Apresentação: Inúmeros estudos indicam que a degradação ambiental está ameaçando o bem-estar social. Assim, é crucial encarar as questões ambientais como uma preocupação de saúde coletiva, sobretudo na região amazônica, onde fauna e flora representam vida, alimento, remédio, cultura e força para seus habitantes. Com isso é de extrema importância que os profissionais de saúde estejam engajados nessa temática para desenvolver estratégias que reduzam esse risco. Percebe-se que o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) carrega em si uma potencialidade para ser um lugar estratégico para discutir esta temática devido à sua acessibilidade, capacidade de inclusão social, potencial educativo, integração comunitária e capacidade de implementação de programas. O propósito deste estudo foi criar um ambiente de reflexão sobre a interseção entre saúde e meio ambiente com um grupo de idosas atendidas por um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) em Belém do Pará. Desenvolvimento do Trabalho: O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma estrutura da política de assistência social que fornece os serviços de proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Entre suas atribuições está a prevenção de situações de vulnerabilidade e riscos sociais, buscando promover o bem-estar e a inclusão social das comunidades atendidas. O CRAS atua como o primeiro ponto de acesso aos serviços do SUAS. Entre os serviços oferecidos pelo CRAS estão o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), que é a principal atividade desenvolvida e envolve o acompanhamento social das famílias, e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que complementa o trabalho realizado pelo PAIF, visando fortalecer os laços familiares e comunitários. O trabalho social realizado pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do CRAS abrange crianças, adolescentes e idosos em situação de vulnerabilidade ou risco social, para fins deste trabalho específico, fizemos a intervenção no grupo de idosas com a participação de 23 mulheres com mais de 60 anos que aceitaram participar desta pesquisa. A discussão sobre meio ambiente com os idosos é mais do que apenas uma troca de informações, é uma oportunidade de reconhecer e valorizar sua experiência, cultivar uma maior conscientização ambiental e promover ações concretas para proteger nosso planeta para as gerações futuras. As ações foram realizadas em 03 encontros, onde foram abordadas diversas atividades que nos levaram a discussão da relação homem-saúde-natureza, dentre as quais as idosas elaboraram um pequeno diagnóstico ambiental dos dias atuais da sua região comparando com a realidade de quando eram crianças, posteriormente em uma roda de conversa discutiram sobre atitudes possíveis de colaborar com a preservação ambiental, indicando a importância dos recursos naturais para o bem estar do povo amazônida, destacando o açaí e a mandioca como essenciais para a alimentação do cidadão paraense, a andiroba com seu poder medicinal e os rios como fonte de alimento através dos peixes, água potável e locomoção, além de reivindicar por políticas públicas de proteção para nossas florestas. Resultados: A partir dos relatos obtidos durante as atividades, fica evidente que as participantes entenderam e até nos ensinaram sobre a importância do cuidado com o meio ambiente ao reconhecerem que o ser humano é responsável pela sua preservação e que este ato está intimamente ligado à sua própria sobrevivência e bem-estar, destacaram também a importância de escutarmos os mais velhos para a manutenção do meio ambiente e denunciaram que muitas vezes a população não é ouvida ou levada a sério pelos governantes na hora de formularem leis sobre o meio ambiente, pois segundo elas a população do campo, ribeirinha e os indígenas entendem muito mais do meio ambiente que os políticos e por conta dessa “não escuta” acontece tantos desastres ambientais. A análise sobre saúde coletiva na Amazônia, sob a perspectiva das idosas amazônidas, revelou uma interconexão crucial entre saúde e meio ambiente. As experiências compartilhadas pelas idosas destacaram os desafios enfrentados em uma região tão rica em biodiversidade, mas também vulnerável às mudanças ambientais. Suas narrativas evidenciaram não apenas as preocupações com a saúde física, como também os impactos psicossociais decorrentes da degradação ambiental. Além disso, as reflexões das idosas destacaram a importância da preservação ambiental não apenas para a saúde atual, mas também para as gerações futuras. Essas perspectivas enriquecem o debate sobre políticas de saúde e conservação ambiental na Amazônia, destacando a necessidade de abordagens integradas que considerem tanto os aspectos biomédicos quanto os socioculturais e ambientais para promover o bem-estar da população e a sustentabilidade da região. Considerações Finais: Ao refletirmos sobre saúde coletiva na Amazônia, a partir das perspectivas das idosas amazônidas, ressalta-se a complexidade e a urgência de ações integradas para abordar os desafios de saúde e meio ambiente na região. As vozes das idosas destacaram a interdependência entre saúde humana e saúde ambiental, sublinhando a necessidade de medidas preventivas e de conservação que considerem as realidades locais e os conhecimentos tradicionais. Além disso, as narrativas das idosas ressaltaram a importância de promover a participação das comunidades locais nas decisões relacionadas à saúde e ao meio ambiente, reconhecendo seus saberes e experiências como recursos valiosos. Portanto, as reverberações das idosas amazônidas oferecem insights significativos para informar políticas e práticas que visam melhorar a saúde coletiva e promover a sustentabilidade na Amazônia, reforçando a necessidade de uma abordagem holística e inclusiva que respeite e valorize as perspectivas locais e os direitos das comunidades, observou-se também que o local escolhido para a pesquisa, o CRAS em questão, desempenhou um papel crucial na promoção da saúde coletiva através das discussões sobre meio ambiente, pois sua acessibilidade proporcionou um ponto de acesso para uma ampla gama de pessoas, incluindo aquelas que podem ter dificuldades de acesso a outras fontes de informação sobre o tema, sensibilizou as idosas para promover práticas que melhorem a qualidade de vida de suas famílias e ao mesmo tempo criou um espaço para a integração comunitária, onde a comunidade pôde se unir, compartilhar ideias e colaborar em iniciativas que visavam a sustentabilidade local. Embora o trabalho tenha alcançado apenas um público específico, sugere-se que iniciativas semelhantes sejam planejadas e implementadas a fim de promover mais espaços que oportunizem reflexões sobre a saúde coletiva e o meio ambiente.