O NOME SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO EM MEDICINA

  • Author
  • LUCAS RODRIGO BATISTA LEITE
  • Co-authors
  • HELIANA NUNES FEIJÓ LEITE , RONILSON FERREIRA FREITAS
  • Abstract
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    A Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas tem envidado esforços para a atualização do Projeto Pedagógico de Curso (PPC), vigente desde 2010, que não contemplava, por conseguinte, as recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais (2014) e as recomendações de curricularização da extensão (2018). No currículo vigente, a área Saúde Coletiva se organizava ao entorno de sete disciplinas obrigatórias – Saúde Coletiva, de I a IV, 60 horas cada, do primeiro ao quarto período; Epidemiologia I e II, 60 horas cada, do quinto ao sexto período; e Estágio em Medicina Preventiva e Social/Internato Rural, de 800 horas, nos dois últimos anos de curso – e uma disciplina eletiva - Saúde Indígena, 75 horas. No movimento de atualização curricular, uma primeira proposta se materializou em abril de 2021, ficando a área de Saúde Coletiva organizada da seguinte forma: Saúde, Ambiente e Políticas Públicas, com 75 horas, no primeiro período; Planejamento e Gestão em Saúde, com 75 horas, e Epidemiologia em Saúde, com 90 horas, ambas no terceiro período; Abordagem Clínica Centrada na Pessoa, Família e Comunidade, com 75 horas, no quarto período; e Módulo de Medicina Preventiva e Social (Internato Rural), de 800 horas, no internato médico. Após um hiato na discussão curricular, por questões avaliativas, em 2022 o assunto voltou à tona, ao passo que novos docentes em atuação no departamento, questionaram a proposta de 2021, pelo apagamento do nome “Saúde Coletiva” nas disciplinas. Na defesa da manutenção do nome, argumentou-se, sustentando no prisma discursivo, que denominar/dar nome implica em recorte em toda uma rede de sentidos, que se especificam a partir das condições sociais e históricas das quais derivam, de modo que o nome Saúde Coletiva implica em uma demarcação epistêmica e política, no modo de compreender a saúde, a sociedade. Sob esse prisma, é que se defendeu que dizer Saúde Coletiva é, necessariamente, dizer sobre ambiente, política, políticas públicas, planejamento, família, comunidade; todavia, o inverso não necessariamente é verdadeiro; e em particular, o nome Abordagem Clínica Centrada na Pessoa, Família e Comunidade demarca um lugar extremamente especifico, que mais se direciona para a Medicina de Família e Comunidade que para a Saúde Coletiva. Após uma série de conversas informais e reuniões de departamento, uma proposta definitiva foi elaborada em 2023: Introdução a Saúde Coletiva, com 75 horas, no primeiro período; Saúde Coletiva com ênfase em Política, Planejamento e Gestão Em Saúde, com 75 horas, no segundo período; Saúde Coletiva com ênfase em Atenção Primária em Saúde, com 75 horas, e Epidemiologia e Bioestatística, com 90 horas, ambas no terceiro período; Módulo Saúde Coletiva, com 50 horas, no ciclo de internato, e Programa de Extensão Saúde Coletiva em Contexto Rural, com 750 horas, funcionando em conjunto com o módulo; também foram propostas as disciplinas eletivas Saúde Indígena e Tópicos Especiais em Saúde Coletiva, ambas com 45 horas, e a última com ementa aberta. Em espaços de relações de força, é fundamental demarcar posição, aí incluída, a nomeação, já que “o nome é que demarca a fronteira”.

  • Keywords
  • Saúde Coletiva, Medicina, Análise de Discurso,
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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