A Saúde Coletiva é um campo de conhecimento interdisciplinar, interessado na compreensão do processo saúde-doença a partir da sua determinação social; essa compreensão se dá na confluência dos saberes da Epidemiologia, da Política, Planejamento e Gestão em Saúde e das Ciências Humanas e Sociais em Saúde, sendo estas últimas o espaço fértil para o diálogo entre saúde/doença/cuidado e as ciências da linguagem. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de um grupo e estudos em Análise de Discurso e(m) Saúde, interessado na compreensão de aspectos relacionados a formação e a institucionalização da Saúde Coletiva no Amazonas. O grupo é integrado por docente e discentes do curso de medicina, que se reúnem periodicamente, para a leitura e discussão coletiva de textos da Análise de Discurso (AD), proposta por Michel Pêcheux, na França, e inserida no Brasil, por Eni Orlandi. O propósito do grupo é apreender os principais conceitos e o procedimento teórico-analítico utilizado na AD, afim de utilizá-los em dois projetos de iniciação cientifica: um focado na institucionalização da Saúde Coletiva e o outro, focado na formação em Saúde Coletiva, ambos na Universidade Federal do Amazonas. Em pouco mais de oito meses de funcionamento, o grupo tem conseguido distinguir noções cotidianas que, na AD, ganham um estatuto especifico, como fala, discurso, comunicação, silêncio, interpretação, dentro outros, bem como tem conseguido mobilizar esses conceitos em pequenos gestos de análise empreendidas em materiais do corpus, como por exemplo o funcionamento de pré-requisitos na mobilização de sentidos de/para a Saúde Coletiva. Pode-se considerar que o grupo tem possibilitado uma série de reflexões consequentes e críticas, na medida em que oportuniza uma nova perspectiva de compreensão da Saúde Coletiva, da saúde e, inclusive, da própria medicina, uma vez que “só há sentido, porque há inscrição na história” e “os sentidos sempre podem ser outros”.