Apresentação: O Brasil vem passando por uma transformação demográfica, com um aumento da população idosa, dados do IBGE 2022 indicam que os indivíduos com 60 anos ou mais agora representam 10,9% da população total, um aumento de 57,4% em relação ao censo de 2010. Este fenômeno de envelhecimento, também ocorre no Espírito Santo, o censo demográfico de 2022 mostra que houve um crescimento no número de pessoas com mais de 60 anos vivendo no Espírito Santo. Em 2010, o número de idosos chegava perto de 365 mil, já em 2022, esse número chegou a pouco mais de 630 mil pessoas, um aumento de 73% da população idosa. Esse aumento da longevidade e da consequente proporção de idosos na população brasileira determina a preocupação a respeito de eventos incapacitantes nessa faixa etária, sendo um deles a ocorrência de quedas, algo bastante comum e temido pela maioria da população idosa. A queda é um grave problema na saúde pública, sendo classificada como uma das principais causas de lesões e de morte entre os idosos. É estimado que 30% das pessoas com idade superior a 65 anos caem todos os anos, o que é responsável por aproximadamente 25% das internações de idosos. A queda pode acarretar traumas graves em pessoas idosas, colaborando para o declínio da capacidade funcional e da autonomia, institucionalização e aumento da mortalidade. A queda pode ocorre devido as fatores intrínsecos como a redução da acuidade visual, diminuição do tempo de resposta visual e da adaptação às alterações de luminosidade; perda auditiva; distúrbios vestibulares, que levam à diminuição da estabilidade postural; disfunções proprioceptivas, com alteração da percepção e posição do corpo estático e dinâmica; aumento do tempo de reação em situações de perigo; e, diminuição da força e degenerações articulares, que limitam a amplitude de movimentos . Ela também pode ocorrer por fatores extrínsecos do meio ambiente que gera risco de queda como barreiras arquitetônicas, pisos escorregadios e desnivelados, tapetes soltos, escadas sem corrimão, iluminação inadequada, interruptores em locais inadequados, objetos espalhados no piso e calçados inadequados. Esses fatores intrínsecos e extrínsecos, respectivamente, contribuem para a vulnerabilidade dos idosos. Por isso a importância de um socorro ágil e eficiente em caso de emergência, que pode proporcionar um melhor prognóstico, evitando danos secundários, reduzindo assim, as sequelas e a taxa de mortalidade. Atualmente este socorro às vítimas de acidentes e violência é realizado pelo Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192). O SAMU 192 propõe um modelo de assistência padronizado que opera através do acionamento à Central de Regulação das Urgências, com discagem telefônica gratuita, pelo número 192, ao realizar a solicitação de socorro, o usuário é atendido inicialmente por um Técnico Auxiliar de Regulação Médica (TARM), que tem a função de identificar o pedido de socorro e coletar informações referentes à localização da vítima, em seguida, a ligação é transferida para o médico regulador que realiza uma rápida triagem e determina o recurso necessário a ser enviado para o atendimento in loco do paciente. Diante do exposto a presente pesquisa tem como objetivo verificar a associação das variáveis demográficas e do atendimento com a ocorrência de quedas em idosos vítimas de acidentes e violência atendidos pelo SAMU 192. Desenvolvimento: Trata-se pesquisa transversal com coleta de dados retrospectiva do Sistema de Regulação Médica do SAMU 192, do estado do Espírito Santo, com amostra de conveniência de 6.174 idosos vítimas de acidentes e violência atendidos pelo SAMU 192/ES entre 2020 a 2021. Foram considerados os seguintes dados: ciclo de vida, sexo e município de ocorrência. Quanto ao atendimento, foi considerado: período da semana, turno da solicitação, origem do chamado, gravidade presumida, tipo de recurso enviado, tipo da queda (da própria altura, de altura menor que seis metros ou maior que seis metros) e destino (sim ou não), local do encaminhamento (PA/UPA, hospital). Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial, sendo utilizado neste último o teste do Chi-quadrado de Pearson. Foi calculado, para as variáveis que se demonstraram estatisticamente significantes, o resíduo ajustado do Chi-quadrado, com valores acima de 1,96. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da EMESCAM sob o parecer 4.308.858. Resultados: A prevalência de queda foi de 88,1% sendo a maioria idosos entre 60 e 79 anos (64,8%), sexo feminino (50,1%), o município com mais chamados foi Vila Velha (23,3%). A maioria dos casos ocorreu durante a semana (70,8%), no turno vespertino (39,9%), origem do chamado domiciliar (75,5%), com envio da USB (88,4%); gravidade presumida amarela (77,5%). A ocorrência de queda mais frequente foi a queda da própria altura (79%). Quanto ao destino, 80,4% foram transportados para um serviço de saúde, sendo 73,1% para hospitais públicos. Quando realizado o teste de chi-quadrado verificou-se como fatores associados (p<0,001) a queda considerando as características demográficas a idade igual ou maior de 80 anos, ser do sexo feminino. E considerando as características do atendimento para a ocorrência de queda foram associadas o período de atendimento de madrugada (p= 0,046), a origem do chamado domicílio (p<0,001), com destaque para gravidade presumida amarelo e verde (p<0,001), transferência para serviço PA/UPA (p<0,001), transferência para serviço de saúde e tipo de destino filantrópico e privado (p<0,001). Quanto ao tipo de queda os achados deste estudo corroboram com os dados na literatura. Entre as causas de queda da população idosa, tem-se as alterações fisiológicas do envelhecimento como a redução da acuidade visual, perda auditiva, distúrbios vestibulares, que levam à diminuição da estabilidade postural e aumento do tempo de reação em situações de perigo. Uma das portas de entrada para a atenção da população idosa vítima de quedas é o SAMU 192/ES. Portanto o atendimento do SAMU 192 é de suma importância a medida que ao fornecer os primeiros socorros pode determinar o melhor prognóstico da vítima, além de reduzir o tempo de internação, gerando um aumento de giro de leitos, diminuição de sequelas e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida do idoso. Considerações finais: Concluímos que a prevalência de queda em idosos foi de 88,1%, tendo com destaque a queda da própria alta 79% seguida de queda de altura menor que seis metros 20.5%. Ao comparar a queda com outros traumas em idosos se destaca a queda em idosos longevos, do sexo feminino, de origem domiciliar, esses resultados corroboram com os achados na literatura. Por fim, concluímos que é fundamental o contínuo debate sobre o tema deste estudo, pois a prevalência de queda em idosos vítimas de acidentes e violência são elevados e precisam de políticas públicas que colaborem com prevenção para reduzir esses dados.
Apoio financeiro: EDITAL N°01/2023 BOLSA PRODUTIVIDADE PESQUISADOR(A) EMESCAM; EDITAL FAPES nº 04/2022- PROGRAMA DE APOIO AOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO CAPIXABAS EMERGENTES – PROAPEM