Apresentação: A segurança do paciente com infarto agudo do miocárdio (IAM) está diretamente associada à classificação de risco, ao diagnóstico e trombólise precoce e ao encaminhamento em tempo hábil para serviços especializados de alta complexidade. Para garantir o atendimento integral aos pacientes em emergências cardiológicas, de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde implementou, por meio da Portaria n.º 1.600, em 2011, a linha de cuidado do IAM. Desde então, percebe-se uma diminuição significativa das mortes precoces e tardias por doenças cardiovasculares, como o IAM. O objetivo deste estudo é relatar a experiência de reorganização da Rede de Urgência para implantação da linha de cuidado do IAM no território Sul do Município de São Paulo. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência. A região Sul do Município de São Paulo é constituída por 15 distritos administrativos que são geridos por 05 Supervisões Técnicas de Saúde e uma Coordenadoria Regional de Saúde. Residem neste território 2.863.268 milhões de habitantes. A Rede de Atenção à Saúde, no âmbito das urgências e emergências é composta por: 16 Unidades de Pronto Atendimento 24h, 06 Hospitais gerais e 05 bases do SAMU. As tratativas para a reorganização da RUE para a implantação de uma linha de cuidado do IAM iniciaram-se no ano de 2019, devido à insatisfação da população com as elevadas taxas de mortalidade/morbidade relacionados: sobrecarga nos serviços de urgência, à desarticulação entre os diferentes níveis de atenção e no tempo prolongado para chegada ao hospital, especialmente nos territórios mais distantes. Esse processo de reorganização foi desenvolvido em três partes: análise diagnóstica da situação, capacitação dos profissionais e adequação do fluxo de atendimento dos pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM). Resultados: Na primeira parte, verificou-se que 10 a 15% dos pacientes atendidos com IAM tinham supradesnivelamento de segmento ST e indicação para trombólise pré-hospitalar, contudo, não era realizada nos serviços de atendimento pré-hospitalar fixo e móvel. Dos 110 leitos ocupados com pacientes clínicos nos hospitais do território, 30% eram de pacientes com patologias cardiológicas e, em média, ficavam aguardando cateterismo cardíaco por sete dias. Diante desses fatores, pautou-se com gestores de qualidade a problemática na reunião do núcleo de acesso a qualidade hospitalar (NAQH). Na segunda parte, realizou-se a sensibilização e capacitação dos profissionais dos serviços de APH (fixo e móvel) e hospitalar de referência do território. O processo formativo foi desenvolvido na perspectiva da educação permanente em saúde e os temas propostos foram o manejo do paciente com IAM, interpretação de ECG, administração do trombolítico, cuidados em situações de intercorrências e desenho do fluxo prioritário de atendimento e serviços de referência. Na última parte, para a efetiva reorganização da foram contratualizados serviços de ambulância para transporte intra-hospitalar, procedimentos de angioplastia primária como método e cateterismo para os pacientes pós-trombólise nos hospitais de referência, cobrindo 100% da população local. Considerações finais: A reorganização do fluxo beneficiou todos os pacientes em emergências cardiológicas. Acelerou o diagnóstico, o paciente recebeu a trombólise em tempo oportuno.