Apresentação: A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) foi implementada em 2014 no Brasil, com objetivo de garantir que as ações do Sistema Único de Saúde abrangesse a população privada de liberdade, assim como seus familiares, de forma que os serviços de saúde prisional fossem considerados como ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde. No entanto, diante dos inúmeros desafios da efetivação da política, destaca-se a composição das equipes de saúde para atuar no sistema prisional, apresentando-se assim como um aspecto relevante para a formação em saúde. Neste sentido, relata-se aqui a experiência de docentes do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Santa Catarina, que elaboraram uma disciplina de saúde prisional, cujo objetivo foi desenvolver estratégias e ferramentas de ensino-aprendizagem sobre saúde prisional, na perspectiva da saúde coletiva, para o curso de graduação em farmácia. Desenvolvimento: Trata-se de uma disciplina optativa em que foi operacionalizada por meio de práticas pedagógicas associadas ao uso de metodologias ativas, como aprendizagem baseada em problemas, aulas dialogadas, rodas de conversa, jogos educacionais, dramatizações e ambiente virtual de ensino e aprendizagem. Os temas desenvolvidos buscaram contextualizar a realidade do sistema carcerário, apresentando conteúdos como o contexto teórico do sistema prisional, acolhimento e promoção da saúde no cárcere, saúde do trabalhador, dentre outros que contemplam a atenção à saúde de pessoas em contexto de privação de liberdade e seus familiares. Resultados: Os efeitos percebidos pela experiência de ensino-aprendizagem utilizada na disciplina são identificados a cada semestre de acordo com a alta procura dos discentes no período da matrícula, além disso, os resultados têm apontado para a promoção do processo de aprendizagem significativo e contextualizado no desenvolvimento de competências para prevenção de doenças e agravos, promoção e assistência à saúde da população envolvida na situação do cárcere. Identificou-se, por meio da avaliação do processo formativo, o desenvolvimento da análise crítica acerca dos problemas assistenciais, éticos e de gestão vivenciados no sistema prisional, com ênfase ao direito à saúde. Considerações Finais: Conclui-se que a experiência formativa proporcionada na educação superior ofertou subsídios teórico-práticos para a qualificação da atenção à saúde voltada aos principais desafios encontrados pela efetivação da PNAISP, além de contemplar as reais necessidades em saúde dos estabelecimentos prisionais. O formato dialógico e criativo contribuiu para a compreensão dos conteúdos na perspectiva teórico-prática, o que resultou em manifestações dos discentes sobre a aprendizagem de forma lúdica e pedagógica. Neste sentido, salienta-se como potencialidade da experiência o papel da universidade pública em formar profissionais críticos e comprometidos com as reais necessidades em saúde da população brasileira, sobretudo, engajados como uma postura técnica, ética e política capaz de defender a vida e o direito à saúde no contexto do cárcere.