INTRODUÇÃO
As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são causadas por vírus, bactérias e outros microrganismos, transmitidas principalmente, por relação sexual sem uso de preservativo. Dentre as principais IST estão a sífilis, o HIV, e as hepatites B e C, que podem ser diagnosticadas por meio de testes rápidos (Brasil, c2024). Os testes rápidos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) permitem um diagnóstico em até 30 minutos, são de fácil realização e não é necessária uma estrutura laboratorial para leitura dos resultados, o que facilita o acesso dos usuários ao diagnóstico e tratamento das infecções (Brasil, 2022). O tratamento destas infecções é disponibilizado pelo SUS de maneira totalmente gratuita, e somente o diagnóstico e manejo adequado destas infecções pode possibilitar uma melhora na qualidade de vida, além de interromper a cadeia de transmissão (Brasil, c2024). O Ministério da Saúde (2006) traz a definição de educação em saúde como um processo educativo de construção de conhecimentos em saúde, visando à apropriação do tema pela população. A educação em saúde proporciona ao indivíduo um olhar crítico e reflexivo, evidenciando a realidade, permitindo assim, a autonomia e o empoderamento, fazendo com que o sujeito passe a ser capaz de propor ações e opinar sobre a própria saúde, assim como a de sua família e da comunidade em que está inserido (Machado et al., 2007). Jovens e adultos são um dos grupos que mais contribui para o aumento das estatísticas de IST (Greco et al., 2020). Desta maneira, percebe-se a importância de ações de testagem, mesmo em pessoas assintomáticas, assim como ações de educação em saúde neste grupo, para que a população possa evitar a contaminação e possíveis infecções possam ser tratadas, quebrando assim, a cadeia de transmissão.
OBJETIVO
Relatar a experiência de bolsistas e voluntárias de um programa de extensão, em uma ação de testes rápidos e educação em saúde, realizada na Universidade Federal de Santa Maria.
DESENVOLVIMENTO
O trabalho trata-se de um relato de experiência de uma ação de testagem e educação em saúde, realizada por acadêmicas de enfermagem, voluntárias e bolsistas, do Programa de Extensão “Ações de educação popular em saúde acerca do HIV/AIDS e doenças transmissíveis: enfoque na população chave e prioritária de Santa Maria/RS”, tendo como propósito descrever a atividade realizada, demonstrar a importância deste tipo de ação e também a relevância desta vivência para a formação acadêmica. A ação de testagem foi realizada em uma unidade de ensino da Universidade Federal de Santa Maria, desenvolvida pelo Programa de Extensão, em parceria com a Política de HIV/AIDS, IST e Hepatites Virais de Santa Maria e o Diretório Acadêmico, sendo que os testes oferecidos foram os de Hepatite B e C, sífilis e HIV. Além dos testes, foram disponibilizados preservativos internos e externos, lubrificantes, auto testes de HIV, materiais informativos sobre o que são as IST e sobre as Profilaxias de pré e pós-exposição ao HIV. O público alvo da ação foram os estudantes desta unidade de ensino, porém, no dia da ação participaram também docentes do centro e profissionais de serviços terceirizados. Durante a realização dos testes, os participantes puderam tirar diversas dúvidas sobre como funcionam os testes rápidos, se estes são efetivos e também sobre o tratamento das IST, pois muitos desconheciam a maneira como estas infecções são tratadas. Por se tratar de uma ação, os testes eram realizados em grupos, porém, o resultado era informado em uma sala à parte, para que a privacidade dos participantes fosse respeitada. Nesta ação foram realizados um total de 408 testes rápidos. No decorrer da ação, os participantes que optaram por retirar o auto teste para realizar em casa puderam ser orientados quanto à maneira correta de realizá- lo, além de ser um espaço para sanar dúvidas sobre como o HIV pode ser transmitido, podendo neste momento diminuir o estigma envolto a esta infecção, pois muitas pessoas ainda trazem consigo informações inverídicas sobre a transmissão da doença. A entrega de materiais de educação em saúde possibilitou um maior alcance de informações, já que alguns participantes retiraram estes materiais para compartilhar com pessoas que não puderam comparecer à ação. Um destes materiais tinha como temática informações sobre a Profilaxia de Pré Exposição (PrEP) ao HIV, assim como a Profilaxia de Pós Exposição (PEP) ao HIV, estando disponível no dia da ação a possibilidade de prescrição da PrEP e da PEP, assim como retirada de dúvidas sobre a função da medicação, quando e como usá-la, e serviços nos quais esta pode ser encontrada. Essas ações são de extrema importância para a população, além disso, também possuem grande valor na formação acadêmica dos discentes que participam da organização e efetivação da ação, pois permite entrar em contato com situações que ocorrem na prática profissional, as quais não seriam vivenciadas no ambiente acadêmico.
RESULTADOS
Foi possível perceber o interesse dos discentes, assim como de profissionais atuantes no centro, em realizar os testes rápidos e tirar dúvidas sobre as IST, haja vista a realização de 408 testes. Entretanto, nenhum dos presentes solicitou a prescrição das profilaxias, que podem contribuir para a não infecção pelo HIV. A forma como a ação foi conduzida, de maneira a chamar atenção de quem passava pelo local, com diversos materiais para distribuição, gerou curiosidade, o que fazia com que as pessoas que transitavam pelo local destinassem alguns minutos para realizar os testes e sanar dúvidas. Todo o material disponível foi distribuído para os participantes, além de terem sido solicitados preservativos que foram dispostos em caixas tanto nos banheiros masculinos como nos femininos do prédio, possibilitando a continuidade do cuidado mesmo após o fim da ação, e contemplando um outro aspecto presente na Mandala da Prevenção Combinada como estratégia de prevenção da infecção pelo HIV e outras IST.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Face ao exposto, percebe-se a importância de realizar ações de educação em saúde e testagem em lugares acessíveis para o público, além de populações chave e dos serviços de saúde, para que a comunidade acadêmica também tenha acesso aos mais diversos tipos de informações e serviços, visto que a maioria do público presente na universidade está nesse local nos horários de atendimento em unidades de atenção básica. A ação possibilitou às acadêmicas participantes, a vivência de organização e realização de uma ação de testagem, além de possibilitar conduzir diversas orientações em saúde, o que contribui para consolidar a experiência em futuras ações de testagem, assim como no exercício do discernimento para conduzir aconselhamentos e orientações, além do enriquecimento na formação acadêmica e profissional por meio do exercício das competências necessárias ao trabalho do enfermeiro.
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