Introdução: embora o luto seja considerado uma resposta natural diante a uma perda, em alguns contextos esta circunstância pode desencadear um sofrimento agravado. A perspectiva hegemônica atual tende a patologizar e medicalizar o luto, um quadro que pode ter por consequência a iatrogenia. A Atenção Primária à Saúde (APS) tem um papel fundamental no cuidado ao luto no Brasil, ainda que existam muitos desafios presentes na prática da APS, esta se caracteriza como uma potencialidade para promover um cuidado integrado que contemple as complexidades do fenômeno a partir de uma abordagem psicossocial em detrimento da farmacológica. Objetivo: o objetivo geral deste estudo é analisar o cuidado à pessoa em luto na perspectiva de médicos/as e usuários vinculados aos serviços de Atenção Primária à Saúde em Florianópolis/SC. Método: trata-se de um estudo qualitativo a partir de entrevistas semi estruturadas com médicos(as) e usuários vinculados à APS do município de Florianópolis a respeito do cuidado ao luto nos serviços da Unidade Básica de Saúde. A seleção de participantes será realizada através de um método misto que incorpora a seleção direta baseada nos critérios de inclusão e exclusão e o método “bola de neve”. A análise dos dados será feita a partir da abordagem de análise de conteúdo. Resultados esperados: Estima-se que a partir deste trabalho será possível ampliar a compreensão a respeito das lacunas e potências existentes no cuidado ao luto na Atenção Primária à Saúde de Florianópolis. Espera-se mapear as práticas médicas vigentes na atenção básica em Florianópolis/SC voltadas ao cuidado da pessoa em luto, compreender os processos de trabalho nos serviços da APS e a influência que eles exercem no cuidado ao luto, analisar como a medicalização do luto ocorre na Atenção Primária à Saúde, revelar as dinâmicas da relação médico-usuário, e elucidar as percepções e experiências dos usuários em relação às intervenções médicas realizadas no contexto do luto.