muitas vezes também impõem desafios aos seus cuidadores. Além da imunização, é essencial oferecer uma assistência ampla à saúde, considerando as limitações físicas que impedem esses indivíduos de buscar atendimento por si mesmos. Durante as visitas, torna-se evidente a significância de um olhar mais abrangente, observando feridas e patologias que requerem acompanhamento, idosos debilitados confinados ao leito e as dificuldades logísticas enfrentadas para alcançá-los em seus domicílios, seja devido às distâncias a serem percorridas ou às barreiras estruturais das vias públicas. Nesse contexto, as ACS desempenham um papel fundamental ao fazer a busca ativa e identificar essas pessoas e acompanhá-las em suas necessidades. Sua presença e conhecimento do território permitem localizar e estabelecer vínculos com os pacientes, facilitando o acesso aos serviços de saúde e fornecendo um apoio contínuo. As ACS auxiliam na identificação das exigências de saúde dos pacientes e contribuem para a implementação de medidas preventivas e educativas, fortalecendo o cuidado integrado e centrado no paciente. Essas intervenções não apenas contribuem para a imunização, mas também se constituem como oportunidades cruciais para identificar e abordar outros contextos de saúde dos pacientes, abordando o paciente em seu aspecto biopsicossocial. Através da prática, é possível visualizar as dificuldades enfrentadas e estabelecer estratégias para resolvê-las, indo além do objetivo inicial da vacinação. Portanto, atividades deste modo se revelam cruciais para fomentar a saúde e para a edificação de um sistema de saúde mais equitativo, destacando a importância do papel do enfermeiro e de outros profissionais de saúde na valorização de uma abordagem multiprofissional. Considerações finais As experiências adquiridas reiteram a necessidade vital do PNI e do SUS na garantia do acesso universal à saúde. A eficácia do programa depende integralmente da competência e dedicação da equipe multiprofissional, que deve estar atenta às condições dos pacientes, principalmente daqueles que não conseguem acessar os serviços de saúde por conta própria. Essa perspectiva integral, aplicada mesmo em procedimentos específicos como a vacinação, é crucial para desenvolver profissionais de saúde mais preparados e comprometidos com a promoção da equidade e com a defesa do direito à saúde para todos.