A violência engloba inúmeros fatores que norteiam sua definição, no que diz respeito à gestão da saúde, uma das mais relevantes ferramentas tanto de enfrentamento da temática quanto de construção de políticas públicas é a Ficha de Notificação de Violências e Agravos, instrumento do Ministério da Saúde, de uso compulsório por parte dos profissionais da área.
Este estudo buscou analisar, através de Grupos Focais como é realizado o trabalho dentro da temática da violência, usando como foco as equipes de Estratégias de Saúde da Família, buscando por meio do trabalho de campo observar como os profissionais lidam no dia a dia com a temática da violência e seus desdobramentos e também o levantamento dos fatores que caracterizam as potenciais situações de violência que atravessam e impactam na promoção do cuidado integral de saúde dos usuários e dos servidores das Estratégias de Saúde da Família. A realização da pesquisa nos possibilitou o contato com a(s) diversidade(s) na realização dos atendimentos feitos pelas equipes de ESF do município pesquisado, mediante observação e coleta de depoimentos dos participantes a respeito das violências e dos diferentes fatores socioeconômicos que podem contribuir e potencializar a ocorrência dos agravos. Grande parte das equipes visitadas relatou que o tráfico de drogas é uma realidade na comunidade, assim como a criminalidade, o uso abusivo de álcool e outras drogas, vulnerabilidade social e falta de infraestrutura na periferia (rua sem calçamento, falta de água, difícil acesso ao transporte etc.). Os resultados da pesquisa apontam para a subnotificação de casos de violência e dilemas éticos em torno do preenchimento, fatos que prejudicam de forma substancial a produção do cuidado pelas equipes.
Portanto, vislumbra-se que as equipes de Estratégia de Saúde da Família necessitam de capacitação e compreensão sobre a intersetorialidade nas ações sobre violências.