Apresentação:
Alunas de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) em companhia de uma professora orientadora executaram a primeira edição do Projeto Amazonas, que ocorreu no estado do Amazonas em parceria com a Missão Laguna Negra, organizada pela Epifania Comunidade Católica, da Arquidiocese de Vitória-ES. O Projeto Amazonas é uma iniciativa que visa levar assistência, apoio e serviços de saúde a comunidades carentes localizadas na região amazônica, especialmente em áreas remotas e de difícil acesso. As atividades podem incluir consultas médicas, atendimentos odontológicos, distribuição de medicamentos, educação em saúde, intervenções fisioterapêuticas, entre outras ações voltadas para a promoção da saúde e o bem-estar das comunidades atendidas. Este resumo busca relatar a experiência das estudantes durante sua participação no Projeto Amazonas, realizado no estado do Amazonas em colaboração com a Missão Laguna Negra, organizada pela Epifania Comunidade Católica da Arquidiocese de Vitória-ES. Dessa maneira, o projeto buscou desempenhar ações voltadas à educação em saúde, além de ofertar atendimentos multiprofissionais para a população ribeirinha às margens do Rio Purus. Assim, por meio do Barco Hospital Laguna Negra, duas alunas e uma professora da UNIPAMPA proporcionaram o cuidado, juntamente a equipe médica, fisioterapêutica, odontológica e de apoio. Isto posto, objetiva-se relatar a experiência de alunas integrantes do Projeto Amazonas na elaboração e distribuição de material de educação em saúde para as comunidades ribeirinhas no município de Tapauá-AM.
Desenvolvimento do trabalho:
No período de preparação para a realização da missão, foi realizado um estudo prévio e embasamento teórico para o projeto através do curso da UNA-SUS “Atenção à Saúde da População Ribeirinha”, e a partir daí foram propostos pela equipe do projeto a confecção de cartilhas sobre alongamentos, considerando a frequência de queixas musculoeseuqleicas provenientes de má postura ou movimentos repetitivos e a precariedade de acesso aos serviços de saúde; reaproveitamento de água, em razão da escassez de água potável na região; prevenção contra arboviroses, com intuito de levar conhecimento aos ribeirinhos, considerando os dados alarmantes sobre casos de dengue, malária e outras arboviroses; além de cartilhas de orientação sobre higiene pessoal e bucal. Toda a preparação dos envolvidos, e o material elaborado teve por intuito habilitar a equipe nas particularidades da população ribeirinha para que estes estivessem capacitados para realizar uma escuta ativa e acolhedora, bem como ofertar conhecimento, e realizar as orientações, de modo que os ribeirinhos se sentissem acolhidos e valorizado em suas especificidades. Seguindo para a missão, durante um período de 15 dias, o Barco Laguna Negra navegou por cerca de 40 comunidades situadas na cidade de Tapauá, Amazonas. Estas comunidades encontram-se isoladas a quilômetros de distância de qualquer centro urbano, e a falta de acesso facilitado a serviços de saúde é uma realidade enfrentada por essas populações ribeirinhas. Diante desse contexto, a equipe do projeto propôs a distribuição de cartilhas abordando temas pertinentes à realidade local. Em cada comunidade visitada, grupos compostos por crianças, jovens e adultos foram formados para a distribuição das cartilhas, seguida de orientações sobre o conteúdo abordado. Ao todo, mais de mil cartilhas foram distribuídas durante o período de intervenção. Além da distribuição das cartilhas, as alunas também aproveitavam o momento para colher queixas dos pacientes no momento do atendimento no barco e desse modo, quando necessário, orientações individuais eram fornecidas imediatamente ou apos os atendimentos médicos e/ou odontológicos. A elaboração das cartilhas foi embasada em estudos prévios sobre a realidade e necessidades específicas das comunidades ribeirinhas, contribuindo para um material informativo relevante e adaptado ao contexto local. As sessões de orientação foram oportunidades cruciais para alertar os ribeirinhos sobre a prevenção de arboviroses, práticas adequadas de higiene pessoal e bucal, técnicas de reaproveitamento de água e a importância dos alongamentos para melhor qualidade de vida. Além dos benefícios para as comunidades atendidas, a experiência proporcionou aos integrantes do projeto uma imersão na cultura ribeirinha e um contato direto com seu ambiente, enriquecendo significativamente o processo de formação das acadêmicas envolvidas. A aprendizagem através da experiência prática e do contato direto com os povos ribeirinhos demonstrou ser uma abordagem eficaz no processo de educação em saúde. Essa abordagem integral não apenas fortaleceu o vínculo entre os prestadores de serviços de saúde e as comunidades ribeirinhas, mas também enriqueceu a formação profissional dos estudantes envolvidos, evidenciando a importância da interação entre teoria e prática no contexto da assistência à saúde em comunidades remotas.
Resultados:
Nessa perspectiva, evidencia-se que os atendimentos realizados tanto em grupo, quanto individual, proporcionaram aos ribeirinhos um enriquecimento nos saberes que já possuíam sobre as temáticas abordadas nas cartilhas, bem como a oferta de alongamentos oportunizou uma melhor sensação de bem-estar e qualidade de vida, na medida em que haviam muitas queixas musculoesqueléticas relacionadas a má postura ou a movimentos repetitivos. Percebemos que a preparação prévia foi importante, mas vivenciar a realidade dos ribeirinhos in loco, estar em suas comunidades e observar de perto o modo como eles vivem foi essencial para o entendimento da situação das comunidades e para moldar a forma de pensar, organizar e executar os atendimentos e as orientações, visando questões que fossem de maior pertinência a essas comunidades, como a necessidade da prevenção contra as arboviroses, o cuidado correto com higiene pessoal e bucal, formas de reaproveitamento de água e, também, da importância dos alongamentos. Outrossim, estas vivências e trocas de experiências entre os integrantes do Projeto Amazonas e as populações ribeirinhas, trouxeram impactos positivos para o processo de formação acadêmico e pessoal das discentes envolvidas, mostrando o valor da humanização do cuidado e da ampliação no olhar e na atenção singular a cada indivíduo e comunidade.
Considerações finais: Por fim, entende-se que a participação no Projeto Amazonas proporcionou uma experiência enriquecedora e transformadora para as alunas de fisioterapia da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e sua professora orientadora. A iniciativa representou não apenas um compromisso com a assistência à saúde, mas também um mergulho profundo na realidade das comunidades ribeirinhas do estado do Amazonas. Os impactos observados foram significativos, tanto no aumento do conhecimento das comunidades atendidas quanto na melhoria da qualidade de vida dos ribeirinhos. A vivência direta no ambiente ribeirinho permitiu uma compreensão mais profunda das necessidades locais, moldando os atendimentos e as orientações de forma mais assertiva e relevante. Além dos benefícios para as comunidades, a experiência também teve um impacto positivo no processo de formação das alunas, enriquecendo sua visão sobre a prática da Fisioterapia com populações remotas e reforçando a importância da humanização do cuidado e da atenção individualizada. Em suma, o Projeto Amazonas não apenas cumpriu seu objetivo de levar assistência e apoio às comunidades carentes da região amazônica, mas também deixou uma marca permanente no processo de formação das alunas participantes, evidenciando o poder da interação entre teoria e prática no contexto da saúde comunitária.