REDE DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES DO MUNICÍPIO DE LONDRINA-PR: POTENCIALIDADES E DESAFIOS

  • Author
  • Josiane Nunes Maia
  • Co-authors
  • Marselle Nobre de Carvalho , Edyane Silva de Lima , Letícia nunes Maia Mendonça , Giovana Maria Mourinho Ferreira
  • Abstract
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    A violência contra as mulheres permanece em nosso meio, ora mantendo sua estrutura arcaica, ora ganhando novas formas. A rede de enfrentamento tem papel essencial na quebra desse silêncio coletivo e em dar visibilidade às relações que se estabelecem quando se depara com a violência sofrida pelas mulheres. O presente estudo teve como objetivo analisar a organização e funcionamento da Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica, Familiar e Sexual contra as Mulheres do Município de Londrina. Assim, trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e analítico. Foram utilizadas técnicas mistas de análise de dados: observação participante com registro de informações em diário de campo, análise documental, e entrevistas. Para a sistematização e análise os dados, empregou-se a análise de conteúdo proposta por Bardin. A primeira fase tratou da organização do material a ser analisado, foi realizada escuta e transcrição das gravações das entrevistas, leitura flutuante do corpus das atas, do diário de campo e das entrevistas que ocorreram no período de abril a maio de 2021 com membros da rede. Na fase de exploração do material, os textos foram recortados em unidades de contexto e unidades de registro. Estas unidades foram agrupadas de acordo com semelhanças de sentido e foram-lhes dados a unidade de conteúdo temática. Na sequência, as unidades de registro foram relidas, emergindo duas categorias empíricas: estratégias de articulação da rede de atendimento, e potencialidades e fragilidades da rede de enfrentamento. A terceira fase compreendeu o tratamento dos resultados, inferência e interpretação, retomando o objetivo da investigação que foi analisar a organização e funcionamento da rede. Os resultados apontam que entre os participantes da pesquisa as mulheres são a maioria, 27 (96,4%). Em relação aos cargos, são psicólogos (32,1%) e assistentes sociais (21,4%), expressão das relações de gênero, pois são profissões a muito delegadas às mulheres, por estarem relacionadas ao cuidado. A organização da rede iniciou em 1986, com a Delegacia da Mulher, em 1988 o Conselho Municipal de Direitos das Mulheres e em 1993 a Coordenadoria Especial da Mulher, seguido da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres em 2003. Atuar em equipe é um dos facilitadores da articulação na rede. A atuação coordenada e a forma como as reuniões são planejadas, conduzidas e os debates são as ferramentas que proporcionam o trabalho em equipe. A referência e contrarreferência são dificuldades na articulação da rede de atendimento. Os motivos da não realização dessas ações são: baixo número de profissionais, ausência de fluxo formal e excesso de demanda. A rede estruturada é uma potencialidade devido o município estar na vanguarda da organização e da implantação de políticas públicas e ter respaldo nas leis e decretos. A falta de participação e de comprometimento dos membros, traz fragilidade nos elos e nas articulações e se apresenta como um desafio para a rede. Entende-se que para a institucionalização desta rede é necessário o fortalecimento de suas potencialidades e superação dos desafios que se apresentam.

     

  • Keywords
  • mulheres, políticas públicas, violência contra a mulher, violência doméstica.
  • Subject Area
  • EIXO 3 – Gestão
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