O desenvolvimento atípico se dá quando há atrasos físico e/ou mental no desenvolvimento da criança em relação ao que é esperado de sua faixa etária. Diante da comunicação de um diagnóstico dessa condição – que deve ser feito de forma cuidadosa e humanizada pelos profissionais da área da saúde –, a família se percebe diante de diversos desafios: aceitar, adaptar-se e construir estratégias para lidar com a nova realidade. Dessa forma, o grupo de apoio interprofissional se mostra como um grande aliado no que tange ao cuidado e ao suporte de familiares de crianças/adolescentes com desenvolvimento atípico e à promoção de saúde física e psíquica. Através do presente trabalho, utilizando-se da metodologia de relato de experiência associado à revisão bibliográfica, tem-se como objetivo oportunizar uma reflexão sobre situações em comum a famílias que encontram diversos desafios ligados a esta condição, bem como a importância de integrar um grupo de apoio que visa promover o bem-estar físico/mental. Na gestação, criam-se expectativas acerca de um filho idealizado – que, geralmente, não corresponde em sua totalidade ao filho real. Assim, o papel do profissional da Psicologia frente a um grupo de apoio é de facilitador da escuta ativa qualificada e de acolhimento, auxiliando na elaboração do luto pelo filho idealizado, desafios e sofrimentos decorrentes da condição de desenvolvimento atípico. Nesse contexto, quando o filho real nasce os pais precisam lidar com a quebra de expectativas – o sofrimento pode se agravar especialmente quando há diagnóstico clínico. Observou-se que a maior parte do sofrimento expresso pelos pais participantes está ligada aos desafios e dificuldades que surgem ao ter um filho atípico. Essas dificuldades refletem diversas emoções complexas, como preocupação, incerteza, tristeza, culpa e até mesmo um sentimento de perda. Essa experiência também pode afetar a dinâmica do relacionamento familiar, suas perspectivas para o futuro e a forma como enfrentarão os obstáculos cotidianos com a criança. Portanto, é essencial fornecer suporte e recursos adequados para auxiliar essas famílias a enfrentar esses desafios, gerando um ambiente de aceitação, compreensão e afeto que favoreça um desenvolvimento saudável do filho. Uma das mais árduas tarefas iniciais da parentalidade é tratar da discrepância entre a maternidade idealizada e a real. Este foi, inclusive, um dos temas tratados nas práticas grupais, nos quais as mães tiveram a oportunidade de se emocionar ao compartilhar suas vivências, medos e frustrações, reconhecendo-se uma na outra através do “fenômeno do espelho” – no qual cada indivíduo se vê no outro através da identificação, gerando empatia e sentimentos de pertencimento. Conclui-se que o grupo de apoio se dá como um importante cuidado às crianças/adolescentes e suas famílias, em especial quando abrange profissionais de diversas áreas da saúde, como Psicologia, Fisioterapia e Odontologia. Ainda, observou-se a importância do manejo do diagnóstico ao comunicá-lo aos pais para evitar um período estressante resultante de crises internas. Portanto, alerta-se para a preparação dos profissionais da área da saúde para orientar, manejar e dar suporte quanto ao diagnóstico e os cuidados necessários, tendo como objetivo principal o bem-estar da família.