O presente trabalho tem como escopo depreender a relação do transtorno da depressão com o sofrimento social, as expressões da questão social e a atuação da/do Assistente Social. A depressão tem sido abordada pelo modelo biomédico como doença/transtorno de cunho meramente biológico, encobrindo aspectos sociais e políticos dos sujeitos. Nesse sentido, busca-se despatologizar o transtorno, o que significa analisar a depressão para além de seus aspectos orgânicos/biológicos, pois o transtorno é um fenômeno multidimensional, expressão do sofrimento social na sociedade capitalista. Por meio de uma pesquisa bibliográfica em livros e artigos que contemplem o assunto proposto, busca-se compreender o transtorno da depressão e sua presença nos diferentes contextos sócio-históricos, especialmente sob o viés social tendo como base o método crítico-dialético, busca-se caracterizar os sofrimentos vivenciados pelas classes trabalhadoras e as dimensões encobertas por esses sofrimentos. A depressão esteve presente desde a Antiguidade e durante séculos obteve diversas possíveis explicações, desde fenômenos da natureza até castigos divinos. Na atualidade, a explicação hegemônica para o transtorno se refere à falta de um componente químico no cérebro e na forma de gatilhos que são disparados. Mas é na década de 1970, no contexto de uma nova crise do capital, que a palavra depressão se dissemina e a partir de então registra-se um crescente número de diagnósticos do transtorno ao ponto da depressão ser considerada o mal do século XXI. Com o aumento expressivo de diagnósticos de depressão, desenvolve-se a hipótese da relação entre esse transtorno e a sociedade capitalista tardia, pautada no consumo, na ideologia da felicidade e da produtividade. Busca-se compreender a dimensão social do transtorno, o que tangencia as relações de dominação, exploração, classe, raça e etnia em uma sociedade opressora que individualiza relações e causa adoecimentos em grande escala. Conclui-se que há necessidade do debate sobre a depressão como reforço do arcabouço teórico-metodológico do Serviço Social, diante da presença cada vez maior de usuários com depressão nos serviços, interligando ao fenômeno da medicalização da vida e com o mundo do trabalho e da produtividade. Conclui-se que é necessário aprofundar a relação entre aspectos específicos da saúde mental e a dimensão técnico-operativa, visto que essa dá visibilidade e expressa a apropriação da dimensão teórico-metodológica da profissão. A/o assistente social pode contribuir para identificar os possíveis tipos de sofrimento social presente na população, relacionando aos rebatimentos das expressões da questão social na vida dos sujeitos.